
Dia Mundial das Abelhas: as 3 curiosidades sobre as principais abelhas que produzem mel no Brasil
Uma colméia de abelhas uruçu-amarela (Melipona rufiventris), uma das espécies endêmicas do Brasil, e que produz um mel bastante valorizado no mercado.
As abelhas são tão essenciais para o equilíbrio da fauna, da flora e até da vida humana no mundo que têm seu próprio dia especial no calendário. Trata-se do Dia Mundial das Abelhas, celebrado anualmente em 20 de maio e uma efeméride apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Seu objetivo é “aumentar a conscientização sobre a importância dos polinizadores, as ameaças que enfrentam e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável”.
Além de garantirem a polinização das plantas, algumas têm ainda um “poder secreto especial”: são produtoras de mel e própolis, dois alimentos que costumam também ser consumidos pelos seres humanos há muitos séculos.
Para além da Apis mellifera – conhecida como abelha melífera ou abelha africana – que não é nativa do Brasil, apesar de ter sido introduzida por aqui – o país possui espécies endêmicas do nosso território, as quais trazem consigo nomes de origem indígena.
Elas também produzem mel e estão entre as mais de 400 espécies de abelhas brasileiras sem ferrão catalogadas, como informa um artigo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – instituição brasileira de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e ensino em saúde, vinculada ao Ministério da Saúde.
A seguir, aproveite a efeméride para saber mais sobre as abelhas melíferas existentes no Brasil no Dia Mundial das Abelhas.
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A foto mostra bem de perto as características da abelha Tiúba (Melipona fasciculata), em meliponário da Embrapa em Teresina, no Piauí.
1. Estas são as abelhas nativas brasileiras que produzem mel
Ainda que a Apis mellifera seja uma das abelhas produtoras de mel mais conhecidas do mundo e esteja bastante adaptada ao território brasileiro, sendo usada na apicultura do país, ela foi introduzida artificialmente no país.
Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), a Apis mellifera é nativa da Europa, África, Oriente Médio e Ásia ocidental e foi levada a outros continentes a partir do século 17. Atualmente, ela é encontrada em todo o mundo, inclusive nas Américas do Norte e do Sul, no Leste Asiático e na Austrália, acrescenta o Animal Diversity Web (ADW), um banco de dados de conservação online da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.
Já entre as principais espécies de abelhas melíferas realmente nativas do Brasil, se destacam as espécies Jataí (Tetragonisca angustula), Mandaçaia (Melipona quadrifasciata anthidioides), Uruçu (Melipona scutellaris) e Uruçu-amarela (Melipona rufiventris) – também conhecida como teúba ou tujuba, informa a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas, uma entidade sem fins lucrativos dedicada à conservação das abelhas e outros polinizadores.
Ainda integram a lista ainda a Tiúba (Melipona fasciculata) e a Jandaíra (Melipona subnitida), continua a fonte. Podem ser citadas também a abelha Tubuna (Scaptotrigona bipunctata, a abelha Borá (Tetragona clavipes) e a abelha Canudo (Scaptotrigona spp.), indica um artigo do jornal “O Estado de S. Paulo”, sobre os tipos de abelhas brasileiras.
“As abelhas brasileiras sem ferrão desempenham um papel crucial na polinização, contribuindo diretamente para a manutenção da biodiversidade e para a produção de alimentos”, informa a Fiocruz.

Na foto, um registro da abelha melífera (Apis mellifera) polinizando flores de amoreira. Ainda que esta espécie de inseto não seja endêmica do Brasil, ela foi introduzida no país e é responsável também por parte da produção de mel brasileira.
2. Com ferrão ou sem ferrão: as diferenças entre as abelhas melíferas existentes no Brasil
Ainda que uma espécie tenha ferrão e outras não, quando comparadas, as abelhas meliponas e as Apis melliferas têm bastante semelhança.
Por exemplo, ambas têm asas e pelos na parte superior do tórax. Entretanto, é possível distingui-las observando-as em detalhes. Em geral, a primeira diferença facilmente notável é o tamanho: as meliponas em geral costumam ter entre 8 e 12 milímetros de comprimento, sendo as operárias um pouco maiores que as abelhas rainhas desse gênero.
Já as operárias da Apis mellifera são menores – os adultos têm de 10 a 15 milímetros de comprimento e as rainhas de 18 a 20 milímetros de comprimento, como descreve o ADW. Mas a principal diferença física entre as duas é mesmo a questão do ferrão: as abelhas do gênero meliponini não têm um ferrão funcional.
Isso não significa, no entanto, que elas sejam inofensivas, pois para se defender, elas podem “morder” – o que quer que represente uma ameaça, explica um artigo da Agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Além disso, as fêmeas de Apis mellifera têm um ferrão com veneno.
As abelhas melíferas brasileiras e a Apis mellifera produzem mel, pólen, cera e própolis – mas somente a Apis produz a geleia real.
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O mel produzido pela Abelha tiúba, que não possui ferrão, em um meliponário localizado na Embrapa Meio-Norte, na cidade de Teresina, no Piauí.
Um favo do chamado mel de canola, que é produzido por Apis mellifera, em uma Imagem captada no Laboratório de Entomologia da Embrapa Trigo.
3. Como é o mel produzido pelas abelhas cultivadas em solo brasileiro
Quem pensa que todo o mel produzido pelas abelhas melíferas é parecido, se engana. Cada um tem uma composição físico-química diferente, como adianta um documento sobre este tipo de inseto produzido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), empresa pública brasileira de pesquisa, desenvolvimento e inovação na área da agricultura e pecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
“O mel das abelhas-sem-ferrão tem uma composição diferente do mel de Apis mellifera, o que lhe confere características de sabor, cor e odor diferenciados e que variam de acordo com a espécie de abelha criada e a florada da região", diz a Embrapa. Além disso, quanto menor o tamanho da abelha e do ninho, menor a produção de mel, afirma a mesma fonte.
O mel das abelhas-sem-ferrão “possui sabor diferenciado, mais ácido que o mel da Apis mellifera”. “No Brasil, os meliponíneos produzem entre 1 e 10 quilos de mel ao ano, dependendo da espécie e da região, enquanto que uma colônia de A. mellifera produz, em média, 15 quilos de mel/ano", continua a Embrapa.
Mas essa diferença na quantia produzida é compensada pelo valor de mercado do mel das abelhas-sem-ferrão, segue a fonte.
“Enquanto o mel de A. mellifera atinge um preço ao produtor de até R$ 7,00/kg, o mel de melipona tem seu valor variando entre R$20,00 e R$ 120,00/kg, sendo essa variação decorrente da espécie de abelha que o produziu o mel, da região onde está sendo comercializado, da apresentação do produto e da demanda de mercado", segundo estima a Embrapa.
