Por que o Yom Kipur é o dia mais sagrado do calendário judaico?

Este dia de expiação é o último dos dias sagrados judaicos do ano – e oferece oportunidade para se mudar o destino por meio da oração, arrependimento e caridade.

Por Erin Blakemore
Publicado 4 de out. de 2022, 14:40 BRT
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Yom Kipur é o dia mais sagrado do calendário judaico e é um momento dedicado à expiação por meio do jejum e orações. Nesta imagem, judeus ultraortodoxos rezam no Muro das Lamentações durante o Yom Kipur, na Cidade Velha de Jerusalém.

Foto de Xinhua Li Rui, Getty

Da culpa ao luto e da abnegação à resolução, o Yom Kipur é o mais emocionante dos dias sagrados da fé judaica – uma época de celebração iniciada com o Rosh Hashaná, o Ano-Novo judaico.

O Yom Kipur, dia mais sagrado do ano judaico, significa “Dia da Expiação”. Ocorre no décimo dia de Tishrei, primeiro mês do ano civil e sétimo mês do ano religioso no calendário hebreu lunissolar. Neste ano, o Yom Kipur será comemorado em 10 de Tishrei de 5783 – correspondendo a 4 e 5 de outubro de 2022, no calendário gregoriano.

Origens e significado do Yom Kipur

Conta a tradição que o feriado se originou com o profeta Moisés. Depois que Deus transmitiu a Moisés os Dez Mandamentos no alto do Monte Sinai, o profeta voltou aos israelitas. Durante sua ausência prolongada, o povo havia começado a venerar a imagem de um bezerro feita em ouro, considerado um falso ídolo. 

Com raiva, Moisés quebrou os mandamentos, inscritos em pedra e retornou para a montanha para orar pelo perdão de Deus para si mesmo e para seu povo. Moisés voltou com outra inscrição dos Dez Mandamentos – e o perdão de Deus a Israel.

O Yom Kipur trouxe o fim dos Dias de Temor, ou Dias de Penitência, que começam com o Rosh Hashaná, o Ano-Novo judaico. Durante esse período de 10 dias, acredita-se que seja possível influenciar os planos de Deus para o próximo ano. 

Na Mishná, o texto legal que determina a vida diária judaica, Deus é retratado inscrevendo nomes de pessoas em um dos três livros sobre Rosh Hashaná: um livro que registra os nomes dos justos, um livro dos perversos, e um livro dos medianos, aqueles que não são totalmente maus nem justos.

Os judeus acreditam que, por meio de atos de oração, penitência e caridade durante os Dias de Temor, podem influenciar Deus, mudando seu julgamento antes que os livros sejam selados no Yom Kipur.

Como é comemorado o Yom Kipur

O feriado inicia no pôr do sol e termina no poente do dia seguinte. O trabalho é proibido e a expiação dos pecados do ano anterior é expressa por meio de “aflições”, como jejum, não se lavar, não tomar banho, não manter relações sexuais, não usar sapatos de couro e não aplicar loções nem cremes. 

Embora nem todos os judeus pratiquem todos os rituais da data, ela é considerada o único feriado em que muitos judeus não praticantes vão à sinagoga. 

A sinagoga é parte crucial do Yom Kipur, oferecendo cinco cultos de oração. Durante cada um deles, a congregação confessa seus pecados coletivamente. Alguns participantes usam roupas brancas ou um kitel, vestimenta branca que simboliza uma mortalha, o vestuário de anjos e a pureza do perdão.

O primeiro culto, realizado ao pôr do sol, inclui a declaração de Kol Nidrê, na qual a congregação ora para que quaisquer votos feitos a Deus e não concretizados durante o próximo ano sejam declarados nulos e sem efeito. Acredita-se que a declaração tenha passado a integrar a cerimônia como forma de permitir que judeus que sofreram conversões forçadas retornassem à sua fé no dia da expiação. Historicamente, isso serviu como um pretexto para o antissemitismo entre aqueles que afirmam que oferece ao povo judeu uma permissão geral para ignorar suas promessas (não oferece).

Como a tradição judaica determina que Deus julga tanto os mortos quanto os vivos, o primeiro culto diurno inclui o Yizkor, um culto de luto em que é recitada uma oração em nome de pais ou entes queridos falecidos. Os sobreviventes também prometem realizar atos de caridade na esperança de assegurar um julgamento positivo de Deus a seus entes queridos.

Durante o último culto, que representa o “fechamento” dos portões do paraíso e o selamento do livro de Deus, aqueles que podem permanecer em pé assim permanecem, e toda a congregação volta a se dedicar aos preceitos espirituais do judaísmo por meio da prece.

Quando as últimas orações do Yom Kipur cessam, é tocado o shofar, um chifre de carneiro, indicação de que o perdão de Deus foi concedido e que o jejum de 25 horas foi encerrado. Os membros famintos da congregação retornam a suas casas para quebrar o jejum com a família e amigos. Nos Estados Unidos, uma refeição clássica do Yom Kipur para encerrar o jejum é como um brunch, com pães bagels, peixe defumado e petiscos salgados e doces.

Nota do editor: esta matéria foi publicada originalmente em 25 de setembro de 2020. Ela foi atualizada.

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