Nossas fotógrafas contam como foi acompanhar um transplante de rosto

Maggie Steber e Lynn Johnson falam sobre a experiência de fotografar a cirurgia de Katie Stubblefield, a pessoa mais jovem a passar por um transplante de rosto nos EUA.

Por Erin Blakemore
fotos de Maggie Steber e Lynn Johnson
Publicado 28 de set. de 2018, 12:37 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Após 16 horas na mesa de operações da Clínica Cleveland, no estado americano de Ohio, os cirurgiões terminam a intricada tarefa de remover o rosto de uma doadora de órgãos. Admirados com a cena, a equipe de transplante fica em silêncio quando funcionários da clínica fotografam o rosto. Outras 15 horas ainda seriam necessárias para os cirurgiões implantarem o rosto em Katie Stubblefield.
Foto de Lynn Johnson, National Geographic

O rosto, retirado de sua doadora, está em uma bandeja. Os cirurgiões que o removeram o observam, fazendo uma pausa antes de transplantá-lo. “Foi um momento simplesmente emocionante”, afirma a fotógrafa Lynn Johnson. “As pessoas estavam meio que impressionadas.”

Tudo parou por um instante de “reverência”, conta ela, ao registrar o momento. “Depois, recompuseram-se e passaram às suturas.”

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Johnson estava na sala de cirugia durante as 31 horas da operação.

Johnson foi uma das duas fotógrafas veteranas da National Geographic que documentou a jornada de Katie Stubblefield na reconstrução e posterior substituição de seu rosto, danificado gravemente em uma tentativa de suicídio com um rifle.

Por dois anos e meio, a fotógrafa Maggie Steber acompanhou Katie e sua família, saindo de sua casa em Miami para passar semanas inteiras de trabalho na Clínica Cleveland em Ohio, onde os cirurgiões cuidavam de Katie, e no Lar Ronald McDonald, onde Katie morou nos períodos em que não estava internada. Steber acompanhava tudo que a família Stubblefield fazia, saindo de perto deles apenas para dormir. Logo passou a se considerar parte da família.

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A fotógrafa acompanhou Katie Stubblefield por dois anos e meio para contar sua história sobre o transplante de rosto.

“Eles compartilharam seus sentimentos mais profundos comigo”, conta Steber. “É uma posição bem privilegiada. Às vezes, os fotógrafos precisam deixar de lado a câmera e só ouvir quem estão fotografando.”

Mas quando veio o telefonema de que havia sido encontrada uma doadora, Steber estava a quilômetros de distância, em Dubai – longe demais para voltar a tempo. “Não iam me esperar e por que esperariam?” Diz Steber. “Ajoelhei no chão e chorei.”

Foi então que Johnson foi escalada. “Lynn é uma fotógrafa muito sensível e uma grande amiga”, afirma Steber. “É como uma irmã para mim. Essa reportagem é nossa. Nós a compartilhamos.”

Durante a cirurgia de 31 horas, Johnson se dividiu entre os Stubblefields e os cirurgiões. “Havia uma tensão bem natural na sala”, conta ela.

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A fotógrafa capturou o momento em que a família viu Katie com o novo rosto pela primeira vez.

Uma delas chegou ao artigo final: uma imagem de Katie sentada sozinha em seu leito no hospital após o transplante. Como de costume, conta Steber, a sala estava em “uma agitação frenética de atividades. Mas ninguém conversava com Katie. Ela estava sentada lá em silêncio em um momento próprio de reflexão profunda”. Foi um momento raro e particular. “No fim das contas, temos que lidar com nós mesmos.”

Para Steber, o novo rosto de Katie é muito mais que uma maravilha médica. “Não se trata de sua aparência”, afirma ela. “Trata-se de seu espírito. Seu rosto é um mapa da sua vida.”

Ela espera que a história de Katie colabore com o avanço do conhecimento científico e faça as pessoas refletirem. “As pessoas desviam o olhar de tudo, não é?” diz ela. “Elas desviam o olhar de fotografias de crianças famintas, da guerra. Elas têm essa opção. Mas então penso em todos aqueles que terão muito interesse. Talvez haja crianças que, um dia, se tornarão médicas por verem isto. Temos que pensar naqueles que se inspirarão, ficarão informadas e mudarão com isso.”

Katie reserva um momento para si mesma na sala, um acontecimento raro no hospital, já que médicos e outros passavam com frequência para checar o progresso dela. Seu rosto novo, com as suturas ainda nele, continua bem inchado.
Foto de Maggie Steber, National Geographic

Uma delas chegou ao artigo final: uma imagem de Katie sentada sozinha em seu leito no hospital após o transplante. Como de costume, conta Steber, a sala estava em “uma agitação frenética de atividades. Mas ninguém conversava com Katie. Ela estava sentada lá em silêncio em um momento próprio de reflexão profunda”. Foi um momento raro e particular. “No fim das contas, temos que lidar com nós mesmos.”

Para Steber, o novo rosto de Katie é muito mais que uma maravilha médica. “Não se trata de sua aparência”, afirma ela. “Trata-se de seu espírito. Seu rosto é um mapa da sua vida.”

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Stabber passou a olhar para os pais de Katie como guerreiros pela filha.

Ela espera que a história de Katie colabore com o avanço do conhecimento científico e faça as pessoas refletirem. “As pessoas desviam o olhar de tudo, não é?” diz ela. “Elas desviam o olhar de fotografias de crianças famintas, da guerra. Elas têm essa opção. Mas então penso em todos aqueles que terão muito interesse. Talvez haja crianças que, um dia, se tornarão médicas por verem isto. Temos que pensar naqueles que se inspirarão, ficarão informadas e mudarão com isso.”

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