Como o mercúrio contamina o meio ambiente e quais as consequências

O mercúrio é um metal usado em atividades humanas, como a mineração. Mas seu acúmulo é perigoso: polui águas e plantas, e gera graves problemas de saúde.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 13 de fev. de 2023, 17:04 BRT

Depois de triturar o minério de ouro, um mineiro mistura ouro com mercúrio usando uma “batea”.

Foto de Cédric Gerbehaye

O mercúrio é um metal que ocorre naturalmente na crosta terrestre e pode ser encontrado tanto em forma de minério como em estado líquido. Entretanto, por suas características químicas, esse metal é muito usado em processos industriais e outras atividades humanas que acabam contaminando o meio ambiente

Segundo explica Anne Hélène Fostier, oceanógrafa e livre docente do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, o principal impacto da poluição por mercúrio está na saúde dos seres vivos que entram em contato com o metal de várias formas. 

Como o mercúrio polui o ambiente

Segundo a professora, que desenvolve pesquisas na área de química ambiental voltada especialmente para contaminantes inorgânicos, o mercúrio age de quatro formas principais quando em contato com o ambiente – todas elas poluentes. 

A mais expressiva forma de contato do mercúrio com o entorno é através da mineração de ouro, também chamada de garimpo. A professora explica que o metal é usado por garimpeiros para separar as partículas de ouro impregnadas no solo. “O mercúrio tem afinidade química com metais nobres, fazendo com que ele se ligue ao ouro ou à prata, por exemplo”, explica ela. Desta forma, fica mais fácil identificar a substância que é valiosa. 

O método de garimpo que usa mercúrio é muito utilizado, por exemplo, na Amazônia, acrescenta a pesquisadora, onde o ouro é encontrado como finas partículas no solo do fundo dos rios da região. 

Já entre as outras formas pelas quais o mercúrio acaba indo parar no meio ambiente, destacam-se: 

  • Emissões industriais: algumas indústrias, como as de cloro e cianeto, são responsáveis por grandes quantidades de emissões de mercúrio no ar. Os processos industriais utilizam o elemento para a produção das substâncias em que parte desses insumos são perdidos no meio ambiente.  
  • Queima de combustíveis fósseis: a queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural, também liberam mercúrio na atmosfera.
  • Despejo de resíduos: descarte inadequado de lâmpadas fluorescentes, baterias e outros equipamentos que contêm mercúrio pode resultar na liberação desta substância no solo e na água.
  • Queima de vegetação: plantas podem absorver mercúrio na forma de gás na atmosfera, assim como absorvem o gás carbônico. Quando queimadas, elas voltam a liberar o metal no ar. 

Como o mercúrio contamina os seres vivos

De acordo com Fostier, a contaminação de um rio ou um lago por mercúrio pode levar à morte de diversos organismos. Isso porque, uma vez que o metal entra em contato com ambientes aquáticos ele é metabolizado por certos microrganismos, como algumas bactérias, que combinam o elemento com carbono formando o metilmercúrio, a forma orgânica do metal. 

“O metilmercúrio é a forma mais tóxica e prejudicial do mercúrio e ele não só é absorvido por plantas e animais como também pode ser acumulado, em um processo chamado de bioacumulação”, diz a professora. 

A bioacumulação acontece quando seres vivos absorvem e acumulam substâncias tóxicas. No caso do mercúrio, essa soma é maior proporcionalmente ao nível da cadeia alimentar em que o organismo está. Em outras palavras, quanto mais alto o animal está na cadeia alimentar, mais mercúrio ele acumula por haver ingerido seres vivos que também foram contaminados com o metilmercúrio. 

“Peixes carnívoros, por exemplo, têm uma concentração mais alta de mercúrio no organismo do que herbívoros que, por sua vez, têm mais mercúrio do que plantas aquáticas”, afirma Fostier. 

Seguindo esta lógica, aquele que está no topo da cadeia alimentar é o mais afetado por contaminação por mercúrio. E, no caso, seria o humano. 

Como o mercúrio afeta a saúde

Segundo a professora da Unicamp, a intoxicação de pessoas por mercúrio pode ocorrer pela ingestão de alimentos contaminados (peixes com alta concentração de mercúrio, por exemplo), ou pela inalação ou exposição cutânea, quando o metal é absorvido pela pele em contato direto. 

“O mercúrio é um neurotóxico potente e pode causar danos ao sistema nervoso central, tremedeira, problemas de coordenação motora, insônia e pode levar à morte em casos agudos”, diz Frontier. 

Além disso, a pesquisadora também afirma que o mercúrio é perigoso para gestantes e mulheres que estão amamentando. “No corpo da mãe, o metilmercúrio, principalmente, tem um efeito teratogênico, ou seja, ele é capaz de ser transmitido para a criança”, diz. 

Segundo ela, o mercúrio tem a capacidade de passar para o feto durante a gestação através da placenta, o que pode levar a problemas de malformação. Já para o recém-nascido, o mercúrio chega pelo leite materno e pode fazer com que a criança tenha deficiências neurológicas. 

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