Como baleias e golfinhos podem ser prejudicados com a aprovação de novo canhão de ar sísmico

Os conservacionistas estão preocupados especialmente com a baleia-franca-do-atlântico-norte, uma espécie à beira da extinção.

Por Sarah Gibbens
Publicado 16 de dez. de 2018, 09:30 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Uma baleia-franca-do-atlântico-norte abre a boca para buscar alimento na superfície. Sua oferta de alimentos pode ser ...
Uma baleia-franca-do-atlântico-norte abre a boca para buscar alimento na superfície. Sua oferta de alimentos pode ser comprometida pelas explosões com canhões de ar sísmicos.
Foto de Brian J. Skerry, Nat Geo Image Collection

Cinco empresas de petróleo e gás receberam sinal verde para realizarem explosões com canhão de ar sísmico para a prospecção de lucrativos depósitos de petróleo e gás que podem estar enterrados no fundo do mar de Nova Jersey até a Flórida, nos EUA.

A proposta foi rejeitada pela Secretaria de Administração de Energia Oceânica em 2017, após ser considerada prejudicial à vida marinha, mas uma revisão recente da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) concluiu que é possível realizar as explosões sem ameaçar significativamente o status populacional das espécies ameaçadas. O intuito da investigação da NOAA era avaliar se a atividade violava ou não a Lei de Proteção aos Mamíferos Marinhos.

Os grandes mamíferos marinhos, como baleias e golfinhos, utilizam o som para se comunicar, se alimentar e acasalar, o que significa que as explosões poderiam causar impacto nessas três atividades essenciais.

As explosões podem causar prejuízos à pesca comercial, embora os conservacionistas estejam preocupados especialmente com as baleias-francas-do-atlântico-norte, com apenas 450 indivíduos restantes.

Para mitigar o impacto na vida selvagem, a NOAA diz que explosões sísmicas não serão permitidas de novembro a abril em determinadas regiões do Atlântico consideradas destino de migração das baleias-francas-do-atlântico-norte. Além disso, os barcos que realizam operações sísmicas precisarão ter um observador da NOAA a bordo para monitorar a extração incidental.

Numa coletiva de imprensa, o biólogo Benjamin Laws, diretor de Pesca de Recursos Protegidos da NOAA, diz que os observadores avisarão quando as baleias estiverem nas proximidades e que não serão permitidas explosões em um raio de 90 quilômetros de onde estiverem localizados os mamíferos marinhos ameaçados de extinção.

Diane Hoskins, da Oceana, explica que isso não será suficiente para proteger a espécie, observando que o som dessas intensas explosões pode percorrer mais de 3.218 quilômetros.

Laws diz que a decisão da NOAA para a concessão das autorizações de extração incidental também considera os possíveis impactos sobre as espécies que servem de alimento para os mamíferos marinhos. Eles avaliaram que as explosões não seriam tão prejudiciais a ponto de afetar a quantidade de alimento disponível.

Um estudo publicado no segundo semestre constatou que os menores membros da cadeia alimentar do oceano podem ser mortos por explosões de ar sísmicas. Descobriu-se que o zooplâncton—pequeninas criaturas, como bebês de água-viva, crustáceos e larvas—sofreu uma diminuição de 64% a mil metros da explosão.

Além dos riscos para a vida selvagem, os ambientalistas estão preocupados com o fato de que as explosões sísmicas estejam abrindo as portas para perfurações de petróleo e gás no oceano atlântico, uma questão altamente controversa. Em novembro passado, a Flórida proibiu as perfurações marítimas, uma medida que está alinhada com os 300 municípios e 2 mil oficiais locais que se opuseram formalmente à perfuração marítima.

Os canhões de ar sísmicos foram utilizados na região para prospecção de petróleo pela última vez na década de 1980 e, desde então, são utilizados apenas no norte do Atlântico para pesquisas acadêmicas. No entanto, as autorizações são revisadas regularmente para exploração no Golfo do México e na costa oeste.

Desafios jurídicos podem surgir conforme as empresas visam locais de perfuração marítima.

“A Costa do Atlântico pode acabar deixando de ser uma região de cidades litorâneas e se tornar uma região petrolífera,” diz Hoskins. “Vamos buscar todas as ferramentas disponíveis para lutar contra isso".

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