A história dos esquecidos – descobertas arqueológicas reescrevem passado do Chile

Pesquisas na capital Santiago e no sítio El Olivar, 450 km ao norte, revelam uma cultura pré-colombiana pujante – muito diferente da história oficial contada por conquistadores espanhóis.

Por Cristian Aránguiz
fotos de Maurício de Paiva
Publicado 4 de set. de 2019, 19:00 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
A história oficial contava que, quando o conquistador espanhol Pedro de Valdívia chegou na região onde é hoje Santiago do Chile, em 1541, o lugar era esparsamente povoado por populações indígenas pobres. No entanto, pesquisas arqueológicas mostram que o Chile abrigava uma variedade de culturas e que Santiago era um importante centro administrativo inca. A catedral da cidade (na foto), por exemplo, foi construída sobre pedras similares às encontradas em Cuzco, capital do império Inca.
Foto de Maurício de Paiva

Quem escreve a história são os vencedores. Essa frase, escrita a ferro e sangue na América, é a que um grupo de arqueólogos e pesquisadores chilenos tentam hoje desconstruir através de importantes descobrimentos arqueológicos. Ao contrário do que mostrava a história oficial, eles conseguiram provar que os incas tiveram presença importante e prolongada no Chile, coabitando com a cultura local hoje conhecida como mapuche. O estado de pobreza e barbárie que os espanhóis diziam testemunhar quando chegaram à região não era historicamente correto. Eles poderão mudar a visão eurocentrista que existe hoje em relação à conquista espanhola no Chile? Poderão mudar o paradigma dominante e reescrever a história?

Rubén Stehberg nunca se convenceu das histórias sobre a supremacia espanhola e a precariedade da vida indígena na época em que Santiago do Chile foi fundada. O reconhecido arqueólogo chileno, especialista do período das culturas indígenas pré-hispânicas, tinha certeza de que os indígenas não eram essa cultura diminuída e depois “iluminada” pelo conhecimento europeu. Ele acreditava que a influência inca existia e era forte na região, e que sua organização era de vanguarda, e não precária, como afirmaram alguns historiadores. Stehberg estava disposto a provar sua hipótese, e assim o fez.

Depois de estudar antigos documentos com o historiador chileno Gonzalo Sotomayor, os dois publicaram uma pesquisa que abalou as estruturas da academia ao postular que o conquistador espanhol Pedro de Valdivia, fundador de Santiago, o fez sobre uma antiga cidadela inca, e não por casualidade, mas com a ideia clara de adotar seu sistema econômico, administrativo e, em alguns casos, cultural. De acordo com alguns especialistas da temática arqueológica, essa pesquisa poderia reescrever a história do Chile e colocar o conhecimento incaico no mesmo nível do conhecimento hispânico.

A assistente de laboratório Cristina Aguilar Conde, imigrante peruana, analisa um vaso antropomórfico da primeira fase da cultura Diaguita (800–1.000 d.C) encontrado no sítio arqueológico de El Olivar, em La Serena, cerca de 470 km ao norte de Santiago, Chile.
Foto de Maurício de Paiva

Para comprovar a teoria, Stehberg e Sotomayor apresentaram um documento irrefutável: as atas do Cabildo de Santiago, escritas em 10 de junho de 1541 (poucos meses depois da fundação de Santiago), no qual se indica textualmente que Pedro de Valdivia foi nomeado governador no “grande tambo que fica perto da praça desta cidade”. O que fazia um “tambo”, um abrigo incaico, em plena Plaza de Armas espanhola?

A pergunta circulou na academia como uma onda incontrolável. O questionamento provocou debates e discussões, e levou a pelo menos duas explicações. Por um lado, alguns pesquisadores começavam a acreditar em edificações incas em Santiago construídas antes da chegada dos espanhóis. Por outro, surgiu a tese de que o tal “tambo” foi construído pelos indígenas que acompanhavam Pedro de Valdivia em sua travessia. Apesar de ganhar adeptos, a teoria de Stehberg e sua equipe precisava de mais evidências.

Mas as provas finalmente chegaram em 2011. Stehberg reuniu e sistematizou todos os achados de cerâmicas, joias e diversos objetos incas encontrados durante os últimos 100 anos em escavações na capital chilena. Para isso, ele explorou por anos o acervo do Museu de História Natural do Chile e encontrou em seus porões peças inéditas doadas por particulares.

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    Esta mulher adolescente (no alto à esquerda), com idade entre 15 e 17 anos, foi enterrada junto com um camelídio adulto e três aros de ouro em El Olivar. Além dos objetos, a delicadeza dos ossos podem indicar um status social mais elevado durante as culturas proto-diaguita (900-1.320 d.C.) ou ánimas (800-900 d.C.). O homem (no alto, à direita) morreu com 36 a 50 anos de idade e seu crânio mostra sinais de exostose auricular, uma patologia ligada a natação e mergulho em águas geladas. Também foi encontrado o crânio de uma criança (acima) com idade entre 2 e 3,5 anos – os objetos cerâmicos encontrados em sua cova são do período diaguita clássico (1.200-1.470 d.C.). No total, o sítio El Olivar revelou 236 ossadas humanas.
    Foto de Maurício de Paiva

    Já Sotomayor, morto precocemente aos 42 em 2016, se dedicou a investigar documentos dos Los Dominicos (antiga ordem religiosa que registrou os fatos na época da chegada dos espanhóis) e do Arquivo Histórico Nacional. A busca revelou os primeiros mapas da cidade e os diferentes esquemas que havia sobre os canais de irrigação existentes em épocas pré-colombianas.

    Os resultados surpreenderam os dois. “A prova é irrefutável. Conclui-se que haveria existido um centro urbano do inca sob o centro histórico da cidade de Santiago”, diz Stehberg. “De lá saíam caminhos indígenas em distintas direções e a base de sustento era a hidroagricultura e a mineração de ouro e prata.” Revelou-se então que o império Inca, ou Tawantinsuyo na língua original quéchua, foi ainda maior do que se imaginava e ocupou regiões onde hoje ficam Equador, Bolívia, Peru, sul da Colômbia e norte da Argentina e Chile.

    A pesquisa, que a princípio se chamaria Novas informações sobre a presença incaica na bacia dos rios Maipo e Mapocho, foi intitulada, finalmente, de Mapocho Incaico.

    Espátula do período clássico, ou segunda fase, diaguita (1.200-1.470 d.C.) encontrada em um sepultamento no sítio de El Olivar, La Serena. O objeto era provavelmente usado para administrar alucinógenos.
    Foto de Maurício de Paiva

    Equipes de arqueólogos escavaram e encontraram o centro urbano inca enterrado onde hoje fica a Catedral de Santiago, na Plaza de Armas. Foram encontradas tumbas de governantes indígenas, importantes itens de cerâmica, artesanato e provas suficientes para confirmar não só a hipótese de Stehberg, mas também para revelar que a catedral foi construída sobre pedras incas do mesmo tipo das encontradas em Cuzco, no Peru.

    As escavações provaram que os incas não só estavam assentados na região, mas também mantinham um forte aparato administrativo e cultural. No entanto, com o passar do tempo, por que tal herança foi negada na moderna Santiago de hoje?

    A história é falsa

    De maneira quase simultânea, outros dois pesquisadores chilenos tentavam refutar a história oficial. O arqueoastrônomo Patricio Bustamante Díaz e o arqueólogo Dr. Ricardo Moyano apresentaram a pesquisa El Cuzco de Mapocho no Congreso de Arqueologia Chilena, na cidade de Arica, no Chile, apenas meses antes da publicação de Stehberg e Sotomayor.

    O artista chileno Ulises López (no alto), de La Serena, segunda cidade mais antiga do Chile, usa matérias-primas locais para criar cerâmicas baseadas no estilo diaguita. O cemitério indígena em El Olivar foi descoberto durante as obras de duplicação da rota CH-5 (acima). As obras foram suspensas e um trecho onde a rodovia seria construída foi embargado. No entanto, descendentes diaguitas reclamam que a área reservada para o cemitério é muito pequena e que eles não foram consultados antes da definição do projeto.
    Foto de Maurício de Paiva

    O estudo revelava que a tal cidadela tinha características próprias de Cuzco, a capital do império Inca – localização entre cursos de água (o rio Mapocho e Cañada), divisão em quatro partes por duas estradas principais, um monte sagrado e um possível sistema de ceques. Os ceques eram linhas que, neste caso, partiam da atual Plaza de Armas e organizavam as huacas, ou santuários, constituindo um complexo sistema espacial e espiritual que atribuía ao centro administrativo inca um caráter sagrado, extraído do sistema de observação astronômico-orográfico.

    “A história que nos contaram durante 500 anos é falsa”, diz Bustamante. “Quando Pedro de Valdivia funda Santiago, afirma que o faz sobre um terreno baldio, sem construções, sem muita vegetação nem riquezas”. Graças às investigações atuais, sabemos que todo o vale onde hoje está Santiago estava cultivado e contava com uma população indígena entre nove mil e 30 mil pessoas, de acordo com cronistas do século 16 como Jerónimo de Vivar e Diégo de Rosales.

    A cidadela contava com uma construção crucial: a kallanka inca – uma grande casa que normalmente pertencia a um governador. Tal construção só podia ser vista em território sob a administração do império Tahuantinsuyu – e não apenas dentro de sua influência, mas também sob seu ensino cultural. Isso prova que o local onde Pedro de Valdivia chegou não era destituído de organização ou civilização. Afinal, o conquistador escolheu construir sua casa sobre a Kallanca, uma provável evidência de sua localização estratégica e militarmente vantajosa.

    Esqueleto de jovem mulher da primeira fase diaguita (ánimas) junto com oferenda de camélido adulto (900 d. C.) em escavações no sítio El Olivar, em La Serena, Chile.
    Foto de Paola González
    Junto com Gabriel Cantarutti, a arqueóloga Paola González (acima) liderou as escavações no sítio El Olivar, em La Serena, norte do Chile. O trabalho durou mais de dois anos, mas ainda há muito o que desenterrar.
    Foto de Maurício de Paiva

    Ciente que as melhores trilhas foram construídas pelos indígenas, Valdivia as utilizou para traçar rotas comerciais espanholas. Inicialmente, ele assumiu a administração incaica, manteve zonas de cultivo, serviços de mensagens, extração de minerais e construções, agregando fortalezas e avanços próprios de uma cidade com vocação espanhola. “Valdivia fundou Santiago, impondo a civilização europeia à civilização local, como ocorreu em toda a América, apagando a memória do passado”, diz Bustamante.

    O grito de Olivar

    Em dezembro de 2015, a máquina rompia o terreno durante obras para pavimentar a estrada que liga La Serena a Vallenar, cerca de 450 km ao norte de Santiago, quando ossadas humanas começaram a aparecer. Uma área de dois hectares, equivalente a dois campos de futebol, foi imediatamente embargada. Tratava-se da maior descoberta arqueológica da história do Chile.

    As atividades de resgate começaram em um polígono de 380 metros de comprimento por 50 de largura e logo confirmaram o que habitantes de La Serena – especialmente a população do bairro Compañia Baja – já imaginavam: a região abrigava um antigo cemitério indígena. O trabalho foi encabeçado pelos arqueólogos Paola González e Gabriel Cantarutti, estendeu-se até agosto de 2017 e envolveu 70 profissionais (30 arqueólogos, 25 antropólogos físicos e 15 conservadores).

    Vista de Santiago e do rio Mapocho, do alto do morro São Cristóvão. Ao fundo, os Andes (no alto). Placa de bronze (acima) cunhada com mapa de Santiago baseado no plano urbano de Amadeo Frezier do século 18. O desenho urbano de Santiago, construída sobre a cidadela inca, está levemente desviada em relação ao eixo leste-oeste. Para o arqueólogo Ricardo Moyano é possível que isso tenha sido projetado pelos incas para observar a Lua, uma importante deidade, em períodos de equinócio.
    Foto de Maurício de Paiva

    Não foi a primeira vez que o sítio arqueológico El Olivar chamou a atenção de arqueólogos. Em 1929, o americano Samuel K. Lothrop também encontrou vestígios de uma cultura indígena na região. Mas ele não encontrou o grande cemitério escavado agora por González e Cantarutti – cujos trabalhos de campo revelaram parte importante da história sul-americana. As camadas do cemitério de El Olivar já ajudaram a contar 800 anos de história de ocupação pré-hispânica, desde 700 a 1.000 d.C. até a fase incaica da cultura diaguita, iniciada em 1450.

    O trabalho é, em termos de área (332 m²), a mais extensa escavação arqueológica da história do Chile, mesmo que isso represente apenas 2% da área total embargada. Estima-se que, no total, vestígios antigos estão espalhados por 40 hectares.

    De acordo com muitos arqueólogos chilenos, essa descoberta oferece uma oportunidade sem precedentes de revelar informações até agora desconhecidas do passado pré-colombiano do Chile. Poderemos finalmente conhecer a visão do mundo, origem e relações culturais entre a cultura diaguita, inca, ánimas, entre outras. Mas qual é o futuro dessas descobertas?

    Pesquisas publicadas nos últimos sete anos mostram que os espanhóis aproveitaram boa parte da estrutura construída pelos incas em Santiago. A Avenida Independência (no alto), hoje uma das vias mais importantes da capital, foi construída sobre uma antiga trilha que os incas utilizavam para viajar até Cuzco, no Peru. Até hoje, é um dos principais destinos de emigrantes peruanos, como estes que se apresentam no centro de Santiago (acima).
    Foto de Maurício de Paiva

    (Des) Proteção do governo

    Os diaguitas foram um conjunto de povos independentes que falavam um idioma único, o cacán, e habitavam desde o norte do Chile até todo o norte da Argentina. É possível que esse idioma em comum os permitiu que vagassem de uma região a outra criando lugares onde todos podiam descansar seus mortos.

    Gonzalez e Cantarutti descobriram mais de 214 corpos humanos e 50 camelídeos. Suas pesquisas falam dos diaguitas com voz clara: descrevem qualidade de vida, práticas econômicas, ritos funerários e a relação com a arte. Além disso, os restos evidenciam os laços estreitos entre diaguitas e incas.

    No entanto, há um vazio legal para proteger o patrimônio arqueológico do Chile – e El Olivar corre o risco de não conseguir preservar suas descobertas.

    Embora a legislação chilena toque no assunto ainda em 1925, a partir da primeira Lei sobre Monumentos Nacionais, somente no governo do presidente Salvador Allende (1970-1973) ela foi modificada para incorporar mais territórios, sítios, localidades, bairros ou populações e para proteger o patrimônio urbano em um olhar de conjunto e território. Além disso, o órgão responsável pela conservação dos patrimônios, o Conselho de Monumentos Nacionais, sofre uma deficiência crônica de verbas para conservar os monumentos históricos.

    A Plaza de Armas (no alto) era o ponto mais importante da cidadela inca que existia onde hoje é a atual Santiago. De lá, partiam linhas que organizavam os santuários e criavam um complexo sistema espacial e espiritual que atribuía ao lugar, um centro administrativo inca, um caráter sagrado. O bairro onde fica a igreja Recoleta Franciscana (acima) também faz parte da história antiga da cidade – restos datados em mais de 2 mil anos já foram encontrado na região.
    Foto de Maurício de Paiva

    Para Paola González, as descobertas em El Olivar precisam ficar próximas da população, em um museu público. “Seria perder uma oportunidade histórica de contribuir para a cidade, o país e toda a América Latina com um recurso arqueológico que ainda tem tanto para oferecer”, diz ela. Mais de 170 recipientes completos, artefatos de ouro e pedra e instrumentos musicais foram desenterrados. Apesar da importância do Museu de La Serena, González acredita que a grandeza material das descobertas é tamanha que El Olivar merece um espaço próprio, mas acredita que “a comunidade deve participar de uma discussão mais ampla e poder opinar sobre o destino final dessa descoberta”.

    “Por que a cidade de La Serena vai perder uma oportunidade histórica de contar com um lugar que também pode ser um importante atrativo turístico?”, acrescenta o arqueólogo Gabriel Cantarutti. “Talvez, anos atrás, essas temáticas chamassem pouca atenção, mas há um despertar por parte da população – o país foi mudando, há maior sensibilidade e as pessoas têm hoje mais curiosidade de conhecer nossas raízes identitárias.”

    Assim como a equipe de Stebergh, El Olivar grita hoje por reconhecimento e para evitar a negação de um passado que, às vezes, reaparece de diferentes formas. O trabalho da arqueologia no Chile não é somente resgatar artefatos do passado para contar uma história antiga, mas tomar esses vestígios para revelar histórias que nos ajudem a viver melhor no presente.

    Cortejo fúnebre no Cemitério Geral, em Santiago, Chile. A dificuldade que o país tem de enfrentar seu passado é um dilema recorrente nos países sul-americanos, inclusive no Brasil.
    Foto de Maurício de Paiva

    Finalmente, o que acontece em El Olivar e sua falta de apoio e orçamento, lamentavelmente nos lembra do ocorrido no Museu Nacional do Rio de Janeiro e o trágico incêndio que destruiu alguns das riquezas arqueológicas mais importantes da América do Sul. Se levarmos em consideração que, antes do desastre, uma grande exposição de dinossauros foi forçada a fechar depois de um ataque de cupins e que o local só reabriu graças a uma campanha de crowdfunding, fica evidente a falta de políticas culturais em toda a América Latina.

    A fragilidade das políticas culturais, a falta de apoio econômico e o pouco interesse das autoridades chilenas no patrimônio arqueológico ameaçam o que foi encontrado em El Olivar. Poderá ser evitado que a descoberta de Gonzalez e Cantarutti caia no esquecimento e suas descobertas transcendam ao futuro? As culturas diaguita e inca terão o reconhecimento que merecem no Chile? O tempo dirá.

    Cristian Aránguiz é jornalista chileno baseado em Miami, EUA. Maurício de Paiva é fotógrafo brasileiro colaborador da National Geographic Brasil, conheça mais do seu trabalho no Instagram. Parte da viagem do fotógrafo ao Chile foi custeada pelos arqueólogos Ruben Stehberg, Ana Maria Barón, Paola González, Daniela Bustamante y Patricio Bustamante.

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