A variante Ômicron pode arruinar as viagens de fim de ano?

A pandemia não está acabando. Veja como limitar o risco de ser infectado pela covid-19 durante uma viagem de férias.

Por National Geographic Staff
Publicado 23 de dez. de 2021, 10:48 BRT
Airplane travel

A traveler arrives at Ronald Reagan Washington National Airport in Washington, D.C., on November 30, 2021. Health officials around the world are responding to the COVID-19 Omicron variant with new policies for travelers.

Foto de Carlos Barria, Reuters

É seguro viajar agora? Depende. A variante Ômicron do Sars-CoV-2, que contribuiu para uma “grande onda” de infecções no Reino Unido, está virando a Europa de cabeça para baixo e incitando receio em relação às viagens de fim de ano. Alguns países retomaram restrições semelhantes as estipuladas em 2020: a Holanda está em isolamento forçado até 14 de janeiro de 2022 e a França está proibindo a entrada de turistas vindos do Reino Unido. 

Essa nova onda parece estar chegando aos Estados Unidos. No país, os casos de covid-19 estão aumentando rapidamente em lugares como o estado de Nova York, que quebrou um recorde de notificações de novos casos em um dia — foram 22 mil casos no dia 18 de dezembro. Já no Brasil, havia pelo menos 32 casos confirmados até a data de publicação desta reportagem.

A diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), Rochelle Walensky, diz que a previsão é de que a Ômicron se torne a variante dominante nas próximas semanas. 

Frente a esse cenário, o coordenador da força-tarefa da Casa Branca em resposta à pandemia de covid-19, Jeff Zients, alertou que pessoas não vacinadas estão “diante de um inverno acompanhado de doenças graves e morte — para si mesmas e suas famílias, podendo em breve sobrecarregar os hospitais”. O presidente Joe Biden pronunciou-se em 21 de dezembro sobre a variante Ômicron e seus desafios, em um momento em que apenas 61,4% da população dos Estados Unidos completou o esquema vacinal contra a covid-19.

Embora muitas restrições e precauções relacionadas à pandemia ainda estejam em vigor, o aumento no número de casos com a variante Ômicron é motivo de preocupação, especialmente em meio as viagens de férias de fim de ano. Isso deixa muitos viajantes, que planejaram suas férias por meses, com uma dúvida: o que fazer agora? 

Um fato: não é possível eliminar o risco de contrair o novo coronavírus durante uma viagem, mas é possível minimizá-lo. Veja o que é preciso saber para viajar durante a atual onda de covid-19.

Karen Albicy segura sua filha, Kaia, enquanto aguarda um teste de covid-19 no Aeroporto Internacional George Bush em Houston, Texas, nos Estados Unidos, em 3 de dezembro de 2021. Muitos destinos internacionais agora exigem que os viajantes apresentem resultados de testes negativos recentes na chegada.

Foto de Brandon Bell, Getty Images

Por que há tanta preocupação em torno da variante?

A variante Ômicron foi identificada na província de Gauteng, na África do Sul, no fim de novembro de 2021. Desde então, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a Ômicron como uma variante de preocupação, assim como a Alpha, Beta, Gama e Delta.

Os vírus estão em constante mutação, incluindo o vírus que causa a covid-19. Essas mutações ocorrem ao longo do tempo e podem provocar o surgimento de variantes com novas características.

A análise contínua mostra que a Ômicron é a variante mais contagiosa até o momento. Possui muitas mutações importantes em comum com as outras variantes de preocupação anteriores, mas acumulou novas mutações em sua proteína de espícula, a parte do vírus que causa a infecção nas células humanas. A variante Ômicron possui 32 mutações no total; algumas são capazes de infectar células mais rapidamente, facilitando a transmissão entre humanos.

Os casos positivos na região onde a variante Ômicron foi detectada pela primeira vez aumentaram de menos de 1% para mais de 30% em três semanas. Apesar das preocupações, o conselheiro médico chefe da Casa Branca, Dr. Anthony Fauci, diz que não “prevê” bloqueios nos Estados Unidos.

Os CDC afirmam que as vacinas ainda são eficazes para reduzir o contágio pelo vírus causador da covid-19 e que são altamente eficazes contra quadros graves da doença. Embora a pesquisa ainda esteja em andamento, alguns estudos iniciais sugerem que as doses de reforço possuem eficácia de pelo menos 80% na prevenção de quadros graves causados pela variante Ômicron. A Moderna anunciou em 20 de dezembro que dados preliminares revelam que sua dose de reforço, administrada com apenas metade da dosagem, aumenta os anticorpos contra a nova variante. Ainda assim, apenas um em cada seis norte-americanos elegíveis receberam a dose de reforço, motivo de preocupação para as autoridades de saúde.

Como o novo coronavírus se propaga?

Conforme os CDC descrevem, a covid-19 se espalha a partir do momento em que uma pessoa infectada expira gotículas e partículas muito pequenas que contêm o vírus. Essas gotículas e partículas podem ser inaladas por outras pessoas ou pousar em seus olhos, narizes ou bocas. Em algumas circunstâncias, as gotas podem contaminar as superfícies. Ao ficar a menos de um metro e meio de uma pessoa infectada, existe maior probabilidade de contrair o vírus. 

Lembre-se dos princípios básicos de segurança

Embora atualmente não haja nenhuma necessidade para doses de reforço específicas contra a Ômicron, os dados iniciais indicam que uma dose de reforço das vacinas da Pfizer e da Moderna pode restaurar os anticorpos aos seus níveis máximos, aprimorando a proteção contra a variante.

O uso de máscara sobre o nariz e a boca é obrigatório em áreas internas de transporte público (incluindo aviões) e em locais fechados, como nas dependências de estações de transporte dos Estados Unidos (incluindo aeroportos).

Os CDC recomendam verificar a situação da covid-19 em seu destino antes de viajar e atualizam de forma recorrente os alertas de viagens internacionais e de viagens dentro dos Estados Unidos. A melhor sugestão é adiar a viagem até que tenha completado o esquema vacinal. 

Se não estiver totalmente vacinado e precisar viajar, realize o teste antes e depois da viagem. Se estiver preocupado com sua própria exposição, mas não tem possibilidade de realizar o teste e ficar em quarentena antes de uma viagem de férias, organize suas festas ao ar livre, mantenha um distanciamento de 1,8 metros e utilize máscara o tempo todo.

Medidas de saúde e segurança relacionadas, estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde incluem: lavar bem as mãos, evitar tocar no rosto, tossir e espirrar cobrindo boca e nariz com o cotovelo, desinfetar itens tocados com frequência, como o telefone, e ficar em casa se estiver apresentando algum sintoma.

Em quais circunstâncias não viajar?

Os CDC recomendam não realizar viagens se: tiver sido exposto à covid-19 (a menos que tenha completado o esquema vacinal ou tenha se recuperado da covid-19 nos últimos 90 dias); estiver doente; tiver testado positivo para a covid-19 e não tiver encerrado o período de quarentena (mesmo se estiver totalmente vacinado); estiver esperando os resultados de um teste de covid-19. 

Se receber um teste positivo enquanto estiver no seu destino, será necessário ficar em isolamento e adiar o retorno até que seja seguro, ou seja, até que os resultados do PCR sejam negativos. Seus companheiros de viagem também podem precisar ficar em quarentena. Considere se os benefícios da viagem superam o risco de espalhar o vírus.

Qual a cobertura do seguro de viagem?

O seguro de viagem e até mesmo os cartões de crédito oferecem cobertura se for preciso cancelar ou alterar uma viagem? Nos EUA, a melhor opção, sem dúvidas, é a política de  “cancelamento por qualquer motivo” (CFAR, na sigla em inglês). Com esse tipo de cobertura de viagem, é possível recuperar até 75% do custo da viagem, mas pode custar mais caro. A cobertura padrão pode custar cerca de 5% do custo total da viagem; já com a CFAR, pode custar até 50% do investimento total da viagem.

Especialistas recomendam entrar em contato com um agente da companhia de seguros e fazer perguntas pontuais muito antes de fazer as malas. Sites como travelinsurance.com, squaremouth.com e insuremytrip.com são ferramentas úteis para comparar apólices de vários provedores.

Qualquer que seja a apólice considerada, a agente de viagens de Long Island Helen Prochilo observa que “não há cobertura para sua apreensão durante a viagem”.

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    Rebecca Gonzales se despede de sua mãe, Nimia, no Aeroporto Intercontinental George Bush em Houston, Texas, nos Estados Unidos, em 3 de dezembro de 2021. “Minha mãe tem 73 anos e é saudável, mas ainda assim fico preocupada.”

    Foto de Brandon Bell, Getty Images

    Como lidar com o uso de máscara (e com pessoas que não usam máscaras)

    Utilizar máscaras em aviões, ônibus e outros meios de transporte continua a ser uma das maneiras mais baratas, fáceis e eficazes de prevenir o risco de transmissão da covid-19. Os CDC recomendam a utilização de máscaras em ambientes internos com altas taxas de transmissão de covid-19 e onde a qualquer momento pode estar em contato próximo com outras pessoas que não completaram o esquema vacinal.

    O governo dos Estados Unidos estendeu o decreto da utilização de máscaras em aviões e trens até 18 de março de 2022. Para obter mais detalhes sobre como utilizar máscaras corretamente, consulte o guia completo dos CDC. Embora as máscaras de pano tenham sido muito utilizadas no início da pandemia devido à escassez de equipamentos de proteção individual (EPI), agora máscaras cirúrgicas N95 e KN95 estão disponíveis. Elas bloqueiam pelo menos 95% de partículas de dimensões de 0,1 mícron e são mais eficazes na prevenção de doenças do que as máscaras de tecido. 

    O hábito de utilizar máscaras e as leis locais variam entre estados e países. A melhor maneira de garantir proteção em um ambiente público fechado é manter o rosto coberto. Se as pessoas ao seu redor em um avião ou lugar lotado não estiverem de máscara, você pode pedir educadamente que se afastem por questão de segurança. Mas pode ser mais fácil simplesmente mudar de lugar. As vezes não vale a pena o risco ou o estresse de abordar uma pessoa desconhecida. Se você não conseguir escapar da situação, peça ajuda a um gerente de loja ou comissário de bordo.

    Quando é preciso fazer um teste?

    Se você não apresenta sintomas e segue regras rígidas de saúde em casa, não é necessário fazer o teste antes de realizar viagens nacionais. Mas alguns destinos internacionais exigem um teste negativo recente, além da comprovação da vacinação; vários países europeus, como a França e a Suíça, exigem que se apresente o teste de covid-19 negativo recente para ingressar no país, geralmente realizado nas últimas 24 horas.

    Existem diversos tipos de testes de covid-19. Os testes moleculares, como os testes RT-PCR, são considerados os mais confiáveis. Testes rápidos e que podem ser feitos em casa — que segundo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, serão cobertos pelos seguros de saúde em breve — podem garantir que o vírus não está ativo no organismo. “Se conseguir encontrar e pagar por esses testes, realize-os em casa. Minha esposa e eu sempre fazemos de tempos em tempos”, disse o especialista em covid-19 e ex-conselheiro da Casa Branca Andy Slavitt em um entrevista recente ao podcast In The Bubble. “Faça o teste para ter a certeza de que, ao menos no dia em questão, não está infectado. Se estiver prestes a viajar, adquira um kit desse teste.”

    Mesmo com um resultado negativo, ainda assim pode-se estar infectado e acabar transmitindo a covid-19. Após a exposição, uma pessoa leva, em média, cerca de cinco dias para desenvolver níveis detectáveis do vírus, período conhecido como “janela de incubação”. Esse período nem sempre coincide com sintomas, que podem levar até 14 dias para aparecer. Nesse espaço de tempo, as pessoas podem transmitir o vírus a qualquer pessoa com quem tenham contato próximo. Cerca de 50% da transmissão da covid-19 ocorre através de pessoas assintomáticas.

    Viagens aéreas

    As viagens rodoviárias ficaram mais populares durante a pandemia, e ir de carro até o destino de férias — evitando o contato com outras pessoas — significa menos tempo com estranhos em locais fechados, como acontece em uma viagem aérea. Mas muitos especialistas afirmam que os aviões são mais seguros do que se imagina. Filtragem de alta tecnologia e máscaras tornam o voo mais seguro. O ar que você respira durante o voo — embora não necessariamente livre de vírus — é muito mais limpo do que o ar em restaurantes, bares, lojas e na maioria das residências. 

    Lembre-se de que a covid-19 se propaga com mais frequência quando as pessoas entram em contato próximo, aumentando sua exposição a gotículas respiratórias ou partículas menores chamadas aerossóis, que permanecem no ar por alguns metros. Os sistemas de ventilação de aviões filtram 99% dessas partículas.

    O local que oferece maior risco é o aeroporto, onde é mais fácil contrair o novo coronavírus durante viagens aéreas. O labirinto de pessoas no aeroporto fará com que você sinta a necessidade de distanciamento social, uso de máscaras e uma boa higiene (leve álcool em gel!) enquanto estiver nas filas de check-in e de embarque. Se sentir fome, faça sua refeição longe de outras pessoas. No voo, abra a ventilação aérea. O ar que sai do dispositivo não é apenas filtrado, mas também cria uma divisória invisível entre você e os outros passageiros. Comer e beber durante o voo não é um problema, desde que não se tire a máscara por mais de 15 minutos. 

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