A astrologia é uma ciência?

Conheça os requisitos que a astrologia teria que cumprir para receber esta definição.

Uma imagem composta colorida captura a Nebulosa do Véu.

Foto de NASA ESA STScI/AURA
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 6 de jan. de 2023, 11:50 BRT

A astrologia não é uma ciência e não tem o mesmo grau de validade da astronomia, com a qual é frequentemente comparada, afirma o artigo Por que a Astrologia Não É Uma Ciência?, publicado pela revista científica argentina Si Muove, em 2014.

De acordo a publicação, a astrologia pode ser enquadrada como pseudociência. Os autores apontam que esta doutrina, assim como a homeopatia, a parapsicologia ou a ufologia, conflita com os propósitos, abordagens, critérios, métodos e valores sustentados pelas ciências.

O texto explica que a astrologia constrói modelos sobre o mundo, ou seja, desenvolve formas teóricas de representar e interpretar a realidade física ou cultural para, assim, compreendê-la, controlá-la e transformá-la. 

Mas esses modelos construídos não são verdades imutáveis, o que faz com que acabem se transformando de acordo com as evidências disponíveis em cada momento.

O que é uma pseudociência?

De acordo com o artigo, pseudociência é aquilo que está em contradição (pelo menos parcialmente) com a ciência e também se apresenta de forma ilegítima e enganosa. Nestes casos, "aparece a intenção de propagar ou legitimar doutrinas”, esclarecem os autores do texto.

O artigo recorda que ciência é aquilo que se utiliza de investigações críticas e sistemáticas - o que não ocorre em uma pseudociência. 

Por que a astrologia não é uma ciência?

O artigo aponta que enunciados ou teses devem ser falsificáveis  para serem considerados científicos. Ou seja, devem ser postos em conflito explícito com observações existentes ou concebíveis. A astrologia, conforme o documento, não é falsificável "por causa da imprecisão e generalidade de suas afirmações, que a protegem da crítica e da possibilidade de revisão", adverte a publicação de 2014.

Os estudiosos ainda questionam o caráter milenar da astrologia, que não é suscetível a progressos técnicos e revisões conceituais. Além disso, a astrologia acomoda evidências já conhecidas, sem capacidade de fazer previsões surpreendentes com suporte de investigações.

O artigo menciona ainda sete características das pseudociências – e sugere como a astrologia se identifica com elas, o que afasta, de vez, a ideia de base científica para ela:

  1. Crença exagerada na autoridade baseada, principalmente, na tradição: "Na astrologia os clássicos são invocados como fonte do conhecimento fundamental da disciplina, sem usar razões posteriores como formação, instituição de origem, publicações ou realizações avaliáveis ​​desses personagens";
  2. Experimentos e observações não-repetíveis, com a ocorrência de casos únicos: na astrologia, adverte o documento, abundam os casos únicos e as exceções ocorrem em excesso, com as generalizações tendo caráter anedótico, acidental ou arbitrário;
  3. Seleção intencionada de exemplos: os autores sustentam que a astrologia apoia suas afirmações em uma variedade restritiva de casos, muitas vezes interpretados de forma literal;
  4. Evita mecanismos de teste rigorosos: somado ao item anterior, esta doutrina “evita situações que sirvam para testar genuinamente suas explicações e previsões”;
  5. Desconsideração de informações contraditórias: as refutações de que a astrologia encontra seu caminho são consistentemente minimizadas, aponta o documento;
  6. Subterfúgios com proteção: somado a isso, “a construção das previsões astrológicas possuem linguagem ambígua e de pouca precisão, que protege os fundamentos de serem questionados, e dá a sensação de que alcançam sucessos preditivos”, refletem os autores;
  7. Abandono de explicações sem substituição: uma última característica das pseudociências que seria aplicada à astrologia está ligada ao fato de que “elementos contraditórios ou problematizados são abandonados com poucas tentativas de fornecer explicações alternativas ou conceituações substitutas”, conclui o artigo.

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