Pantanal

Santuário da biodiversidade brasileira, Pantanal sofre com a ação humana

Conhecido pelos répteis, aves e vida aquática abundante, bioma apresenta maior densidade de espécies de mamíferos por km² do mundo.

É mais fácil encontrar jacarés nos estados do Pantanal do que em qualquer outro local do mundo. Eles são vistos com frequência em parques municipais de Cuiabá (MT) e pelos menos 25 deles vivem em um lago da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Contudo, as duas espécies que habitam a região, o jacaré-do-pantanal e o jacaré-de-papo-amarelo, não são exclusivos do bioma. Na realidade, quase nenhuma espécie da fauna de vertebrados pantaneira é endêmica. Incrustado entre a Amazônia, ao Norte; o Chaco de Paraguai e Bolívia, a Oeste; e o Cerrado, ao Leste e Sul, o Pantanal herdou sua biodiversidade de todos os vizinhos, além de contar com uma ajudinha da Mata Atlântica.

Mapa do bioma Pantanal
Em área, o Pantanal é o menor dos biomas do Brasil e possui poucas espécies endêmicas. No entanto, por ser um dos melhores conservados, abriga alta densidade de espécies animais.

Menor dos biomas brasileiros, o Pantanal possui uma área de 150 mil km², o que equivale a menos de 2% do território do país, e está distribuído entre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. “O Pantanal é um grande ecótono na América do Sul”, diz Erich Fischer, professor do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da UFMS. Um ecótono é uma zona de transição que pode ser tanto local, como o encontro de dois tipos de vegetação diferentes dentro de uma mesma floresta, quanto continental. Áreas assim costumam ter uma riqueza de espécies maior, já que recebem indivíduos de mais de um ambiente. “Como zona de transição, o Pantanal se encaixa mais como uma área de Cerrado inundável, porque a fisionomia predominante é de gramíneas e poucas florestas”, explica Fischer. “Nesse ínterim, há tanto espécies amazônicas ao norte do Pantanal quanto outras do Charco e do Cerrado.”

O Pantanal é como um caçula entre os biomas, pelo menos do ponto de vista geomorfológico. Ele surgiu há pouco tempo em comparação com a Amazônia, por exemplo. Por conta disso, não houve um intervalo evolutivo grande o suficiente para que plantas ou animais passassem por um processo de especiação, ou seja, evoluíssem até se tornarem endêmicas. Para completar, há uma grande instabilidade climática, o que demanda que animais e plantas que lá habitam sejam muito adaptáveis. Sim, o Pantanal tem muita água, mas chamá-lo de maior região inundável do mundo é um erro, como corrige o biólogo José Sabino, professor da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp), em Campo Grande, e coordenador do projeto Peixes de Bonito. De acordo com o livro The world’s largest wetlands – Ecology and conservation, o título cabe à planície ocidental da Sibéria. O Pantanal aparece apenas em sexto lugar. No entanto, em igual medida, o bioma experimenta períodos de seca severas.

Jacaré-do-pantanal

Nome científico: Caiman yacare

Tamanho: 2,5 a 3 m

Peso: 300 kg


Risco de extinção (IUCN):

Pouco preocupante

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Curiosidade:

Caçado aos milhões pelo valioso couro – matéria-prima de luxuosas peças de vestuário – o jacaré-do-pantanal se recuperou a partir de 1992, quando leis proibíram caça e comércio da pele.

Por conta disso, a área compõe uma diagonal da seca na América do Sul, que desce da Caatinga, passa pelo Cerrado, atravessa o Pantanal e chega ao Chaco, explica Sabino. Mas, quando chove, o cenário muda. “O Pantanal é como um coliseu”, diz o professor da Uniderp. Uma imensa planície circundada por um planalto composto por inúmeras serras e formações montanhosas. Dentro dessa planície, o declive é quase inexistente, de 1 ou 2 cm por quilômetro, do Norte ao Sul e do Leste ao Oeste. Com isso, as chuvas que descem a bacia do rio Paraguai transbordam para o campo e criam a cena clássico do bioma inundado.

É justamente a alternância entre períodos de escassez e abundância de água que resulta na riqueza do bioma. “Essa mudança constante de situação, com inundações e secas se intercalando ao longo do ano, favorece uma maior produtividade primária, a conversão de luz solar em energia e biomassa, em especial vegetal e microbiana, levando a um suporte maior para todo o resto da cadeia alimentar”, diz Walfrido Moraes Tomas, pesquisador do Laboratório de Vida Selvagem da Embrapa Pantanal, em Corumbá (MS).

Muita vida, pouco endemismo

O resultado é uma abundância de recursos e suporte para populações numerosas de grande parte das espécies animais. Por isso a facilidade na observação de jacarés. Entre os mamíferos, há 151 espécies, nenhuma endêmica. O número é bem abaixo do encontrado na Amazônia (400) ou Mata Atlântica (279) – há que se notar que a área do Pantanal é muito reduzida em comparação a estes dois biomas.

Análise publicada por um grupo de pesquisadores liderados por Tomas no livro The Pantanal: Ecology, biodiversity and sustainable management of a large neotropical seasonal wetland, de 2011, mostra que a densidade de espécies de mamíferos por km² no Pantanal é a maior do mundo: 0,74, contra 0,09 na Amazônia e 0,24 na Mata Atlântica.

Ariranha

Nome científico: Pteronura brasiliensis

Tamanho: 100 a 120 cm (sem cauda)

Peso: 22 a 34 kg


Risco de extinção (IUCN):

Em perigo

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Curiosidade:

Maior lontra do mundo, a ariranha passa a maior parte do tempo na água e se alimenta de peixes. Os filhotes nascem em tocas nas margens de rios e aprendem a nadar depois de dois meses.

“As espécies de mamíferos que mais chamam a atenção por aqui são a onça-pintada, a ariranha e o cervo-do-pantanal”, afirma Tomas. “São animais grandes, visíveis e bastante raros fora da região. Mas também existem outras espécies fáceis de serem observadas e que podem ser consideradas atrativas, em função da abundância, como o veado-campeiro e os queixadas.”

O pesquisador atenta para o curioso fato de que há pouquíssimas espécies de primatas no bioma. Um dos poucos encontrados é o bugio-preto, com presença de outras quatro espécies como o macaco-prego e o macaco-da-noite nas extremidades da região. De qualquer forma, um bom exemplo de como o ciclo de seca e cheia interage com a vida animal são as poças d’água e lagoas – chamadas de baías pelos pantaneiros – formadas após a inundação recuar. Por ali, ficam presos em um espaço restrito inúmeros peixes, um banquete ao alcance do bico para as 640 espécies de aves encontradas no bioma, entre elas o emblemático tuiuiú, também chamado de jaburu.

De novo, o endemismo é praticamente inexistente. “Há duas espécies supostamente endêmicas do Pantanal, mas não temos estudos para comprovar se ocorrem em outras áreas”, diz o ornitólogo e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) João Pinho.

O cenário é recorrente. Da mesma forma, Vanda Lúcia Ferreira, pesquisadora da UFMS que trabalha com répteis e anfíbios, conta que há relatos de algumas poucas espécies endêmicas, como uma serpente na região de Bonito (MS) e um sapinho encontrado nos arredores de Corumbá (MS). No entanto, como acontece em outras regiões, eles não foram amostradas de forma significativa e a expectativa é de que ambos também possam ser encontrados fora do Pantanal. Ferreira contabilizou cerca de 130 répteis e 52 anfíbios. Dentre estes, destaca-se o sapo com chifres de Cranwell, cuja vida é regida pelas chuvas.

“É fácil perceber – na seca, está um silêncio. Quando começa a armar chuva, mudança de tempo e de pressão atmosférica, os bichos começam a cantar, vira aquela confusão. Parece que brotam do chão”, diz Ferreira. De certa forma, explica ela, brotam mesmo. Os sapos dessa espécie se enterram em um processo chamado de estivação quando não há chuvas. “Ele diminui o metabolismo de modo a gastar energia apenas para as necessidades básicas e a partir do momento que sentem que o ambiente está propício, através da umidade no solo, voltam à atividade para se alimentarem e reproduzirem.”

No Brasil, o sapo com chifres de Cranwell é encontrado apenas no Pantanal e em pequenas áreas residuais de Chaco. Ele tem esse nome por conta de duas pequenas protuberâncias na cabeça. É um animal grande para um sapo, e conta também com uma bocarra. Soma-se aos aspectos físicos o fato de o anfíbio ser carnívoro e devorar pequenos vertebrados. Assim, ele não escapou de um apelido curioso: sapo Pacman.

Vitória-régia

Nome científico: Victoria amazonica

Diâmetro: 2,5 m

Curiosidade:

As sementes que viram pipoca, o talo que pode ser consumido como picles e a flor que tem gosto semelhante ao de endívia são ingredientes da vitória-régia explorados por chefs.

Gigantes das águas

É difícil falar em cobras no Pantanal e não pensar nas sucuris, por lá encontradas em duas espécies: a sucuri-amarela e a sucuri-verde (ou anaconda-verde). As sucuris habitam rios e áreas alagadas e são constritoras, ou seja, não usam veneno para matar suas presas, mas enrolam-se nelas e as esmagam. Por conta de suas dimensões avantajadas, há relatos de exploradores que dão conta de animais gigantescos, assim como a ficção tratou de transformá-las em monstros sanguinários.

Outro lugar onde fazem sucesso é no Youtube. Não é difícil ver vídeos populares que afirmam ter encontrado espécimes de até dez metros. “As pessoas aumentam muito, fala que um bicho tem 30 metros. Mas na verdade tem cinco”, nota Ferreira. “O máximo que a gente vê entre as sucuris-amarelas é quatro metros, e o mais comum é dois.” No entanto, lembra a professora, trata-se de um animal com crescimento indeterminado, mesmo depois de adulto. Isso significa que, em regiões ermas, é possível existir gigantismo na espécie. Mas o contato entre esses animais e os humanos tem aumentado. Para as cobras, o resultado dos encontros costuma ser a morte. “Relatos de servidores antigos da universidade dizem que, quando construíram a estrada de Corumbá (BR-262, iniciada em 1979), era difícil passar pela rodovia sem matar animais, principalmente as sucuris”, conta Ferreira.

Ainda assim, pode ser que os encontros vistos no Youtube tragam alguma verdade. Christine Strüssmann, professora da Faculdade de Medida Veterinária e da pós-graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade e Zoologia da UFMT, diz que é plausível estimar o tamanho dos animais em alguns desses registros em seis, sete e até oito metros. “É impressionante as centenas de vídeos de encontros com sucuris na internet”, diz ela. “No extremo norte de Mato Grosso, e também no Acre, já na região amazônica, às vezes encontra-se tais cobras com até oito metros”. Segundo Strüssmann são sucuris-verdes, de maior porte. Ao longo dos anos, a pesquisadora tem analisado registros históricos de peles desses animais, como fotografias antigas. “Por conta da pressão pelo couro, é possível que espécies maiores tenham sido extintas”, comenta ela.

Cervo-do-pantanal

Nome científico: Blastocerus dichotomus

Tamanho: 1,8 e 1,9 m

Peso: 110 a 120 kg


Risco de extinção (IUCN):

Vulnerável

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Curiosidade:

Maior cervídeo da América do Sul, apenas os machos possuem galhadas. O casco é dividido em duas partes, mas coberto por uma membrana interdigital que facilita a locomoção em áreas alagadas.

Diversidade submersa

Dentro dos rios pantaneiros não há apenas cobras, é claro. A região é um dos principais destinos do turismo de pesca no Brasil pela abundância de espécies encontradas. Entretanto, o número de peixes diminui consideravelmente quando o período de seca se estende.

Entre as 320 espécies encontradas no bioma – incluindo as águas no planalto ao redor da planície –, destacam-se 30 entre as mais procuradas para a pesca esportiva. Como exemplos clássicos, há o pintado, o dourado e o jaú, um bagre que chega a pesar mais de 100 kg. Bem menores são os dois peixes endêmicos do Pantanal, os cascudos Loricaria coximensis *e *Ancistrus formoso. “Este último é um peixe de caverna, nativo da Serra da Bodoquena. Trata-se de um cascudo albino, bem diferente do que estamos acostumados”, conta o professor José Sabino, da Uniderp.

Também não se pode deixar de citar as piranhas, animal que desperta quase tanto fascínio quanto a sucuri. Sabino desfaz o mito de uma clássica expressão idiomática brasileira: o boi de piranha. A ideia é que, quando os pantaneiros movimentavam o gado na época da cheia até pastagens mais secas, sacrificavam um boi para as piranhas, de modo que o restante do rebanho atravessasse o rio incólume. “Quem iria desperdiçar um boi inteiro?”, ri ele. “Isso não existe”. Sabino explica que a piranha é muito territorial e agressiva na defesa dos seus filhotes, então é comum ver pescadores sem pedaços do dedo ou do calcanhar.

Mas o peixe mais temido pelos humanos é a arraia, responsável por entre 16% e 18% dos acidentes, dependendo da região do Pantanal. A ferroada de uma arraia causa uma dor lancinante que dura horas e ferimento que demora até três meses para cicatrizar. Quatro espécies diferentes de água doce vivem no bioma – são 25 no Brasil. “O curioso é que elas são aparentadas das arraias do Pacífico”, diz Sabino. Antes da formação dos Andes, o rio Amazonas corria tanto para leste, rumo ao Atlântico, quanto a oeste, para o Pacífico, e foi de lá que estes peixes vieram para o Brasil continental. Mais um exemplo de como a biodiversidade pode ajudar a compreender a história da Terra.

Tuiuiú

Nome científico: Jabiru mycteria

Tamanho: 1,4 m

Peso: 8 kg


Risco de extinção (IUCN):

Pouco preocupante

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Curiosidade:

Considerados cegonhas, os tuiuius constroem ninhos que são verdadeiras obras de engenharia animal. As estruturas aguentam uma pessoa adulta e há registros de ninhos com 3 m de diâmetro.

Paisagem exuberante e ameaçada

Em relação a outros biomas brasileiros, uma particularidade do Pantanal é a facilidade para se avistar a abundância da vida animal. A soma de alto número de indivíduos de espécies maiores com uma vegetação aberta faz com que os passeios pela região seja garantia de encontros impressionantes. “Se você quiser ver aves, vai ver milhares de aves, além de muitas espécies de mamíferos, como veados-campeiros”, diz Vanda Lúcia Ferreira. “É uma fauna que não é vista tão facilmente em outros lugares, sem contar a beleza cênica da época inundada”, diz Erich Fischer, professor da UFMS.

Catia Nunes da Cunha, professora da UFMT e pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas, usa o mesmo termo: “beleza cênica”. Do ponto de vista da vegetação, essa beleza é multiplicada por conta da grande variedade de arranjos de solo e da quantidade de água que eles recebem ano a ano. Cunha classificou 77 macro-habitats de flora. “Criam-se arranjos de flora diferenciados: a amplitude ecológica de cada espaço permite viver intervalos do ciclo de águas em uma condição favorável”, explica ela. Ao todo, são 2 mil espécies vegetais no bioma, 400 delas árvores lenhosas e o restante arbustos, trepadeiras e principalmente herbáceas.

Grande parte dessa diversidade vem do Cerrado, mas também há remanescentes do que a pesquisadora chama de dry forest, uma floresta de árvores secas que data do Pleistoceno, mais de 10 mil anos atrás, quando o mundo atravessou um longo período de secas. “Isso desenvolveu toda uma flora bastante ligada à condição de falta d’água”, diz a pesquisadora. A última área relictual dessa dry forest no Pantanal, aliás, corre perigo. Depois que duas outras matas semelhantes foram impactadas após alterações no rio Taquari, em Mato Grosso do Sul, uma floresta próxima à Barão de Melgaço é ameaçada pela atividade madeireira. “Isso não poderia acontecer, é uma área importantíssima para explicar a história, uma coisa isolada que sobrou do tempo”, observa Cunha. “Tem até mogno dentro dessa floresta.”

Ainda que não tão ameaçada quanto Amazônia e Cerrado, e nem tão devastada quanto Caatinga e Mata Atlântica, o Pantanal também sofre com a pressão antrópica. Em Bonito, paraíso turístico em Mato Grosso do Sul onde turistas nadam em águas cristalinas no meio de milhares de peixes, a intensificação da agricultura descuidada tem feito com que os rios se tornem turvos.

É um exemplo de como a complexidade hidrológica do Pantanal é ameaçada, inclusive pelo que ocorre no entorno do bioma. “Tudo que acontece em volta vem para cá. Se há uso inadequado da terra, quando chover, haverá o assoreamento dos rios”, diz a professora Vanda Lúcia Ferreira. O grande risco é que o resultado seja uma alteração na dinâmica de cheias e secas. No alto da bacia do rio Paraguai, há a previsão de instalação de 115 pequenas centrais hidrelétricas.

Como grande planície alagável que é, o Pantanal começa a encher com as chuvas de novembro. Em maio, quando as águas recuam, peixes ficam presos em várzeas e novos nutrientes favorecem o crescimento de vegetação, o que atrai uma variedade de animais de outras regiões.

Alteração hidrológica

O rio Paraguai é visto como uma hidrovia estratégica para a economia da região, mas isso acende alertas sobre os impactos ambientais. “Se intervenções no rio Paraguai para facilitar a navegação se caracterizarem como irreversíveis, remoção de rochas e retificação de curvas capazes de alterar a vazão podem alterar profundamente a extensão e a duração das cheias, com impactos imensos na biodiversidade, produtividade pesqueira e populações de espécies”, diz Tomas, da Embrapa Pantanal. “Ou seja, alterações hidrológicas podem significar a perda do Pantanal como o conhecemos.”

Para completar, modelos de impacto das mudanças climáticas mostram que alterações na temperatura poderiam reduzir em até 30% a média de precipitações – um “desastre absoluto”, nas palavras de Tomas. Entre as espécies impactadas diretamente em um cenário como esses estão o tuiuiú e o cervo-do-pantanal, que se alimenta de plantas aquáticas que crescem em águas rasas e cujo aparecimento depende do ciclo das cheias. Até 2070, a perspectiva é de que a população dos cervos-do-pantanal caia em 50% caso esse panorama se concretize.

Há também uma mudança na maneira como a pecuária da região é feita. Em substituição a um modelo tradicional que por dois séculos conviveu de forma harmoniosa com o ecossistema local – com a movimentação do gado para pastagens mais altas na época da cheia –, grupos econômicos de fora da região têm alterado a geografia e impactado o ecossistema.

Erich Fischer cita o caso de um grupo de empresários que comprou cinco fazendas para criação de gado e alterou a dinâmica do local. Fizeram aterros, derrubaram a floresta, trouxeram um tipo de capim chamado braquiária e introduziram búfalos, uma espécie invasiva. Resultado: a fauna original sumiu das fazendas. “Tempos depois, membros do grupo nos procuraram querendo saber como faziam para onças e outros bichos voltarem para as fazendas”, conta Fischer. “Depois que tudo foi destruído, é difícil recuperar.”

A preservação do Pantanal é crucial para mantê-lo como um santuário da biodiversidade, tanto para espécies nativas quantos para as que vêm de fora. “Mesmo as espécies ameaçadas de extinção no Brasil ou em escala global possuem uma boa segurança de não serem extintas no bioma”, afirma Tomas. Conservar a paisagem pantaneira é garantir que a vida continue a prosperar por lá.

Reportagem por João Paulo Vicente

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