Dia Mundial dos Elefantes: 6 fatos sobre os maiores mamíferos terrestres

Além do tamanho, elefantes também se destacam pela inteligência e pela maneira única como demonstram afeto.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 12 de ago. de 2022, 13:02 BRT
Existem três espécies de elefantes que ocorrem em grande parte do continente africano e no sudeste ...

Existem três espécies de elefantes que ocorrem em grande parte do continente africano e no sudeste asiático.

Foto de Santuário de Elefantes do Brasil

O elefante, animal característico por possuir uma tromba comprida e um enorme par presas, é o maior animal terrestre do mundo. Essas e outras características únicas garantem a ele uma data exclusiva – o Dia Mundial dos Elefantes, celebrado em 12 de agosto –, estabelecida para conscientizar sobre a conservação de todas as espécies de elefantes e obter apoio para a proteção das manadas. 

A data existe desde 2012 e foi criada pela Fundação Elephant Reintroduction, da Tailândia, em conjunto com a cineasta canadense Patrícia Sims, diretora do documentário When Elephants Were Young (Quando os elefantes eram jovens, em tradução livre). Ela também é presidente da sociedade World Elephant Society, uma organização pública de caridade criada para apoiar a campanha anual do Dia Mundial do Elefante. 

Segundo Daniel Moura, biólogo e diretor do Santuário de Elefantes Brasil (SEB), primeiro projeto da organização sem fins lucrativos Global Sanctuary for Elephants (GSE) na América Latina, a data é importante para chamar atenção para os impactos que esses animais sofrem, principalmente por conta da ação humana. “Eles foram e são muito explorados para interesses humanos, desde atrações de circo a artigos de luxo”, disse Moura, que conversou com a National Geographic para elencar seis fatos curiosos sobre os elefantes. 

1- Quanto mede um elefante? E quanto pesa?

Há três espécies reconhecidas de elefante, que variam de tamanho e peso: os elefantes africanos da savana (Loxodonta africana); os elefantes africanos da floresta (Loxodonta cyclotis); e os elefantes-asiáticos (Elephas maximus). 

O elefante-asiático pode atingir entre 5 e 6,5 metros de comprimento, até 3 metros de altura e pesar de 2 a 5 toneladas. Já o elefante africano da savana pode medir até 9 metros da tromba até o rabo, pesar mais de 6 toneladas e chegar a até 4 metros de altura. Um pouco menor que seu primo, o elefante africano da floresta pesa em torno de 2,7 toneladas e chega até 2,5 metros de altura.

Além das dimensões, outra diferença entre os elefantes africanos e os asiáticos é, como os nomes indicam, a área em que ocorrem. Moura afirma que as duas espécies africanas habitam regiões em cerca de 30 países da África. Enquanto os asiáticos vivem na Índia e no Sudeste Asiático, incluindo Sumatra e Borneo. 

Além do tamanho, as espécies também são visivelmente diferentes. O elefante-africano tem a pele mais acinzentada, orelhas e presas grandes, e os asiáticos são cobertos por uma camada de pêlo marrom avermelhado e suas orelhas são muito menores. Em relação às presas, segundo Moura, apenas os machos dos elefantes asiáticos as desenvolvem. 

2- Elefantes vivem em uma sociedade matriarcal

“Os elefantes são animais muito sociais. Eles precisam de socialização para a saúde e bem-estar, é imprescindível para eles”, afirma Daniel Moura. As fêmeas são as líderes, e os machos deixam as manadas quando atingem a puberdade, com cerca de 13 anos, para viver uma vida na maior parte solitária.

Moura conta que as elefantas passam toda a vida em grandes grupos. Uma manada pode ser formada por de oito a 100 indivíduos e costumam ser lideradas pela fêmea mais velha e mais sábia da família. 

“Nós observamos que elas têm uma relação de irmãs, tias, amigas – fazendo um paralelo com relações humanas”, explica Moura. “E quando encontram outras conhecidas é evidente nos sons que emitem, nos gestos, no toque entre elas."

As elefantas Maia e Rana

As elefantas Maia e Rana caminham juntas no recinto do Santuário de Elefantes Brasil, onde são residentes.

Foto de Santuário de Elefantes do Brasil

O Santuário de Elefantes Brasil conta com sete elefantas-asiáticas. Segundo Moura, apesar desse grupo não ser tão grande quanto na natureza, é possível observar uma forma de amizade familiar entre os animais. “Das elefantas que abrigamos, temos três especiais, que são a Maia, a Rana e a Bambi. São ‘três senhoras’ por volta dos 50, 60 anos, que se adoram, mas antes de se encontrarem no santuário nunca tinham vivido juntas.”

No caso das “comadres”, como conta Moura, elas apresentavam problemas por conta do isolamento e do manejo inadequado quando chegaram ao santuário. “Foram de problemas comportamentais graves à serem inseparáveis", diz ele. "Hoje conseguimos perceber elas se comunicando e como ficam felizes quando encontram a companheira que estava do outro lado do recinto pelo movimento das orelhas e pelos sons que emitem.”

3- Como é a reprodução dos elefantes

Nos elefantes, tanto os machos quanto as fêmeas amadurecem sexualmente por volta dos nove anos de idade. Mas geralmente só iniciam a atividade sexual entre 14 e 15 anos.

Uma elefanta pode ter entre dois e quatro filhotes durante toda sua vida. A mãe e todas as outras fêmeas da manada, inclusive tias, avós e irmãs, ajudam a criar o bebê. “Apesar da relação entre machos e fêmeas ser diferente na idade adulta, com filhotes não tem essa distinção de gênero", explica Moura. "São laços muito fortes pelo menos até ele chegar à puberdade."

O tempo de gestação de uma elefanta é de 22 meses – a mais longa gravidez entre os mamíferos. E o filhote nasce com 90 a 113 quilos, conseguindo ficar de pé logo depois de ser parido. 

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4- “Memória de elefante”: o maior cérebro entre os terrestres

Moura conta que a expressão “memória de elefante” não é à toa. Os elefantes são animais muito inteligentes, têm uma ótima capacidade de memória, conseguindo reter lembranças por muitos anos. “Eles se lembram de indivíduos, sejam da mesma espécie ou cuidadores, que conheceram há anos e ficaram muito tempo sem ver”, afirma Moura. “Podemos perceber isso pelo comportamento deles na presença de um indivíduo que não era visto há muito tempo.”

Os elefantes têm o maior cérebro de todos os animais terrestres – de três a quatro vezes maior do que o dos humanos –, apesar de ser menor proporcionalmente a seu peso corporal. Além de reconhecer “amigos”, a memória dos elefantes ajuda as matriarcas durante as estações secas, quando precisam guiar suas manadas para locais com água, algumas vezes por dezenas de quilômetros.

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    “Os elefantes demonstram tristeza, alegria, compaixão e até mesmo luto por meio de diversas linguagens corporais”

    por Daniel Moura
    Biólogo e diretor do Santuário de Elefantes Brasil

    Outra característica da inteligência dos elefantes, segundo Moura, é sua empatia. “Elefantes são animais altamente sensíveis e carinhosos. Se um filhote de elefante se queixa de alguma coisa, a família inteira vai para perto dele para tocá-lo e acariciá-lo", diz ele. "Os elefantes demonstram tristeza, alegria, compaixão e até mesmo luto por meio de diversas linguagens corporais.”

    Moura lembra quando uma das elefantas residentes do santuário, chamada Guida, faleceu em 2016. “Ela viveu por mais de 40 anos com outra elefanta, a Maia. E a Maia teve um processo de luto em que notamos uma mudança de comportamento, um auto-isolamento", conta Moura. "Foram cerca de dois meses até ela voltar a ser a Maia de novo e a permitir a aproximação de outros elefantes."

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      As elefantas Maia e Guida (falecida em 2016).

      As elefantas Maia e Guida (falecida em 2016).

      Foto de Santuário de Elefantes do Brasil

      5- As presas de marfim dos elefantes podem estar desaparecendo

      As presas de marfim são dentes – o equivalente ao incisivo em outros mamíferos – que cresceram demais. No dia a dia, elefantes usam suas presas para procurar água ou minerais no solo, descascar árvores para obter alimentos ricos em fibra e competir, no caso dos machos, pelas fêmeas. 

      Mas a caça desses animais para a venda do marfim pode estar influenciando no desaparecimento dessa característica. É o que mostra um estudo de 2021 publicado na revista Science e que analisou manadas de elefantes no Parque Nacional de Gorongosa, em Moçambique. 

      De acordo com a publicação, os sobreviventes de um período de caça intensiva entre 1970 e meados de 1990, que matou cerca de 90% desses animais, chegaram a idades avançadas sem desenvolver presas. A análise mostra que 200 fêmeas adultas conhecidas, 51% das sobreviventes (e animais de mais de 25 anos) – não possuíam presas. Além disso, 32% das fêmeas nascidas desde esse período também não desenvolveram essa característica. Normalmente, a falta de presas ocorre em apenas 2% a 4% de fêmeas de elefantes africanos.

      Outro estudo mostrou que essa tendência também foi identificada em outros países com histórico de caça de marfim. Na África do Sul, quase 98% das 174 fêmeas do Parque Nacional de Elefantes Addo não possuíam presas no início dos anos 2000.

      A caça também fez com que as presas diminuíssem de tamanho. Ainda segundo a reportagem, um estudo de 2015 conduzido pela Universidade de Duke e o Kenya Wildlife Service identificou que elefantes machos nascidos após 1995 tinham as presas 21% menores do que os elefantes nascidos nos anos 60, e 27% menores do que as fêmeas desse período.

      Happy, uma elefante do Zoológico do Bronx

      6- Elefantes estão gravemente ameaçados de extinção

      Estima-se que existam cerca de 415 mil elefantes africanos e entre entre 48 e 50 mil asiáticos na natureza – há 100 anos, eram 10 milhões na África e 100 mil na Ásia.  A União Internacional pela Conservação da Natureza classifica os elefantes-africanos-de-floresta como criticamente ameaçados, e os africanos de savana e asiáticos como ameaçados. Nas últimas gerações, fatores como a perda de habitat e a caça ilegal vêm diminuindo drasticamente suas populações. “É estimado que a população tenha caído pelo menos 50% nos últimos 70 anos”, afirma Moura, diretor do santuário. 

      Segundo informa a World Elephant Society, a escalada da caça furtiva, perda de habitat e maus-tratos em cativeiro são as ameaças que mais impactam os elefantes africanos e asiáticos. O Santuário dos Elefantes coloca a caça ilegal como a principal causa do declínio do número de indivíduos nos últimos anos. 

      De acordo com o diretor da instituição, a caça furtiva de elefantes acontece devido à crescente demanda por marfim, particularmente nas economias da Ásia. A China era amplamente considerada o maior consumidor de marfim, legal e ilegal, do mundo, mas, desde 2018, o país conta com uma lei que proibiu o comércio interno do país, que até então era legal e regulamentado. 

      Daniel Moura inclui entre as ameaças a caça por troféus – indivíduos que viajam para a África para matar um dos cinco grandes (leão, leopardo, rinoceronte, elefante e búfalo) “por dinheiro ou status”, diz ele. E vale ressaltar ainda a exploração dos animais para turismo. “Particularmente nos países asiáticos", diz Moura, "que contam com populações de elefantes livres, estes animais são domados, maltratados e mantidos em cativeiro para fins de turismo."

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