Esta comunidade vive no meio do mato, ‘longe da civilização’

Os habitantes da comunidade Wild Roots, nos EUA, vivem do que a natureza dá.

Por Daniel Stone
fotos de Mike Belleme
Publicado 8 de nov. de 2017, 20:36 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
wild roots
Niki, à esquerda, pinta o rosto de Julia com pigmentos de arenito em um riacho que passa pelo terreno da Wild Roots no oeste da Carolina do Norte. O córrego é a única fonte de água potável e onde os integrantes da comunidade Wild Roots tomam banho.
Foto de Mike Belleme

Em 2007, um homem e uma mulher entraram nas florestas da Carolina do Norte e montaram um pequeno acampamento. O acampamento tornou-se o lar do casal e, eventualmente, de toda uma comunidade.

Assim começou a Wild Roots (raízes selvagens, em português), uma comunidade na floresta no oeste do estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. A fundação observou alguns princípios básicos: viver livremente, não desperdiçar e aprender sempre. Em aproximadamente 12 hectares, o grupo utiliza o que chamam de habilidades da terra para comer, tomar banho e sobreviver. Eles constroem o que sabem e deixam que a floresta os ensine o que não sabem.

O membro mais antigo da Wild Roots, um homem chamado Tod – que recusa ser identificado pelo sobrenome–, não é contra instituições oficiais nem tem medo da sociedade desenvolvida – nutre apenas uma profunda aversão. “Estamos vivendo do excedente de uma sociedade ridiculamente supérflua”, disse Tod ao fotógrafo Mike Belleme, para explicar por que os membros da comunidade às vezes buscam restos no lixo de supermercados. Ao redor do acampamento, eles também colhem castanhas para fazer mingau.

Belleme visitou a comunidade pela primeira vez em 2009 e encontrou entre 12 a 14 pessoas felizes em recebê-lo. Ele achou curioso, no entanto, que o grupo não compartilhava uma filosofia única. Diferente de outras comunidades focadas no meio ambiente ou avessas às normas sociais, a Wild Roots não tinha uma visão consolidada. Seus membros diziam se sentir desconfortáveis em serem encaixados em um padrão, marginalizados e descartados. O que todos tinham em comum, observou Belleme, era apenas o desejo de aprender.

Em 2011, Tod, após tanto tempo na floresta, começou a construir para si uma cabane com telhado de cascas de árvores e outros materiais que encontrava no mato. Ele talhou pregos de madeira, vigas de carvalho e removeu cascas de álamos. Mas não era para ser. Após pouco tempo, Tod abandonou o projeto. O excesso de umidade na área trazia mofo, e ele começou a focar em algo novo.

Os planos de Tod, no início, eram que o grupo se alimentasse apenas do que encontrassem na terra, mas rapidamente percebeu sua ingenuidade. A quantidade de animais na área tem diminuído com o desaparecimento da flora nativa. De vez em quando, caçadores trocam restos de caça pelo acesso ao local, mas a troca nem sempre resulta em boas refeições. Em uma das visitas de Belleme, o grupo processou a carne de um urso e juntou cérebro, língua e olhos em um cozidão. Tudo foi colocado em jarros para durar mais. Belleme provou.

Viver na floresta tende a trazer desvantagens. A falta de tecnologia pode ser libertador, mas também solitário. Uma vez por semana, vários membros do grupo vão de caminhonete até a cidade mais próxima para usar os computadores da biblioteca pública, enviar e-mails às famílias e ler notícias. Às vezes, visitam um açougueiro para pedir sobras que iriam para o lixo.

Com uma década de vida, a Wild Roots transformou um pequeno grupo em uma comunidade educacional, diz Belleme. Agora, eles têm uma página na internet e recebem visitas, desde que avisem antes e não cheguem doentes. As pessoas passam o tempo cozinhando e trabalhando com ferro e madeira.

A falta de hierarquia significa que todos podem aprender e ensinar – e podem ter êxito ou falhar. Mas sempre chega a hora do clima colocar a prova os mais comprometidos. Quando o inverno chega, o grupo encolhe. Às vezes, a única pessoa que sobra é Tod.

Conheça mais do trabalho de Mike Belleme em seu site.

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