Lince-do-Canadá com pelagem preta é registrado pela primeira vez
O lince de pelagem preta teria uma condição genética chamada melanismo, que já foi observada em cerca de um terço dos felinos, mas nunca antes registrado nesta espécie.
Um lince-do-Canadá geralmente tem pelagem marrom-avermelhadas no verão, que muda para prateada ou cinzenta no inverno. Aqui, observa-se o lince com melanismo.
Pela primeira vez, os cientistas registraram um lince-do-Canadá totalmente preto. No final de agosto de 2020, uma mulher que mora nos arredores de Whitehorse, em Yukon, no Canadá, capturou com a câmera de seu telefone a estranha criatura vagando pelo quintal.
O vídeo foi exposto recentemente em um estudo publicado este mês na revista Mammalia. De acordo com o artigo, o gato tem uma condição chamada melanismo, uma mutação genética que provoca níveis anormais de melanina na pele e no pelo do animal.
Esta condição já tinha sido observada em cerca de um terço de todas as espécies de gatos, mas este é o primeiro avistamento em linces-do-Canadá. O melanismo foi registrado em linces pardos – um parente próximo – na Flórida (EUA) e em alguns outros lugares, diz Darcy Doran-Myers, atualmente bióloga do Instituto de Pesquisa de Peixes e Vida Selvagem da Flórida, que fez pesquisas sobre linces.
Os linces-do-Canadá são tipicamente de cor marrom-avermelhada no verão, e na transição do outono ao inverno, sua pelagem fica prateada ou cinzenta. Esta característica permite que os animais permaneçam camuflados nos bosques do norte para caçar animais como lebres-americanas, sua principal presa.
Segundo Stan Boutin, ecologista da Universidade de Alberta, no Canadá, os pesquisadores suspeitam que o melanismo seja uma má adaptação, ou inútil no caso do lince-do-Canadá. Isto porque seria mais difícil para eles se camuflarem na neve, onde passam grande parte de suas vidas caçando.
No entanto, este indivíduo parecia ser um adulto saudável, a julgar pelo vídeo, que pode ser visto no Youtube. “Ser preto é certamente uma desvantagem no inverno, então esse lince se saiu muito bem”, acrescenta Doran-Myers.
Felinos pretos são raros ou comuns?
Os pesquisadores ainda não sabem a mutação exata que causa o melanismo nos linces-do-Canadá (Lynx canadensis). Em outras espécies, há uma variedade de mecanismos genéticos que estimulam o excesso de melanina.
Em alguns felinos, como onças, a condição não é incomum – a pesquisa mostra que cerca de 10% desses grandes felinos são melanísticos e, em áreas com florestas densas, essa porcentagem pode chegar a 30% ou mais. “É normalmente considerado mais comum em ambientes onde não contrastam. Uma onça melanística ainda se mistura a uma selva sombria”, explica Doran-Myers, em um e-mail.
A condição também é comum em leopardos e alguns outros gatos selvagens. No século passado, também se observaram cerca de 20 linces-pardos melanísticos.
Embora o termo “pantera negra” seja popularmente usado, muitas vezes em relação ao personagem da Marvel Comics, o termo é uma expressão abrangente que se refere a qualquer grande felino com pelagem preta. No entanto, não foi visto nenhum puma ou onça parda melanístico – às vezes chamados de panteras.
É interessante considerar a possibilidade de que, com menos neve devido às mudanças climáticas e, portanto, ambientes mais escuros em seu habitat canadense, um lince de cor preta tenha mais chances de sobreviver.
Mas, a menos que apareçam mais indivíduos melanísticos, isso não é mais que uma interessante linha de especulação, conclui Doran-Myers.