Como a tecnologia está revolucionando as salas de aula na África rural
Tablets inauguram novas oportunidades de aprendizado para mulheres e crianças da tribo Samburu em reserva queniana.
A poucas horas de carro ao norte da capital queniana de Nairobi, em uma área remota na Reserva de Samburu, a escola primária de Kiltamany era só um esqueleto: um punhado de longas carteiras de madeira e um pedaço de quadro-negro tentando servir a centenas de estudantes das aldeias vizinhas . Agora, a Escola Primária de Kiltamany tornou-se um exemplo de sucesso de uma sala de aula sem fio e habilitada para tecnologia, graças às mentes emergentes da comunidade tecnológica em expansão do Quênia.
Usando tablets Kio projetados pela empresa de software BRCK, sediada em Nairobi, crianças Samburu – meninos e meninas – estão aprendendo a ler e a desenvolver habilidades matemáticas básicas, entre outros objetivos educacionais, enfatizando a ideia de que o conhecimento é poder e ampliando seu crescimento futuro. Além disso, as mulheres Samburu, cujas tradições e costumes costumam mantê-las em casa, também estão indo à escola, dando um exemplo para seus filhos, fazendo algo que nunca antes conseguiram fazer.
“Elas querem inspirar seus filhos a levar a educação a sério”, diz o fotógrafo esloveno Ciril Jazbec. Antes da fotografia, Jazbec estudou economia, uma base que lhe serviu em sua busca por contar a história do espírito empreendedor da África – com destaque para as extraordinárias faíscas de criatividade, progresso e planejamento que muitas vezes vão de encontro às ideias estereotipadas a respeito do continente.
Toda viagem começa com um primeiro passo. Para o Quênia e muitos dos países vizinhos, essa jornada começou com a internet de banda larga. Uma década atrás, a África Oriental – e a África em geral – ficava à margem do resto do mundo, desconectadas da internet de alta velocidade que atravessava oceanos, países e continentes para construir uma comunidade global em rede. A região obteve seus primeiros cabos de fibra óptica em 2010, semeando o florescimento das comunidades tecnológicas.
Poucos anos depois, a presença da internet no Quênia cresceu graças à Estratégia Nacional de Banda Larga do governo, uma iniciativa que visa fornecer internet de qualidade a seus cidadãos.
Para as mulheres da população Samburu, os avanços tecnológicos permitiram que elas usassem tablets para ampliar suas habilidades e conhecimentos, aumentando o valor da educação nessa comunidade tradicionalmente nômade.
Jazbec diz que seu tempo com os Samburu lhe apresentou contrastes interessantes: uma hora ele fotografava uma sala de aula digital. Na próxima, ele estava de volta à aldeia Samburu, onde eles vivem um estilo de vida comunitária tradicional.
“Foi fascinante ver o choque entre cultura, tecnologia e desejo”, diz ele, aludindo à tensão inerente da modernidade e da identidade cultural. Por um lado, as telas estão tomando conta de nossas vidas. Por outro lado, a tecnologia pode ser usada como solução, inspirando e preparando a próxima geração do Quênia a fazer parte da paisagem competitiva global.