"Fique bem, Sudan": último rinoceronte-branco do norte macho é reverenciado no Quênia

Ativismo, poesia e até cenouras – comida preferida de Sudan – marcam celebração em memória do animal. Morte amplia debate sobre a preservação da espécie

Por Sarah Gibbens
Publicado 4 de abr. de 2018, 13:09 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
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Sudan, último rinoceronte branco do norte macho do mundo, pasta na Ol Pejeta Conservancy, no condado de Laikipia, no Quênia, em maio de 2017.
Foto de Ap

Nas últimas semanas, o mundo lamentou a morte Sudan, último espécime macho do rinoceronte-branco do norte, morto em 20 de março. Poucos, talvez, tenham sido tão atingidos pela perda do animal quanto seus cuidadores, cujo papel foi fundamental para proteger a vida do mamífero.

Bastante ameaçado, uma equipe de veterinários, protetores e guardas armados vigiou com total dedicação o animal, no Ol Pejeta Conservancy do Quênia. No sábado (31/03), a entidade de proteção realizou uma cerimônia em memória de Sudan, cuja morte deixa apenas dois remanescentes da espécie na Terra.

A cerimônia, uma homenagem à vida do rinoceronte, começou com o hino nacional queniano, um poema e um minuto de silêncio (veja fotos de rinocerontes ameaçados).

Sudan, o último rinoceronte-branco do norte macho, morreu
O Sudan, o último macho branco de rinoceronte deixado no mundo, morreu. Ele foi sacrificado depois de sofrer uma infecção grave na perna, juntamente a uma doença relacionada à idade, desde o ano passado. Sua morte deixa a subespécie com apenas dois indivíduos remanescentes, e criticamente mais perto da extinção. Duas fêmeas idosas, Fatu e Najin, permanecem na tutela protegida de Ol Pejeta, no Quênia. Os números de rinocerontes têm diminuído por décadas devido à perda de habitat e à caça furtiva.

“Fique bem, Sudan”, postou a entidade de proteção em sua página no Facebook. “Você fez seu trabalho para destacar a situação das espécies de rinocerontes em todo o mundo. Agora, o ônus recai sobre nós para garantir que as populações de rinocerontes prosperem em todo o nosso planeta”.

Um dos oradores foi James Mwenda, que estava entre os guardiões de Sudan e falou sobre a vida do rinoceronte, pedindo ao mundo que não deixe a morte do animal ser em vão. Uma cenoura – a comida favorita do rinoceronte – foi colocada em uma placa cerimonial. O convidado de honra, Secretário de Gabinete para a Vida Selvagem e Turismo Najib Balala, também falou no evento.

Caça ilegal

A saúde de Sudan começou a dar sinais de desgaste no começo deste ano. No início de março, ele pegou uma infecção na perna de trás. Combinada com complicações relacionadas à idade, a doença provou ser demais para o rinoceronte. A entidade de proteção sacrificou-o depois de perceber que ele mal conseguia ficar de pé.

Mesmo que a morte de Sudan pareça um quadro sombrio, a entidade de proteção não quer perder de vista as questões de preservação que o rinoceronte trouxe à tona.

Chifres de rinoceronte, usados em medicamentos e artesanato chineses, são algumas das partes mais lucrativas do mercado ilegal de animais selvagens.

Há pouco mais de 29 mil rinocerontes na Terra. Antes do século 19, entretanto, eles eram centenas de milhares. A caça ilegal desses mamíferos aumentou consideravelmente na última década. “É uma guerra”, disse Xolani Nicholus Funda, guarda-chefe do Parque Nacional Kruger, “e essa é nossa frustração”.

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    O animal foi trazido para o Quênia de um zoológico na República Tcheca, como parte de um esforço para reproduzir espécies quase extintas. Ele tinha 45 anos quando morreu.
    Foto de Ami Vitale, National Geographic Creative

    Conscientização

    Em abril de 2017, Sudan ajudou a divulgar a conscientização sobre a conservação de rinocerontes quando seus criadores fizeram um perfil para ele em um aplicativo de namoro.

    Aparentemente despretensioso, o perfil pretendia arrecadar dinheiro para financiar pesquisas de inseminação artificial.

    A filha e a neta do Sudan são os únicos dois rinocerontes-brancos do norte remanescentes. Uma é infértil e a outra não é capaz de se reproduzir sozinha. O material genético de vários rinocerontes-brancos do norte, incluindo o de Sudan, foi armazenado.

    Os cientistas esperam um dia usar a fertilização in vitro para criar outro rinoceronte-branco do norte. Eles também estão pensando em fazer um híbrido com o rinoceronte branco do sul, geneticamente similar.

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