Conheça os dez dinossauros mais fabulosos descobertos em 2021

Neste ano, sítios arqueológicos de fósseis em todo o mundo forneceram novas informações espetaculares sobre a era dos dinossauros.

Por Michael Greshko
Publicado 23 de dez. de 2021, 07:00 BRT

Há mais de 66 milhões de anos, durante o fim da Era Mesozoica, duas espécies de dinossauros com “bico de pato” viveram na região atual do Japão. Um desses grandes herbívoros (mostrado no centro da imagem) foi revelado no início deste ano — e foi apenas um dos 42 novos dinossauros anunciados até o momento em 2021.

Foto de Illustration by Msato Hattori

Em média, paleontólogos encontram mais de 45 novas espécies de dinossauros a cada ano desde 2003. O ritmo das descobertas é impressionante e, durante este período de ouro da paleontologia, cientistas estão transformando nossa compreensão sobre o mundo pré-histórico.

Neste ano, 42 novas espécies de dinossauros foram descobertas até agora, segundo Tom Holtz, da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, que mantém um banco de dados sobre novas descobertas de dinossauros. O que tem sustentado esse ritmo? Por um lado, “são mais pessoas fazendo o trabalho: mais olhos no solo, mais equipes, mais regiões do mundo sob investigação”, explica Holtz. A paleontologia dos dinossauros é uma área que se tornou mais diversa e global do que nunca — trazendo enormes benefícios à ciência.

Os cientistas também têm uma noção mais definida do que de fato constitui uma “espécie” de dinossauro. Anteriormente, paleontólogos deram o nome de Iguanodon a fósseis que tinham idades afastadas por milhões de anos. Reavaliações revelaram que o Iguanodon era, na verdade, mais de uma espécie, incluindo uma nova anunciada em novembro.

Além disso, novas tecnologias estão permitindo que cientistas façam descobertas surpreendentes sobre dinossauros conhecidos, incluindo detalhes sobre sua pele escamosaseus trato digestivo e reprodutivosua estrutura celularseus comportamentos sociais, e até mesmo como alguns nidificavam em regiões polares. Os resultados somados revelam como esses animais pré-históricos eram diversos e curiosos. Sem nenhuma ordem específica, confira a seguir 10 dos dinossauros mais incríveis revelados pelos cientistas neste ano.

1. Dinossauro ‘punk-rock’ do Marrocos com costelas com espigões extraordinários

O único fóssil conhecido de Spicomellus é um único fragmento de costela com espigões.

Foto de Trustees of the Natural History Museum, London

Entre 168 milhões e 164 milhões de anos atrás, um réptil diferente percorreu o atual norte do Marrocos: uma criatura com grandes espigões nas costelas e na pele.

O único fóssil conhecido pertencente a esse animal, revelado no periódico Nature Ecology and Evolution em setembro, é um único fragmento de costela com quatro espigões com mais de 26 centímetros de comprimento. Com base no formato e no tamanho do fóssil, os pesquisadores têm uma forte desconfiança de que ele pertencia a um tipo de dinossauro encouraçado denominado anquilossauro. O nome do dinossauro é Spicomellus afer, que significa, em latim, “espigão”, “colar” e “habitante da África”.

O Spicomellus é o mais antigo anquilossauro conhecido e o primeiro encontrado na África. É também uma criatura sem nenhuma outra semelhante conhecida, viva ou morta. “Em costelas humanas, há músculos sobre elas que permitem a movimentação dos braços”, afirma Susannah Maidment, paleontóloga do Museu de História Natural de Londres que liderou a pesquisa sobre o Spicomellus. “Onde estavam os músculos desses dinossauros, já que suas costelas claramente continham espigões acima da pele?”

O Spicomellus foi parar no museu do Reino Unido por meio do comércio lícito e complexo de fósseis marroquinos. Após ser comercializado entre atacadistas marroquinos, a costela chegou à Moussa Direct, a empresa negociadora de fósseis com sede no Reino Unido que vendeu o espécime ao museu.

Os funcionários do museu pensaram inicialmente que o osso era parte do estegossauro marroquino Adratiklit, pois era proveniente da mesma região na Cordilheira do Atlas do país. Mas Maidment e seus colegas logo perceberam que o fóssil pertencia a algo novo — tornando-o muito mais significativo. O Museu de História Natural de Londres então fez um consórcio com a Universidade Sidi Mohamed Ben Abdellah em Fez, Marrocos, para uma pesquisa conjunta sobre o fóssil.

A equipe de Maidment pesquisou o caminho percorrido pelo fóssil na cadeia de abastecimento até o local da escavação original, visitado por ela em 2019. Driss Ouarhache, coautor do estudo, geólogo da Universidade Sidi Mohamed Ben Abdellah, também visitou o local em 2020 para coletar dados geológicos cruciais. De acordo com Maidment, a universidade de Ouarhache está construindo um novo museu, que incluirá um espaço de exposição para futuros fósseis do sítio do Spicomellus.

2. O maior dinossauro conhecido da Austrália

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      Cerca de 95 milhões de anos atrás, um enorme dinossauro de pescoço longo sacudiu o solo do que hoje é o nordeste da Austrália: uma criatura agora chamada Australotitan cooperensis.

      Foto de Illustration courtesy of Eromanga Natural History Museum

      No sudoeste da província de Queensland, na Austrália, bem em seu interior, a família Mackenzie passou gerações administrando uma fazenda de ovelhas e gado perto da pequena comunidade de Eromanga. Em 2004, a adolescente Sandy Mackenzie encontrou indícios de que a propriedade já havia abrigado titãs pré-históricos.

      De 2006 em diante, a família Mackenzie e uma equipe liderada por Scott Hocknull, paleontólogo do Museu de Queensland, passaram a escavar periodicamente camadas de solo contendo ossos na propriedade — e encontraram o maior dinossauro conhecido da Austrália.

      Apelidado de “Cooper” em homenagem a um riacho próximo, os fósseis do animal passaram por estudos científicos durante mais de uma década, incluindo varreduras tridimensionais da superfície dos ossos. A análise de longa duração, publicada em junho no periódico PeerJ, confirmou que o dinossauro de aproximadamente 95 milhões de anos é uma nova espécie, denominada Australotitan cooperensis.

      O Australotitan era um titanossauro, subgrupo dos saurópodes de pescoço longo que inclui os maiores animais que já caminharam sobre a Terra, como o gigante Patagotitan, encontrado na Argentina. Cada um dos ossos da coxa do Australotitan tinha quase dois metros de comprimento, e estima-se que o animal inteiro pesasse em vida entre 26 e 82 toneladas.

      Os restos mortais do dinossauro agora estão em exposição no novo Museu de História Natural de Eromanga, fundado pela própria família Mackenzie.

      3. O belo dinossauro mexicano com crista curva

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        Na representação artística, dois Tlatolophus caminham ao longo da costa do Cretáceo no atual sul do México.

        Foto de Illustration by Marco A. Pineda

        Em 2005, José e Rodolfo López Espinoza se depararam com um fóssil incrível na província de Coahuila, no sul do México: a cauda quase completa de um dinossauro que viveu há cerca de 72 milhões de anos. Uma equipe de paleontólogos mexicanos visitou o local em 2013 para escavar os restos mortais, encontrando mais ossos da criatura durante o processo, incluindo o crânio. Revelado no periódico Cretaceous Research em maio, o dinossauro era único.

        O Tlatolophus galorum é um tipo de dinossauro herbívoro denominado lambeossauro. O dinossauro tem esse nome porque sua crista dramática lembra o tlahtolli, símbolo semelhante a uma vírgula na arte asteca que significa “palavra” no idioma nahuatl. O epíteto galorum combina dois nomes de família, Garza e López, para homenagear aqueles que contribuíram com a obtenção do fóssil.

        O Tlatolophus provavelmente possuía quase oito metros de comprimento entre a cauda e o focinho, e cerca de 2 metros na altura do quadril. Com base em seu crânio bastante preservado, os cientistas acreditam que o animal era um parente próximo do Parasaurolophus, emblemático lambeossauro de crista exibido bebendo em um lago no início do filme Jurassic Park.

        O Tlatolophus expande a diversidade de formatos de cristas conhecidos, que provavelmente desempenharam um papel importante na vida social dos dinossauros, em parte por afetar o som de seu canto.

        4-5. A “garça do inferno” e o “caçador da margem do rio” da Ilha de Wight

        Nesta representação artística, a fumaça de um incêndio escurece os céus acima da Ilha de Wight no período Cretáceo, proporcionando um cenário dramático para dois espinossaurídeos recém-descobertos: o Ceratosuchops inferodios (mostrado à frente) e o Riparovenator milnerae (ao fundo).

        Foto de Illustration by Anthony Hutchings

        Nos dias de hoje, a costa sudoeste da Ilha de Wight, no Reino Unido, é uma pitoresca paisagem marítima emoldurada por penhascos de arenito. Contudo, há mais de 125 milhões de anos, esse cenário era um vale semelhante a uma savana entrecortada por rios e planícies aluviais — um lar adequado para dois dinossauros enormes com crânios lisos semelhantes aos de crocodilos.

        Descritos no periódico Scientific Reports em setembro, fósseis encontrados na ilha revelaram dois novos tipos de espinossaurídeos, um grupo enigmático de grandes dinossauros predadores que inclui o icônico “dinossauro nadador” Spinosaurus.

        Ceratosuchops inferodios significa “garça do inferno com chifres e cara de crocodilo”, nome inspirado na teoria de que os espinossaurídeos eram predadores de margens de rios como as garças de hoje. Riparovenator milnerae significa “caçador de margem de rio de Milner”, homenagem a Angela Milner, britânica especialista em espinossaurídeos. Cada dinossauro tinha provavelmente quase oito metros de comprimento e cerca de dois metros na altura do quadril.

        O Ceratosuchops e o Riparovenator trouxeram novos conhecimentos importantes sobre os espinossaurídeos pouco compreendidos, esclarecendo as origens evolutivas desse grupo. A maioria dos espinossaurídeos mais antigos vivia na região atual da Europa, o que sugere que o Hemisfério Norte fosse a pátria ancestral do grupo (leia mais sobre a importância científica do Ceratosuchops e do Riparovenator).

        6. O pequenino desdentado do Brasil

        Em novembro, uma equipe de pesquisa brasileira anunciou um notável dinossauro desdentado no periódico Scientific Reports. A criatura fóssil, denominada Berthasaura leopoldinae, é o fóssil mais completo de seu tipo e idade já encontrado no Brasil. Seu nome é proveniente de duas brasileiras influentes: Bertha Maria Júlia Lutz, zoóloga e pioneira na defensa dos direitos das mulheres, e Maria Leopoldina, primeira imperatriz do Brasil que desempenhou um papel fundamental na garantia da independência do país.

        O Berthasaura foi encontrado em rochas entre 125 milhões e 100 milhões de anos. Com cerca de 0,5 metro de comprimento, o animal era relativamente pequeno e ágil. Seu bico aparentemente evoluiu para mordiscar a vegetação e possivelmente pequenas presas. Outros grupos de terópodes possuíam bicos como as aves modernas, incluindo os ornitomimídeos sem dentes e semelhantes a avestruzes, porém o Berthasaura pertence aos ceratossauros — grupo de dinossauros carnívoros normalmente com dentes.

        Limusaurus, primeiro ceratossauro sem dentes conhecido, é proveniente da China, então encontrar um totalmente diferente na América do Sul significa que a característica da ausência de dentição provavelmente evoluiu ao menos duas vezes de forma independente entre os ceratossauros. O Berthasaura destaca as diferentes estratégias dietéticas entre esse grupo, aprofundando nosso conhecimento sobre o modo de vida dos antigos dinossauros.

        7. Dinossauro chileno peculiar com cauda armada com lâminas

        Há cerca de 73 milhões de anos, no atual sul do Chile, uma espécie recém-descoberta de dinossauro com cauda em formato de clava viveu e morreu no delta de um rio com vegetação abundante, como ilustrado nesta representação artística.

        Foto de Illustration by Mauricio Álvarez

        Há mais de 72 milhões de anos, os deltas dos rios da Patagônia chilena foram o lar de um pequeno dinossauro robusto com uma cauda armada única: uma massa de osso fundido que lembra um taco de críquete recortado. “É totalmente sem precedentes”, afirmou Alexander Vargas, paleontólogo da Universidade do Chile, em referência à cauda.

        O esqueleto fóssil, revelado em dezembro na revista científica Nature, pertence a um tipo recém-descoberto de dinossauro encouraçado pequeno denominado Stegouros elengassen. O nome da criatura se deve à semelhança da cauda com telhas e a uma fera encouraçada da mitologia do povo Aónik’enk da Patagônia. Sua cauda armada inédita foi denominada macuahuitl, em homenagem à espada de madeira empunhada pelos astecas.

        O Stegouros é um mosaico anatômico inusitado. O crânio, os dentes e a cauda em formato de clava do dinossauro possuem as características de anquilossauros clássicos, assemelhando-se ao Ankylosaurus e a outros dinossauros encouraçados posteriores. No entanto a pélvis e os ossos delgados dos membros do dinossauro se assemelham aos de estegossauros como o Stegosaurus, que já estava extinto há dezenas de milhões de anos na época do Stegouros (veja como o Stegouros pode causar mudanças importantes na árvore genealógica dos dinossauros encouraçados).

        O Stegouros também preenche uma importante lacuna evolutiva. Poucos dinossauros encouraçados foram encontrados nas terras originais de Gondwana, antigo supercontinente que começou a se fragmentar durante a era dos dinossauros. Antes do Stegouros, apenas dois dinossauros encouraçados haviam sido encontrados na região atual correspondente ao sul de Gondwana, e nenhum deles está tão completo quanto o animal recém-descrito.

        8-9. Dois enormes dinossauros encontrados em sítio arqueológico repleto de pterossauros, na China

        Os afloramentos rochosos perto de Hami, cidade na região autônoma de Xinjiang, no noroeste da China, são mais conhecidos por seus fósseis incríveis de pterossauros, répteis voadores que conviveram com os dinossauros. Mas agora pesquisadores encontraram, pela primeira vez, ossos de dinossauros nesses sedimentos — os quais pertencem a duas espécies desconhecidas.

        Esses ossos, descritos em agosto, são provenientes de dois tipos de saurópodes, dinossauros de pescoço longo. Um deles, o Silutitan sinensis, significa, em mandarim, Rota da Seda, e o outro, o Hamititan xinjiangensis, homenageia o local da descoberta.

        Os dois dinossauros eram enormes. Cada uma das vértebras características do pescoço do Silutitan, os únicos fragmentos do animal encontrados até o momento, possuem entre 45 e 54 centímetros de comprimento. Para fins de comparação, as vértebras individuais de pescoço mais compridas de animais atuais são encontradas nas girafas, possuindo menos de 28 centímetros de comprimento. O Hamititan é conhecido a partir de uma série de ossos da cauda, cada um com mais de 20 centímetros de comprimento, e a cauda do animal era composta por dezenas desses ossos.

        O Silutitan e o Hamititan aumentam nosso conhecimento sobre os saurópodes que viveram na região atual da Ásia durante o início do período Cretáceo, entre 145 milhões e 100 milhões de anos. A descoberta também esclarece como os dinossauros saurópodes se distribuíram e se diversificaram pela Terra antiga.

        10. Dinossauro japonês do fim da Era Mesozoica

        Em 2004, Shingo Kishimoto, caçador de fósseis amador, examinava rochas em uma pedreira para produção de cimento na ilha Awaji, no Japão, quando fez uma descoberta notável: os ossos de um dinossauro que viveu há mais de 71 milhões de anos.

        O fóssil, descrito em abril, é o segundo dinossauro do Japão que viveu durante a era Maastricthiana, entre 72 milhões e 66 milhões de anos atrás — até o evento de extinção causado por asteroides no fim do período Cretáceo. O dinossauro recebeu o nome de Yamatosaurus izanagii, nome antigo de parte do arquipélago japonês complementado por “Izanagi”, divindade da mitologia japonesa.

        O Yamatosaurus é um hadrossauro, grupo amplo de herbívoros com “bico de pato” que inclui o Tlatolophus, dinossauro com crista curva na cabeça. O Yamatosaurus se enquadra em uma linhagem “fantasma” da árvore genealógica que se separou há cerca de 95 milhões de anos, bem no início do surgimento dos hadrossauros.

        O fóssil contribuiu para a revelação de que os hadrossauros pertencentes aos primeiros ramos da árvore genealógica, como o Yamatosaurus, estavam distribuídos pela região atual da Ásia e pelo leste atual da América do Norte. No entanto não eram abundantes no oeste da América do Norte ou na Europa, por onde vagavam parentes deles de uma ramificação posterior, como o Tlatolophus. A descoberta sugere que o leste da Ásia pode ter sido refúgio de alguns dos ramos mais antigos da árvore genealógica dos hadrossaurídeos, embora outras linhagens do grupo tenham continuado a se diversificar durante todo o fim do período Cretáceo.

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