Como funciona o termômetro de mercúrio: a explicação científica
Embora seja usado há bastante tempo, tanto em atendimentos de saúde quanto em casa, o termômetro de mercúrio é atualmente descartado por especialistas. Entenda o motivo.
Uma pessoa aponta o dedo para a temperatura em um termômetro em Washington, D.C.
A humanidade aprendeu a medir a própria temperatura corporal há bastante tempo. Apesar de o primeiro termômetro da História – inventado em 1654 por Ferdinando 2º de Medici, grão-duque da Toscana, na Itália – ser um tubo de vidro fechado hermeticamente e contendo álcool – foi uma outra invenção que popularizou, até hoje, o termômetro de mercúrio.
Seu criador foi Gabriel Daniel Fahrenheit, físico, engenheiro e soprador de vidro alemão-polonês, que desenvolveu um termômetro usando mercúrio em 1724. Ele também é conhecido pela escala de temperatura que leva seu nome. Já no final do século 18, James Currie, médico escocês, popularizou o uso desses termômetros de vidro para medir as temperaturas dos pacientes.
Todas essa linha histórica consta do guia técnico “Substituição de termômetros de mercúrio e monitores de pressão sanguínea na área de saúde”, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2011.
Como funcionam os termômetros de mercúrio hoje?
De acordo com as orientações técnicas da OMS, os termômetros de mercúrio consistem em um reservatório ou bulbo de mercúrio preso a um tubo de vidro marcado com uma escala de temperatura. À medida que a temperatura muda, o mercúrio se dilata e retrai dentro do tubo, dando efeito de subir e descer pela escala.
"Os termômetros usados na área de saúde são projetados para registrar a temperatura máxima obtida durante o período de registro. Eles usam um estreitamento no pescoço (ponta) do termômetro, o que impede que o mercúrio volte para o reservatório", diz o guia.
Uma vez registrada a temperatura, o termômetro deve ser sacudido para que o mercúrio retorne ao reservatório e esteja disponível para uma nova leitura.
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Por que a OMS desaconselha o uso de termômetros de mercúrio
O elemento mercúrio tem sido usado há décadas em termômetros e medidores de pressão arterial. "Este composto ocorre naturalmente na crosta terrestre e é liberado tanto durante erupções vulcânicas, como na forma de subproduto de atividades humanas como a combustão do carvão, a mineração e o refino de metais", explica o guia da OMS.
Uma vez liberado no meio ambiente, explica o documento, o mercúrio pode percorrer longas distâncias antes de se depositar no solo e na água, onde reage com materiais orgânicos para formar metilmercúrio. Este mercúrio orgânico é uma neurotoxina potente, especialmente para o desenvolvimento fetal e do cérebro das crianças.
No sistema de saúde, o elemento mercúrio pode ser liberado como resultado de derramamento de termômetros quebrados ou com vazamentos. Quando isso ocorre, os pacientes podem inalar os vapores de mercúrio e ter danos à sua saúde.
Alguns dos efeitos do mercúrio envolvem danos neurológicos, especialmente entre os jovens. Também podem causar problemas nos rins e no sistema digestivo.
É por esta razão que, apesar de sua popularidade ao longo dos séculos e tendo em vista os danos ambientais potenciais, a toxicidade humana e os custos de descarte do mercúrio, a OMS não recomenda o uso de termômetros de mercúrio.