Elefantes também têm babás: quem cuida dos filhotes quando as fêmeas estão ocupadas?
Aproveite o Dia Mundial dos Elefantes para descobrir quem assume o papel de babá dentro da manada – uma tarefa importantíssima de proteção e educação dos filhotes quando a mãe está ocupada.

Uma elefanta cuida de dois filhotes que ficaram órfãos após a morte de suas mães.
O Dia Mundial dos Elefantes, data celebrada anualmente em 12 de agosto, e que chama a atenção para a proteção e as particularidades do comportamento deste animal, um dos que têm a vida social em grupo mais elaborada dentro da natureza. Uma prova disso é a existência de elefantes que atuam como babás na manada.
Em dezembro de 2023, um elefante africano de dez anos desapareceu de sua manada na Reserva Nacional de Samburu, no Quênia. Quando retornou, um mês depois, estava acompanhada por duas fêmeas não aparentadas, que se pensava terem cerca de 10 e 15 anos de idade; a mais jovem tinha um filhote recém-nascido a reboque.
O que aconteceu em seguida foi notável, de acordo com Giacomo D'Ammando, gerente de pesquisa da organização de conservação Save the Elephants, sediada no Quênia. “O elefante recém-retornado assumiu um papel de cuidador, ajudando a jovem mãe inexperiente a criar seu filhote, como uma babá”, diz D'Ammando.
Embora seja uma história excepcional, as elefantes fêmeas que ajudam a cuidar de filhotes que não são seus sempre existiram. Elas desempenham um papel importante na sociedade dos elefantes, confortando e ensinando os bebês enquanto dão uma “ajudinha” à mãe.
“Elas são essencialmente babás e estão em toda a sociedade dos elefantes”, diz Shifra Goldenberg, cientista de sustentabilidade populacional da San Diego Zoo Wildlife Alliance, que estudou elefantes selvagens no Quênia.
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As "babás" elefantes são indivíduos que não têm, necessariamente, laços parentais com os filhotes que cuidam. Elas desempenham um papel importante na sociedade dos elefantes, confortando e ensinando os bebês enquanto dão uma ajudinha à mãe.
Como as babás-elefante trabalham na manada?
Às vezes, elefantas mais velhas, como avós e tias, desempenham esse papel, “no entanto, é comum se ver esse tipo de indivíduo mais jovem... que realmente se sente atraída pelos bebês elefantes, e realmente quer passar tempo com eles, cuidar deles. Isso proporciona muitos benefícios”, diz Shifra. A maioria das babás possui menos de 15 anos de idade e nunca deu à luz, observa D'Ammando.
As babás elefantes mais jovens adquirem, assim, uma experiência materna vital ao interagirem com os filhotes adotados, explica Goldenberg. Além disso, são “mais olhos” para cuidar dos filhotes, já que os elefantes tendem a se espalhar para procurar comida: “Isso ajuda a ter mais pernas e troncos ao redor do bebê”, acrescenta.
De acordo com D'Ammando, as babás elefantes passam muito tempo cumprimentando e tocando os bebês.
Elas também confortam os filhotes angustiados, muitas vezes “tocando-os por todos os lados” com a tromba, segundo Goldenberg. D'Ammando diz que as babás intervêm para ajudar em várias situações estressantes, como por exemplo, se um filhote muito jovem cai e não consegue andar adequadamente, ou se ele fica preso na lama, ou ainda se entra em pânico depois de ser separado da mãe.
Em situações de alto estresse, todas as fêmeas do grupo se envolvem em uma defesa de grupo, acrescenta D'Ammando.
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Dois filhotes de elefante africano brincam perto de um elefante adulto que está se alimentando.
Um elefante jovem brinca em um rio no Parque Nacional de Samburu, no norte do Quênia.


Um elefante recém-nascido dorme à sombra de sua mãe.
Um elefante jovem levanta sua tromba.
Quando as “babás elefantes” protegeram filhotes durante um terremoto
Por exemplo, em abril de 2025, um vídeo viral mostrou um terremoto de magnitude 5,2 no San Diego Zoo Safari Park na cidade de Escondido, na Califórnia. Três das elefantes fêmeas mais velhas do parque se esforçaram para formar um círculo de proteção em torno de dois filhotes de seis anos de idade. As ações nesse vídeo são um ótimo exemplo da dinâmica de rebanho em geral, diz Mindy Albright, curadora de mamíferos da instalação.
“A estratégia de sobrevivência é fundamental, certo?”, diz ela. “Assim, sempre que houver qualquer tipo de sinal de perigo, você verá a manada se reunir e, muitas vezes, criar esses círculos de alerta em que os filhotes ficam no centro para que possam ficar mais protegidos.”

Uma matriarca elefante é seguida por seus filhotes.
No entanto, Goldenberg diz que os instintos da elefanta “babá” também se manifestaram durante o terremoto. Quando um dos elefantes jovens ficou do lado de fora do círculo, sua babá bateu repetidamente em suas costas e no rosto, como se quisesse incentivá-lo a voltar.
De acordo com Goldenberg, o relacionamento entre a babá e o bebê inclui muitas brincadeiras, o que ajuda os filhotes a ganhar confiança para se tornarem independentes da mãe, um processo que dura anos e é diferente para cada elefante, embora muitos sejam nutricionalmente independentes por volta dos 4 anos de idade.
As fêmeas acabam permanecendo em seu grupo natal, enquanto os machos se dispersam gradualmente por volta dos 14 anos de idade. Os elefantes também participam de uma amamentação coletiva, com os elefantinhos mamando nas fêmeas jovens para obter conforto em vez de nutrição.
