Rato gigante que caiu do céu é uma nova espécie

O roedor comedor de coco caiu de uma árvore cortada nas Ilhas Salomão, segundo novo estudo.

Por Jason Bittel
Publicado 8 de nov. de 2017, 20:36 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
O rato-gigante-de-vangunu pode pesar quase um quilo e medir 45 centímetros.
Foto de Tyrone Lavery, The Field Musuem

Há mais de 20 anos, os habitantes das Ilhas Salomão contam histórias sobre os ratos gigantes que vivem no alto das árvores.

Mas ninguém jamais conseguiu provar que a criatura de fato existe – até novembro de 2015, quando madeireiros cortaram uma árvore de 9 metros na ilha de Vangunu. Com a árvore, caiu também um rato.

Infelizmente, a queda o tirou a vida. Mas, por sorte, o guarda-florestal de uma reserva próxima, Hikuna Judge, testemunhou os últimos momentos do animal.

Sabendo que tinha achado algo especial, Judge preservou os restos do roedor e os enviou ao Museu de Queensland, na Austrália.

“Soube imediatamente que era algo novo”, disse o mastozoólogo Tyrone Lavery, bolsista do Museu Queensland e do Museu de Campo de Chicago que busca pelo rato desde 2010.

Com quase um quilo e 45 cm de comprimento, o rato-gigante-de-vangunu (Uromys vika) é cerca de 4 vezes maior que os ratos urbanos de esgotos do mundo inteiro.

É a primeira espécie de roedor registrada nas Ilhas Salomão em 80 anos.

Os dentes afiados do rato o permitem abrir as castanhas Canarium (na foto).
Foto de Tyrone Lavery, The Field Museum

Vida nas árvores

Mesmo para uma única espécie, os hábitos do rato gigante surpreenderam os cientistas.

Por exemplo, a cauda longa, sem pelos e escamosa, provavelmente ajuda o roedor a agarrar galhos e navegar pelo dossel florestal. Patas traseiras largas, com solas grandes e garras curvas também devem ser adaptações para a vida em árvores, segundo Lavery, que, junto com Judge, é co-autor do artigo publicado no periódico Journal of Mammology, onde a nova espécie foi descrita.

Como a maioria dos roedores, o rato-gigante-de-vangunu tem incisivos grandes e afiados que usam, aparentemente, para mastigar castanhas Canarium. Os ratos também gostam de cocos, de acordo com os locais de Vangunu.

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    Ilustração revela o rato gigante recém-encontrado em uma árvore.
    Foto de Ilustração de Velizar Simeonovski, The Field Museum

    Essa área do Pacífico, a Melanésia, abriga uma variedade de espécies de roedores, disse Nathan Whitmore, biólogo da Sociedade para Conservação da Vida Selvagem em Papua Nova-Guiné, que não esteve envolvido no estudo.

    “O problema é que eles são cada vez mais difíceis de encontrar”, disse Whitmore em e-mail. “É provável que muitos sejam extintos antes de sabermos que existiram.”

    Corrida dos ratos contra a extinção

    É por isso que Lavery e Judge foram sortudos em achar o rato de Vangunu – a rápida destruição do seu habitat na floresta pode indicar que o animal está criticamente ameaçado.

    Madeireiras já derrubaram 90% das árvores das Ilhas Salomão. Em Vangunu, os ratos estão confinados a um pedaço de floresta de apenas 80 km2. A única espécime do estudo foi coletada em Zaira, uma comunidade que se opõe ao corte de árvores.

    Gatos assilvestrados e outras espécies invasivas também podem estar predando ou competindo com o rato-gigante-de-vangunu, aponta Whitmore.

    “Esses ratos exóticos também foram vítimas da extinção de espécies nativas de ratos na Ilha Christmas em decorrência da propagação de parasitas tripanossoma”, ele disse.

    Claro, descrever a espécie é o primeiro passo para salvá-la.

    Em geral, “você não consegue pleitear recursos para conservação de espécies que não consegue provar que existem”, disse Whitmore. “Isso torna o trabalho de Tyrone especialmente valioso.”

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