Furacão Laura toca solo e inunda estados do Texas e Lousiana

Avisados de uma maré de tempestade mortal vinda do Golfo do México, mais de meio milhão de pessoas foram evacuadas em plena pandemia.

Por Laura Parker, Sarah Gibbens
Publicado 27 de ago. de 2020, 10:02 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 01:56 BRT
Furacão Laura se aproxima da costa americana no Golfo do México em 26 de agosto.

Furacão Laura se aproxima da costa americana no Golfo do México em 26 de agosto.

Foto de Cira, Noaa

O furacão Laura alcançou o litoral dos EUA próximo à cidade de Cameron Parish, no sudoeste de Lousiana, na manhã desta quinta-feira como a mais forte tempestade a atingir o estado em um século. A tempestade tocou solo como um furacão de Categoria 4, levando chuvas, tornados e ventos constantes a 240 km/h. Comunidades costeiras estão sofrendo há horas.

Autoridades em Louisiana e no Texas trabalharam para evacuar mais de 500 mil moradores ao longo da costa antes da chegada de Laura, alertando para uma potencial maré de tempestade 'mortal' (unsurvivable) que poderia jogar para o continente uma parede de água do mar tão alta quanto um prédio de dois andares.

“A palavra ‘mortal’ [unsurvivable] não é uma das que gostamos de usar, e eu nunca a utilizei antes”, disse o governador de Louisiana John Bel Edwards em uma entrevista para a imprensa na quarta-feira. “Eu acredito que nunca tive uma coletiva [de imprensa] onde tentei passar o senso de urgência que estou tentando passar agora. Prestem atenção à esta tempestade, saiam do caminho do perigo. Nosso estado não vê uma tempestade assim há muitas décadas. Também não vimos velocidades de vento como as que vamos passar há muito tempo.”

Caminho  do furacão Laura e quantidade de chuva prevista.

Foto de Gráfico de National Geographic; Fonte: Serviço meteorológico nacional

Laura enfraqueceu ao longo das horas antes do alvorecer, atingindo a Categoria 2, de acordo com o Centro de Furacões Nacional, com ventos de até 180 km/h, um furacão ainda muito perigoso.

Edwards insistiu para que os moradores não deixassem o tempo ruim os distrair da necessidade de se protegerem contra a covid-19.

“Temos essa tempestade histórica em um momento em que vivemos uma emergência de saúde pública”, disse ele. “Dezenas de milhares de indivíduos” que vivem em áreas com as mais altas taxas de infecção estão agora se movendo, evacuando para outras partes do estado em busca de quartos de hotel ou casas de familiares. Além disso, Louisiana tem um milhão de crianças e jovens que voltaram às aulas em escolas e universidades nas últimas duas ou três semanas. Até a manhã desta quinta-feira, quem quisesse ou pudesse ir embora, já havia partido.

"Todo esse movimento poderia causar um furacão de covid”, diz o Dr. William Schaffner, especialista em doenças infecciosas da Universidade Vanderbilt, no estado de Nova York. “Todas essas pessoas se movendo, indo a abrigos e se juntando com parentes, cria o ambiente ideal para espalhar ainda mais o vírus da covid-19.”

Com uma tempestade tão forte, um momento de sorte aconteceu na quarta-feira: a tempestade tropical Marco, que seguia em direção ao mesmo local, com a possibilidade de se tornar um furacão, acabou se dissipando – um alívio aos moradores.

“A única maneira de forçar as pessoas a sair é aumentar o cronograma de evacuação”, disse John Renne, especialista em planejamento de desastres da Universidade Flórida Atlântico. Renne já trabalhou em Nova Orleans, maior cidade do estado de Louisiana, onde comandou um programa de resposta a desastres com voluntários.

A evacuação começou antes mesmo do furacão entrar o Golfo do México. Cerca de 385 mil pessoas no Texas e 200 mil em Louisiana tiveram ordem para evacuarem, de acordo com a Associated Press.

Milhares de pessoas voluntariamente evacuaram a região próxima ao lago Charles. De acordo com Mike Steele, da secretaria de segurança interna de Louisiana, pelo menos mil pessoas que dependem do estado para evacuarem foram colocadas em hotéis das cidades de Baton Rouge e Nova Orleans.

Quase 350 pessoas estão abrigadas em Nova Orleans, cidade atingida pelo furacão Katrina exatos 15 anos atrás neste sábado, de acordo com o departamento de serviços para famílias e crianças do estado. No Texas, oito condados estavam sob ordens de evacuação obrigatória e 22 sob evacuação voluntária. Cerca de 225 mil quartos de hotel em todo o estado foram reservados para receber desabrigados. Partes do condado de Harris, que inclui a cidade de Houston, deve sofrer danos.

Em uma coletiva de impressa em Austin, capital do Texas, o governador Greg Abbott insistiu para que as pessoas no caminho da tempestade não perdessem tempo em procurar abrigo e as lembrou de tomar precauções contra a covid-19. Em agosto, o estado tem uma média de 200 mortes pela doença por dia. E, apesar da incidência de casos estar caindo ao longo do mês, somente no dia 26 de agosto mais de 5 mil casos foram confirmados.

Até quarta-feira, a Cruz Vermelha estimava fornecer abrigo para 5 mil pessoas em situação vulnerável nos dois estados. Em Louisiana, na quarta-feira, pessoas deixavam as cidades em ônibus lotados, mas o serviço foi suspenso no começo da tarde à medida que as enchentes começaram e as condições das estradas pioraram.

A porção leste do estado foi atingida por vários tornados, enquanto as margens do furacão Laura tocavam solo. O diretor de segurança interna da cidade de Jefferson Parish Joseph Valiente disse que a Highway 1, o único caminho de várias pequenas cidades para fora da região, já estava inundada e instransponível.  

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