
Qual é a cobra mais pesada e forte do mundo? Spoiler: ela é nativa da América do Sul
Na foto, uma cobra sucuri-verde (Eunectes murinus) vista bem de pertinho em meio a floresta tropical de Orellana, no Equador.
Grande e forte, essa cobra já foi retratada em livros e até em filmes de Hollywood, mas é uma espécie originária das florestas tropicais da América do Sul, sendo encontrada principalmente nas bacias do rio Orinoco, Colômbia e do rio Amazonas, no Brasil. Também possui habitat em países como Venezuela, Bolívia, Argentina e Peru, entre outros, segundo o site Animal Diversity Web (ADW), enciclopédia online mantida pelo Museu de Zoologia da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.
Ela pode não ser a cobra mais comprida do mundo – esse título cabe à píton reticulada (Malayopython reticulatus) – porém a cobra mais pesada e forte do planeta é a sucuri-verde (Eunectes murinus), também conhecida como “anaconda”. É como afirmou Lucas Simões, biólogo e técnico em manejo de animais do Instituto Butantan (instituição brasileira de pesquisa científica que estuda répteis, anfíbios e outros animais desde desde 1901 e que pertence ao governo do estado de São Paulo), em entrevista exclusiva à National Geographic.
Conheça melhor a sucuri-verde – suas características e hábitos – considerada a cobra mais pesada do mundo.
(Sobre cobras, leia também: Pítons x Sucuris: quais são as semelhanças e diferenças entre as maiores cobras do mundo?)

Um exemplar da cobra sucuri-verde (Eunectes murinus), que é uma espécie muito comum na Amazônia e no Pantanal no Brasil, ainda sendo encontrada em outros países da América do Sul e considerada a maior cobra em massa corporal do mundo.
Pesadas, as sucuris-verdes são uma das maiores cobras do mundo
A sucuri-verde (Eunectes murinus) “rivaliza” com as pítons reticuladas como uma das maiores cobras do mundo. A grande serpente asiática, porém, é oficialmente a mais comprida (com registros de fêmeas com mais de 6,25 metros) – maior que a serpente nativa da América do Sul. Porém, no quesito massa corporal, quem ganha é a sucuri-verde.
De acordo com a ADW, as fêmeas das sucuris-verdes têm massa corporal maior que as dos machos, podendo chegar a pesar até cerca de 250 quilos – e, por isso, ela é considerada a cobra mais pesada do mundo. As fêmeas também crescem mais que os machos, podendo ter até 6 metros de comprimento, e os machos apenas 3 metros.

Na imagem é possível ver uma sucuri-verde atacando uma grande presa (jacaré) para matá-la por constrição, envolvendo seu forte corpo ao redor do outro animal - registro feito no Parque Nacional de Manú, no Peru.
As sucuris-verdes utilizam sua força muscular para matar as presas
A sucuri-verde é uma das espécies de cobras constritoras – que não são peçonhentas (ou seja, não possuem veneno), porém utilizam justamente sua grande força corporal e massa muscular para matar suas presas por constrição, como explica Lucas Simões.
Por terem uma estrutura corporal grande, pesada e forte, as sucuris-verdes conseguem abater e engolir animais de grande porte, incluindo mamíferos, aves e répteis. Mas “não há evidências de que essa espécie de cobra tenha comportamento predatório direcionado à nossa espécie”, afirma o biólogo do Butantan, comentando a possibilidade da sucuri-verde atacar e engolir pessoas.
“Diferente do que se pensa, a morte do animal não ocorre por asfixia, mas principalmente por colapso circulatório”
O processo de constrição que as sucuris utilizam acontece quando o animal começa a “enroscar seu corpo ao redor da vítima e aplicar nela uma força muscular intensa", relata Simões.
“Diferente do que se pensa, a morte do animal não ocorre por asfixia, mas principalmente por colapso circulatório – a constrição interrompe a circulação sanguínea, levando à parada cardíaca da presa em poucos minutos”, esclarece o especialista.
(Leia também: Quais cobras são capazes de comer um ser humano?)
Além de fortes, as sucuris-verdes têm outras características físicas próprias
A sucuri-verde pode se distinguir de outras cobras constritoras por conta da ausência do osso supra orbital no teto do crânio, descreve a ADW. Porém, como as demais, elas têm um espaçamento considerável entre as costelas, que são flexíveis, e entre as vértebras, o que permite uma dilatação significativa do corpo durante a deglutição de uma presa grande.

Acima, uma sucuri-verde (Eunectes murinus) uma cobra não peçonhenta mas que é capaz de se alimentar de grandes animais, como capivaras e até jacarés.
A coloração da sucuri-verde é um verde-oliva escuro bem característico na parte dorsal, mudando gradualmente para amarelo na parte ventral, conforme descreve a enciclopédia animal. Elas têm manchas dorsais redondas que são marrons com bordas pretas dispersas na parte média e posterior do corpo.
As sucuris-verdes são polígamas, podendo se reproduzir em agregados de até 13 machos, que competem entre si. Eles cercam a fêmea para formar uma bola reprodutiva, na qual as cobras juntas formam uma massa de corpos contorcidos.
Elas são ovovivíparas – o que significa que incubam os ovos – os quais ficam por sete meses em seu corpo, e dão à luz filhotes já desenvolvidos. Durante a incubação, as fêmeas limitam seus movimentos para evitar comprometer a saúde e o sucesso da ninhada. Segundo a ADW, elas dão à luz em águas rasas no final da estação chuvosa sul-americana.
