Lince-do-Canadá com pelagem preta é registrado pela primeira vez

O lince de pelagem preta teria uma condição genética chamada melanismo, que já foi observada em cerca de um terço dos felinos, mas nunca antes registrado nesta espécie.

Por Douglas Main
Publicado 2 de jan. de 2023, 08:00 BRT
Um lince-do-Canadá geralmente tem pelagem marrom-avermelhadas no verão, que muda para prateada ou cinzenta no inverno. ...

Um lince-do-Canadá geralmente tem pelagem marrom-avermelhadas no verão, que muda para prateada ou cinzenta no inverno. Aqui, observa-se o lince com melanismo.

Foto de Joël Sartore National Geographic Photo Ark

Pela primeira vez, os cientistas registraram um lince-do-Canadá totalmente preto. No final de agosto de 2020, uma mulher que mora nos arredores de Whitehorse, em Yukon, no Canadá, capturou com a câmera de seu telefone a estranha criatura vagando pelo quintal.

O vídeo foi exposto recentemente em um estudo publicado este mês na revista Mammalia. De acordo com o artigo, o gato tem uma condição chamada melanismo, uma mutação genética que provoca níveis anormais de melanina na pele e no pelo do animal.

Esta condição já tinha sido observada em cerca de um terço de todas as espécies de gatos, mas este é o primeiro avistamento em linces-do-Canadá. O melanismo foi registrado em linces pardos – um parente próximo – na Flórida (EUA) e em alguns outros lugares, diz Darcy Doran-Myers, atualmente bióloga do Instituto de Pesquisa de Peixes e Vida Selvagem da Flórida, que fez pesquisas sobre linces.

Os linces-do-Canadá são tipicamente de cor marrom-avermelhada no verão, e na transição do outono ao inverno, sua pelagem fica prateada ou cinzenta. Esta característica permite que os animais permaneçam camuflados nos bosques do norte para caçar animais como lebres-americanas, sua principal presa. 

Segundo Stan Boutin, ecologista da Universidade de Alberta, no Canadá, os pesquisadores suspeitam que o melanismo seja uma má adaptação, ou inútil no caso do lince-do-Canadá. Isto porque seria mais difícil para eles se camuflarem na neve, onde passam grande parte de suas vidas caçando.

No entanto, este indivíduo parecia ser um adulto saudável, a julgar pelo vídeo, que pode ser visto no Youtube. “Ser preto é certamente uma desvantagem no inverno, então esse lince se saiu muito bem”, acrescenta Doran-Myers.

Felinos pretos são raros ou comuns?

Os pesquisadores ainda não sabem a mutação exata que causa o melanismo nos linces-do-Canadá (Lynx canadensis). Em outras espécies, há uma variedade de mecanismos genéticos que estimulam o excesso de melanina.

Em alguns felinos, como onças, a condição não é incomum – a pesquisa mostra que cerca de 10% desses grandes felinos são melanísticos e, em áreas com florestas densas, essa porcentagem pode chegar a 30% ou mais. “É normalmente considerado mais comum em ambientes onde não contrastam. Uma onça melanística ainda se mistura a uma selva sombria”, explica Doran-Myers, em um e-mail.

A condição também é comum em leopardos e alguns outros gatos selvagens. No século passado, também se observaram cerca de 20 linces-pardos melanísticos. 

Embora o termo “pantera negra” seja popularmente usado, muitas vezes em relação ao personagem da Marvel Comics, o termo é uma expressão abrangente que se refere a qualquer grande felino com pelagem preta. No entanto, não foi visto nenhum puma ou onça parda melanístico – às vezes chamados de panteras.

É interessante considerar a possibilidade de que, com menos neve devido às mudanças climáticas e, portanto, ambientes mais escuros em seu habitat canadense, um lince de cor preta tenha mais chances de sobreviver.

Mas, a menos que apareçam mais indivíduos melanísticos, isso não é mais que uma interessante linha de especulação, conclui Doran-Myers.

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