Primeiro caso de coronavírus detectado em espécie selvagem

Um vison selvagem infectado pelo novo coronavírus foi encontrado nas “imediações” de uma fazenda de peles que teve um surto de casos no estado americano de Utah, segundo as autoridades.

Por Dina Fine Maron
Publicado 17 de dez. de 2020, 16:00 BRT
O vison-americano é o primeiro animal selvagem a testar positivo para o novo coronavírus.

O vison-americano é o primeiro animal selvagem a testar positivo para o novo coronavírus.

Foto de Ole Jorgen Liodden, Nature Picture Library

O primeiro caso conhecido do novo coronavírus em um animal selvagem não domesticado foi confirmado, de acordo com um alerta emitido pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Um vison selvagem de Utah testou positivo para SARS-CoV-2 durante a triagem de animais selvagens em fazendas de peles com surtos de covid-19, indica o relatório.

A cepa do vírus no vison selvagem parece ser igual àquela encontrada em visons infectados em algumas fazendas do estado, de acordo com o Laboratório Nacional de Serviços Veterinários, a divisão do USDA que realizou os testes.

Nos Estados Unidos, surtos do novo coronavírus foram documentados em 16 fazendas de visons nos estados de Utah, Wisconsin, Oregon e Michigan, com a maioria dos casos localizadas em Utah. Mas até recentemente, ainda não havia sido detectado nenhum caso em visons selvagens, apesar da realização constante de testes em visons, guaxinins, gambás e outros animais que vivem próximos das fazendas que apresentaram casos de infecção.

Esse vison foi capturado nas “imediações de uma das fazendas afetadas”, relatou o veterinário do estado de Utah, Dean Taylor, e foi o único animal capturado na área que testou positivo para o teste para SARS-CoV-2.

“Atualmente, não há evidências de que o SARS-CoV-2 esteja circulando ou tenha se estabelecido entre populações selvagens que vivem no entorno das fazendas de visons afetadas”, segundo alerta redigido pelo Serviço de Inspeção de Saúde Vegetal e Animal (APHIS) do USDA, adotando o nome oficial do vírus.

O vírus também foi encontrado em diversos animais selvagens mantidos em cativeiro, incluindo leões, tigres e leopardos-das-neves, além de cães e gatos domésticos. Os cientistas estão trabalhando incansavelmente para determinar quais outros animais podem ser suscetíveis ao SARS-CoV-2, conferindo atenção especial às espécies ameaçadas de extinção e àquelas que podem transmitir o vírus de volta para os humanos. Até agora, no entanto, o novo coronavírus não foi detectado em nenhum outro animal selvagem.

“Surtos em fazendas de visons na Europa e em outras regiões provaram que visons em cativeiro são suscetíveis ao SARS-CoV-2, e que também é possível que visons selvagens sejam suscetíveis ao novo coronavírus”, alertou o porta-voz do USDA, Lyndsay Cole. “Essa constatação demonstra a importância de continuar o monitoramento no entorno das fazendas de visons infectados e de tomar medidas para evitar a propagação do SARS-CoV-2 entre animais selvagens.”

Ainda não se sabe como o vison selvagem pode ter entrado em contato com o vison infectado em uma fazenda de peles.

O USDA afirma que esforços adicionais para evitar a disseminação entre a população expressiva de visons selvagens da América do Norte são necessários, embora uma estratégia de contenção ainda não tenha sido definida.

Visons ao redor do mundo

Na semana passada, o Canadá relatou a primeira fazenda de visons com surto do novo coronavírus, no Vale de Fraser, na Colúmbia Britânica. E desde o primeiro semestre deste ano, milhões de visons criados em cativeiro foram abatidos para controlar a propagação do vírus na Europa, incluindo a Dinamarca, o maior produtor de pele de vison do continente.

Recentemente, a Holanda anunciou que concluiu o abate de quatro milhões de visons e encerrou as atividades da indústria de visons de maneira definitiva. A Espanha e a Grécia também abateram mais de 100 mil desses animais em suas fazendas que tiveram surtos da infecção. Nesses casos, autoridades do país relataram que os visons podem ter contraído o novo coronavírus por meio do contato com trabalhadores agrícolas.

No entanto, não foram em todos os países que a doença foi transmitida de trabalhadores agrícolas infectados para os visons. Na Dinamarca, o animal também infectou trabalhadores agrícolas, de acordo com análise genômica. A cepa de vírus que circula entre os animais atuou de forma metastática na comunidade: mais de 200 casos humanos do novo coronavírus foram associados à criação de visons, incluindo 12 com uma variante única do vírus, que as autoridades dinamarquesas temem que possa comprometer a eficácia futura da vacina.

Essa variante apresentava o que a Organização Mundial da Saúde (OMS) descreveu como “sensibilidade moderadamente reduzida a anticorpos neutralizantes”. Como resultado, a Dinamarca decidiu abater todo seu estoque de visons: no total, mais de 15 milhões de animais.

“As fazendas de peles dos Estados Unidos seguem protocolos de biossegurança rígidos para garantir a segurança tanto de humanos quanto de animais”, explicou Mike Brown, porta-voz da Federação Internacional de Peles, que observou que o grupo está trabalhando para obter mais detalhes junto ao USDA sobre esse caso em espécie selvagem. Ele relata que a Federação Internacional de Peles dos Estados Unidos, a principal organização de comércio de peles do país, também está trabalhando com empresas da indústria para desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus para visons, que ainda não está concluída para a fase de testes.

Dean Taylor, veterinário do estado de Utah, reforça que as orientações para quem se preocupa com seus animais de estimação permanecem as mesmas. “Trate-os como pessoas”, relembra ele. Tente mantê-los em casa, quando possível, e “mantenha o distanciamento junto com eles dentro de casa se alguém da residência contrair covid-19”.

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