Sonhando com dragões? Veja onde eles realmente vivem

É possível encontrar os dragões-de-komodo nas florestas indonésias – ou apenas visitar um zoológico.

Por Jason Bittel
Publicado 13 de jul. de 2020, 17:00 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 01:56 BRT
Podendo chegar a três metros de comprimento e mais de 136 quilos, os dragões-de-komodo são os maiores ...

Podendo chegar a três metros de comprimento e mais de 136 quilos, os dragões-de-komodo são os maiores lagartos do mundo.

Foto de Stephen Belcher, Minden Pictures

DRAGÕES REALMENTE EXISTEM. Não, eles não cospem fogo. E você definitivamente não os verá voando por aí. Mas, com três metros de comprimento e mais de 136 quilos, os dragões-de-komodo são o mais próximo que chegamos das criaturas míticas que assombram nossos sonhos.

Embora sejam enormes carnívoros, esses animais também são bastante acessíveis. Para vê-los em seu habitat natural, você teria que viajar para uma das quatro ilhas da Indonésia. O que não é possível fazer é passear sozinho — porque a floresta está repleta de dragões-de-komodo.

Isso levou à criação de uma próspera indústria turística que pode levá-lo para ver esses gigantes carnívoros de perto. Mas os visitantes precisam adotar certas precauções importantes antes de entrar no Parque Nacional de Komodo. Para proteger o habitat dos dragões, menos de 5% do parque é aberto a turistas, e cada visitante deve estar acompanhado de um guia ou guarda florestal armado com um bastão de madeira de quase dois metros de comprimento.

“Eles usam isso para afastar o dragão se um deles se interessar demais por você”, diz Rob Pilley, herpetólogo e cineasta da vida selvagem.

“Geralmente usamos uma frase”, diz Tim Jessop, ecologista integrativo da Universidade Deakin, na Austrália. “Consideramos os dragões-de-komodo mortais, mas não perigosos.”

Jessop estuda os dragões-de-komodo há cerca de 20 anos, e o que ele quer dizer é que um desses gigantes certamente consegue derrubar uma pessoa adulta. Esses répteis conseguem abrir suas mandíbulas a quase 180 graus, seus dentes são lâminas planas como as de um grande tubarão-branco e eles podem sair rapidamente da vegetação rasteira para emboscar presas. Além disso, a saliva do dragão-de-komodo contém um veneno rudimentar que reduz a pressão arterial e aumenta o sangramento.

Mas, apesar de tudo, diversos fatores tornam a morte por um dragão-de-komodo altamente improvável.

Lagartos que gostam de relaxar

Os maiores lagartos do mundo são exotérmicos e isso significa que seus níveis de energia variam com o calor do dia. Mas mesmo recarregados após um banho de sol, sua energia deve ser cuidadosamente poupada para que possam buscar alimentos e acasalar. Acima de tudo, esses lagartos são propensos a relaxar.

Dragões-de-komodo lutam por domínio no Parque Nacional de Komodo, na Indonésia.

Foto de iStock, Getty Images

Em 2018, Rob Pilley estava no Parque Nacional de Komodo filmando um trecho do próximo documentário da PBS chamado Nature: Spy in the Wild 2 (“Natureza: espião selvagem 2”, em tradução livre). Era início de agosto e o auge da época de reprodução dos dragão-de-komodo. E isso significa que machos grandes, do tamanho de crocodilos, realizavam rituais de combate, que incluíam envolver as patas dianteiras no outro, se erguer no ar e desabar.

“No fim, o vencedor é aquele que esmaga o outro no chão”, diz Pilley.

“Esses dragões são estimulados pela testosterona. Eles procuram brigas. E estão muito bravos porque também estão famintos.”

Tudo isso possibilita ótimas imagens, é claro. Mas enquanto Pilley e sua equipe prestavam atenção aos dragões enquadrados na câmera, eles ficaram vulneráveis a outros dragões à espreita na vegetação. E é aí que os guardas florestais e seus bastões entram em ação.

“Você literalmente precisa ter olhos na parte de trás da cabeça porque os dragões-de-komodo saem dos arbustos”, diz Pilley. “Várias vezes estávamos lá sentados, filmando esses animais, e outro macho aparecia de repente atrás de nós e os guardas diziam, 'Levante-se, levante-se, levante-se!'”

De acordo com Pilley, nunca se deve correr de um dragão-de-komodo. Por quê? Porque é isso que as presas fazem, como veados e porcos. E você não quer que um dragão-de-komodo o confunda com uma presa. Felizmente, com um guia especializado ao seu lado, a visita aos dragões-de-komodo pode ser feita com segurança, e normalmente não são registrados incidentes com turistas.

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    Contudo o gado pertencente à população local geralmente não tem a mesma sorte. E isso pode trazer desafetos entre as pessoas e os dragões-de-komodo, assim como leões na África ou tigres na Índia. Mas Achmad Ariefiandy está trabalhando para mudar a situação.

    Ariefiandy é ecologista em uma organização sem fins lucrativos da Indonésia chamada Komodo Survival Program. A cada temporada em campo, ele e sua equipe implantam microchips no maior número possível de dragões-de-komodo, fornecendo alguns dos primeiros dados já coletados sobre o dia a dia desses lagartos. O programa também trabalha para educar os moradores locais sobre o valor de compartilhar seu habitat com os dragões-de-komodo e como melhores práticas de pastoreio podem ajudar a reduzir as perdas causadas pelos principais predadores das ilhas.

    Esses animais existem apenas na Indonésia, diz Ariefiandy. E já estão listados como vulneráveis à extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza.

    “Se esses animais forem extintos, as pessoas nunca mais poderão vê-los”, afirma Ariefiandy. “Então, precisamos protegê-los.”

    Um dragão-de-komodo toma seu banho de sol no Parque Nacional de Komodo. Esses raros répteis são exotérmicos. Isso significa que seus níveis de energia mudam de acordo com a temperatura corporal.

    Foto de Stefano Unterthiner, National Geographic Image Collection

    Atualmente, o Parque Nacional de Komodo está fechado aos visitantes por conta da pandemia da covid-19. Mas isso pode acabar sendo bom para os dragões. Em julho de 2019, as autoridades planejavam fechar o parque nacional durante todo o ano seguinte, alegando que a presença de tantos visitantes começou a impactar os hábitos de reprodução e alimentação dos animais. No entanto essa decisão foi revogada em setembro e o parque permaneceu aberto até a Indonésia começar a limitar as viagens internacionais na tentativa de conter a propagação do novo coronavírus. No fim das contas, parece que os dragões-de-komodo tiveram uma trégua.

    Há outros animais no mundo que reivindicam o nome de dragão — dragões-barbudos, dragões-d’água-chineses e outros répteis aquáticos de aparência sobrenatural. Há também as libélulas (ou dragões voadores), lacraias-dragão cor-de-rosa, pequenos répteis planadores conhecidos como dragões voadores, peixes-dragão-negros que habitam as profundezas do mar e cobras-dragão com escamas pontudas. Mas de todos os animais deste planeta que foram batizados em homenagem a répteis míticos, nada se compara ao dragão-de-komodo.

    Línguas bifurcadas de 30 centímetros. Baba venenosa. Escamas que se parecem uma armadura medieval.

    “Eles são realmente uma espécie de herói das trevas nesta pequena parte do mundo”, diz Jessop.

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