As cores das tarântulas brasileiras
Estudo de Rogério Bertani, do Instituto Butantan, apresenta espécies de caranguejeiras descobertas nos últimos anos
Publicado 7 de mar. de 2022, 07:49 BRT

Parecendo ter sido pintada por spray, essa nova tarântula, a Typhochlaena costae, é uma das nove coloridas - e raras - caranguejeiras moradoras de árvores recentemente descobertas no estado brasileiro do Tocantins, afirma estudo de 2012.
Tarântulas que moram em árvores tipicamente têm um corpo pequeno e esguio, com pernas mais longas do que outras tarântulas. Isto faz delas mais ágeis e portanto mais aptas a perseguir suas presas em árvores. O fim de suas pernas também tem pontas grandes, que as ajudam a escalar uma variedade de superfícies.
As tarântulas arbóreas vivem nos trópicos da Ásia, África, Américas Central e do Sul, e no Caribe. Esta espécie foi descoberta no cerrado brasileiro, um ambiente parecido com a savana. Como as outras vibrantes novas espécies, a T. costa perde sua coloração brilhante quando cresce.
”O Brasil é o país com a mais rica fauna de tarântulas do mundo,” afirmou o líder do estudo Rogério Bertani, especialista em tarântulas do Instituto Butantan em São Paulo, Brasil. ”As tarântulas são aranhas incríveis, mas elas são pouco estudadas em diversos aspectos,” comenta Bertani.
Foto de Charles ChoiEsta Typhochlaena amma cor-de-rosa é uma das espécies descobertas de tarântula pertencentes ao gênero Typhochlaena. A nova espécie é a menor das tarântulas arbóreas registradas até agora, medindo apenas 2 ou 3 centímetros, diz Bertani.
Um espécime solitário do gênero Typhochlaena foi encontrado pela primeira vez em 1841, mas foi depois descartado como sendo um filhote de outro gênero, Avicularia, que é muito comum na bacia amazônica.
Bertani recebeu um espécime de Typhochlaena amma que, embora pequeno, era claramente de um adulto maduro. Depois de inspecionar outras coleções científicas de aranhas, Bertani e seus colaboradores agora reestruturaram a Typhochlaena como um devido grupo.
Cortesía de Rogério BertaniEsta tarântula arbórea recém-descoberta, a Iridopelma katiae, foi encontrada em uma região montanhosa do Brasil, com solo rochoso e poucas árvores.
Bertani disse que ”não esperava encontrar nenhuma espécie do gênero [de tarântulas arbóreas]” no local até que ele encontrou uma ”linda tarântula preta com um abdômen em vermelho vivo” e outra da mesma espécie, uma mãe com seus filhotes.
As aranhas foram descobertas dentro de uma bromélia, um tipo de parente do abacaxi que, ao fornecer água e sombra para as tarântulas, serve de oásis neste território inóspito.
Cortesía de Rogério BertaniParecendo mais uma palha de aço do que um aracnídeo, a Pachistopelma bromelicola é a segunda mais conhecida espécie de tarântula que vive exclusivamente dentro de bromélias, das quais algumas espécies se prendem a árvores e pedras.
As cores atrativas das tarântulas arbóreas podem ter um lado obscuro: cientistas estão preocupados que as tarântulas recém-descobertas possam ser um alvo tentador para o mercado de animais de estimação.
Cortesía de Rogério BertaniA maioria das tarântulas arbóreas são encontradas na Amazônia, mas as tarântulas descobertas, incluindo a Iridopelma marcoi (foto), foram vistas no cerrado brasileiro. As pesquisam apontam o quanto ainda pode ser descoberto no mundo selvagem, observa Bertani, cujo estudo foi publicado online em 30 de outubro de 2012, na revista ZooKeys.
Cortesia de Rogério Bertani