
Trilogia lunar rara: uma sequência de três superluas iluminará o fim de 2025. Saiba quando ver
Uma superlua “azul” surge acima do Castelo de Monsaraz, na reserva Dark Sky Alqueva, em Portugal. Outubro, novembro e dezembro de 2025 trarão uma superlua cada. Saiba por que elas acontecem, quando olhar para cima e como capturar a Lua em seu tamanho e brilho máximos.
Olhe para o céu nos próximos dias e você notará algo incomum: todas as Luas cheias parecerão maiores e mais brilhantes do que o normal. Isso porque os últimos três meses de 2025 trazem uma rara sequência de superluas consecutivas – evento astronômico que acontece quando a fase cheia da lua se alinha com o ponto de sua órbita mais próximo da Terra.
Nos dias 6 de outubro, 5 de novembro e 4 de dezembro, as Luas da “colheita”, do “castor” e do “frio” surgirão como superluas, formando uma sequência de três meses que os observadores do céu raramente têm a oportunidade de ver.
Aqui, National Geographic explica o que você precisa saber.
“Não há evidências que relacionem as superluas a terremotos, erupções vulcânicas ou outros desastres.”
O que faz de uma lua normal em uma “superlua”?
A Lua não orbita a Terra em um círculo perfeito — ela segue uma trajetória alongada em forma de ovo. Isso significa que há momentos em cada mês em que a Lua está um pouco mais próxima da Terra, um ponto chamado perigeu, e momentos em que está mais distante, no apogeu. No perigeu, a Lua pode estar a cerca de 356 mil quilômetros de distância, enquanto no apogeu ela pode se afastar para mais de 406 mil quilômetros.
Quando a Lua cheia coincide com o momento do perigeu, temos uma superlua — um disco lunar que parece ligeiramente maior e brilha mais intensamente do que o habitual. Em comparação com a Lua cheia mais distante, uma superlua pode parecer até 14% maior e 30% mais brilhante.
Em relação a uma Lua cheia média, a diferença é de cerca de 7% maior e 15% mais brilhante. A olho nu, a mudança pode parecer sutil, mas fotos lado a lado revelam o quão impressionante este efeito realmente é.
Por que 2025 terá três superluas consecutivas
Superluas não são raras — normalmente é possível ver algumas a cada ano. O que é incomum é que 2025 terá uma sequência de três Luas cheias consecutivas alinhadas com o perigeu. Isso acontece porque o momento do perigeu muda lentamente em relação às fases lunares, completando um ciclo completo a cada 14 meses lunares.
Às vezes, esse ciclo significa que apenas uma Lua cheia está próxima o suficiente para ser considerada “super”. Outras vezes, como em 2025, o alinhamento é perfeito para produzir uma sequência de três superluas em seguidas.
A festa cósmica continua em 2026, pois em 3 de janeiro será a primeira superlua do próximo ano, o que tecnicamente significa que estamos prestes a testemunhar quatro superluas consecutivas.
(Sobre a Lua, saiba também: Os 3 mitos curiosos sobre a Lua criados por culturas antigas)

Entre três e cinco superluas podem ocorrer anualmente. Embora o termo “superlua” seja comum, ele não é uma nomenclatura astronômica oficial.
Por que as Luas cheias têm tantos nomes diferentes?
Durante séculos, as Luas cheias receberam nomes que refletem os ritmos sazonais, as estratégias de sobrevivência e as tradições culturais. Muitos dos nomes (em inglês) mais conhecidos hoje em dia foram preservados através de fontes como o “Almanaque do Agricultor” (“Farmer's Almanac”), que se baseou em práticas de nomenclatura europeias e indígenas.
A “Lua da Colheita” de outubro leva esse nome devido às últimas semanas da temporada agrícola no Hemisfério Norte. Isso porque antes da eletricidade, os agricultores dependiam de sua luz prolongada — que surgia perto do pôr-do-sol por várias noites seguidas — para colher os frutos até tarde da noite.
A “Lua do Castor” de novembro era considerada pelas comunidades indígenas da América do Norte como a época em que os castores se preparavam para o inverno, reparando suas tocas e construindo represas. Também marcava o momento em que os caçadores partiam antes que os rios congelassem por causa do inverno, ligando a Lua tanto ao comportamento animal quanto à atividade humana.
A “Lua fria” de dezembro sinaliza a chegada das noites longas e do inverno rigoroso no Hemisfério Norte. Surgindo durante a época festiva, há muito tempo é vista como um farol contra os dias mais escuros do ano.
(Você pode se interessar por: Os poderes da Lua Cheia – do lobisomem à falta de sono, veja 3 mitos sobre o satélite da Terra)
Superluas em sequência: o que poderá ser visto no céu noturno?
A diferença de tamanho entre uma Lua cheia comum e uma superlua é sutil, mas o efeito é mais impressionante no nascer da Lua. À medida que o satélite da Terra em sua fase cheia sobe acima do horizonte oriental logo após o pôr-do-sol, ela pode parecer enorme, não apenas porque está no perigeu, mas também graças à ilusão lunar, uma peculiaridade da percepção humana que faz com que os objetos próximos ao horizonte pareçam maiores do que quando estão no alto.
Enquadrar a Lua contra árvores, edifícios ou montanhas pode tornar a vista ainda mais dramática para fotógrafos e observadores casuais das estrelas.
Até mesmo as marés altas podem sentir um ligeiro aumento devido à superlua, subindo alguns centímetros acima do normal.
Apesar das afirmações sensacionalistas, não há evidências que relacionem as superluas a terremotos, erupções vulcânicas ou outros desastres. O único risco para quem observa a Lua é perder a vista devido às nuvens.
Como observar e fotografar as superluas
A melhor maneira de apreciar cada uma dessas superluas em suas respectivas datas é simples: saia após o pôr-do-sol e olhe para o leste. Aponte seus binóculos para a Lua e você poderá ver com mais nitidez características lunares como crateras, cadeias de montanhas e até os “mares” escuros de lava solidificada do satélite da Terra.
Mesmo um telescópio doméstico modesto pode revelar a beleza acidentada da superfície da Lua com detalhes impressionantes.
Já para aqueles que desejam capturar o momento com a câmera, o momento certo e a composição são importantes. Planeje fotografar assim que a Lua nascer, quando seu disco dourado paira perto de pontos de referência no horizonte.
Usar uma câmera DSLR (Digital Single-Lens Reflex, em inglês, ou Reflex de Lente Única Digital) e uma lente teleobjetiva de 200 mm ou mais pode enquadrar a Lua grande contra um objeto em primeiro plano, criando o efeito clássico de “superlua sobre o horizonte da cidade”. Enquanto isso, fotos em grande angular com seu smartphone podem mostrar a Lua nascendo sobre paisagens, banhada por tons dramáticos do crepúsculo.
Embora a Lua possa estar apenas um pouco mais próxima do que o habitual, a maravilha que ela inspira é sempre extraordinária.
Céu limpo! Andrew Fazekas, o Night Sky Guy, é o principal autor do “Stargazer’s Atlas” e da segunda edição do best-seller “The Backyard Guide to the Night Sky”. Siga ele no Instagram em @thenightskyguy.
