Trabalho essencial – a Salvador que não parou na pandemia
Pescadores, feirantes, encanadores, ambulantes, seguranças, motoristas – série de retratos homenageia os moradores da capital baiana que não tiveram escolha e seguiram ativos durante toda a crise sanitária.
“Quem quer trabalhar nessas condições? Mas eu não tenho alternativa, não posso ficar em casa”. O desabafo é do vendedor de bananas Pascoal Estevão, 65, um dos milhões de trabalhadores do Brasil que, a despeito da tenebrosa pandemia que assola o mundo, precisam sair às ruas todos os dias para garantir o sustento de suas famílias. São motoristas de ônibus, garis e seguranças, artesão e feirantes como os retratados pelo fotógrafo italiano Antonelli Veneri nas ruas de Salvador, Bahia.
No Dia do Trabalhador, a National Geographic mira os homens e mulheres para quem o isolamento social não é uma opção. Invisíveis aos olhos de alguns – e certamente não tão citados quanto os vitais profissionais da saúde –, estes trabalhadores também são essenciais para o funcionamento do nosso dia a dia. “As pessoas consideram meu trabalho uma coisa suja. Agora, espero que entendam como isso é importante”, aponta o técnico de esgoto Ivanildo Pereira, 46, conhecido por Salu Blackie.
“Quis homenagear essas trabalhadoras e trabalhadores, em sua maioria negros, que fazem a cidade de Salvador funcionar”, conta o fotógrafo Antonelli Veneri. Ele lembra que, em muitos momentos, havia apenas ele e os fotografados circulando nas ruas da capital baiana. O resultado desses encontros são um retrato preciso de um país em que a desigualdade é soberana. “Acho importante contar as histórias das pessoas que não tiveram alternativa e estão se expondo à contaminação pelo vírus para suprir as nossas necessidades”, diz Veneri.
Antonelli Veneri é um fotógrafo italiano que vive em Salvador, Bahia. Conheça mais do seu trabalho no Instagram.