Clamídia ameaça coalas e cientistas buscam novo tratamento

Pesquisadores podem ter descoberto uma nova forma de administrar antibióticos em marsupiais australianos infectados com a doença.

Por Liz Langley
Publicado 20 de abr. de 2018, 12:25 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Coalas estão diminuindo na Austrália devido à perda de habitat e à invasão humana.
Foto de Doug Gimesy, National Geographic Creative

O icônico coala da Austrália tem um problema que continua a crescer.

A clamídia, um tipo de doença sexualmente transmissível também encontrada em humanos, atingiu duramente os coalas selvagens – a taxa de infecção de algumas populações é de 100%.

As bactérias infecciosas geralmente não são fatais, mas podem afetar severamente a saúde de um coala. Isso é uma preocupação, já que a União Internacional para Conservação da Natureza considera o mamífero vulnerável à extinção, principalmente devido à perda de habitat.

Coalas jovens na bolsa também não conseguem comer papa de sua mãe, uma "matéria fecal muito nutritiva e densa" que os pequenos comem após a amamentação, mas antes de começarem a comer folhas de eucalipto, diz ela. A papa permite que os micróbios do intestino do coala façam a digestão dos taninos tóxicos no eucalipto, a principal fonte de alimento da espécie.

Por mais de duas décadas, cientistas levaram coalas para hospitais de animais selvagens para tratar a clamídia com antibióticos. A desvantagem é que os antibióticos podem estar alterando os micróbios intestinais que permitem que os coalas comam eucalipto, observa Katherine Dahlhausen, aluna de doutorado da Universidade da Califórnia em Davis.

Marsupial australiano considerado extinto é redescoberto
Um pequeno mamífero peludo há muito tempo extinto em Nova Gales do Sul, Austrália, foi redescoberto. O mulgara-cauda-de-escova, um marsupial carnívoro, não era visto na área há mais de 100 anos. Sabe-se que ele ainda existe em outras partes centrais da Austrália.

É por isso que Dahlhausen conduziu um estudo recente investigando os microbiomas de coalas durante o tratamento com antibióticos. Ela descobriu que a presença de uma bactéria não identificada, intimamente relacionada a um conhecido degradador de taninos, a Lonepinella koalarum, um fator significativo para determinar se um coala sobrevive ao tratamento antibiótico.

Esta descoberta pode ajudá-la a descobrir como manter o micróbio protetor vivo no coala durante a aplicação de antibióticos.

Além disso, vários tratamentos alternativos são possíveis, observa Dahlhausen. Entre eles, uma abordagem não antibiótica, adicionando probióticos ao tratamento para restaurar as bactérias saudáveis, transplantes fecais – nos quais as fezes de um doador saudável são transplantadas para restaurar boas bactérias – e uma vacina de clamídia, específica para o coala, que se desenvolveu bem em experimentos clínicos.

Estressado

Tratamentos alternativos são especialmente importantes, pois o manejo de coalas selvagens infectados pode estressar os animais que já estão com a saúde precária.

"Toda vez que você lida com um animal selvagem, uma certa quantidade de estresse diminuirá sua função imunológica", diz Dalen Agnew, professor associado do Departamento de Patobiologia e Investigação Diagnóstica da Universidade do Estado de Michigan.

Os coalas também precisam lidar cada vez mais com um ambiente natural pouco confiável, como a seca provocada pelas mudanças climáticas e a construção de rodovias, que os expulsam das árvores e os deixam na frente de carros e predadores.

Menos espaço útil pode colocar os coalas em grupos menores e mais isolados, dificultando a busca por alimentos e parceiros saudáveis e geneticamente diferentes.

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