Preguiças podem ser lentas, mas não são burras

Um novo livro desafia equívocos sobre os habitantes de árvores das Américas Central e do Sul.

Por Jason Bittel
Publicado 2 de mar. de 2018, 12:12 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
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Uma preguiça-comum observa folhas em santuário na Costa Rica.
Foto de Suzi Eszterhas

Todo mundo sabe que as preguiças são lentas. É verdade que os habitantes das árvores tropicais possuem as menores taxas metabólicas de qualquer mamífero não-hibernante.

Mas quando se trata de sua biologia, as criaturas da América Central e do Sul não são nada comuns.

Por exemplo, as preguiças são três vezes mais rápidas na água do que quando estão em terra, diz Becky Cliffe, zoóloga e fundadora da Fundação de Conservação da Preguiça, com sede na Costa Rica. Além disso, elas flutuam.

"Trinta por cento de seu peso corporal está em digestão, fermentando as folhas", diz Cliffe. "Então, elas também têm muitas flatulências. Elas são enormes bolas de ar com braços e pernas."

A imobilidade da preguiça é apenas um dos muitos mitos que Cliffe espera dissipar em seu novo livro, Sloths: Life In The Slow Lane (Preguiças: A Vida na Marcha Lenta, em tradução livre e sem data de lançamento no Brasil).

"Eu queria criar uma imagem de um animal que realmente está perfeitamente adaptado para a sobrevivência", diz ela.

Lentidão não significa burrice

Por quanto tempo você acredita que pode ficar pendurado de cabeça para baixo em uma árvore? Um minuto? Dez? Preguiças fazem isso o dia todo, todos os dias.

As seis espécies de preguiça desenvolveram garras longas que agem como ganchos e tendões que mantêm seus dedos fechados em repouso. As preguiças também têm uma rede de vasos sanguíneos que correm por seus antebraços para manter seus músculos frescos e reduzir o uso de energia.

As preguiças também são inacreditavelmente fortes, mesmo que sua massa muscular seja 30% menor do que a de animais de tamanho similar. Isso porque seus músculos são compostos por fibras de contração lenta que fornecem resistência enquanto não usam muita energia.

Se há uma coisa que esses músculos não podem fazer, essa coisa é tremer de frio, por isso, as preguiças se aquecem na luz do sol para aumentar a temperatura do corpo – como um réptil.

Até mesmo sua digestão é lenta – Cliffe diz que pode levar até 30 dias para processar uma única folha.

Infelizmente, essa lentidão fez com que as preguiças recebessem a fama de serem burras.

Algumas pessoas dizem que se "você atirar com uma arma ao lado da cabeça de uma preguiça, ela nem vai se virar", diz Cliffe.

Na verdade, há um benefício em reagir lentamente ao perigo. O morador das árvores tropicais evoluiu ao lado da águia harpia, uma ave de rapina que pode detectar até os mais ínfimos movimentos.

"Elas são tão inteligentes quanto precisam ser, à sua maneira."

Observando e esperando

Embora as preguiças pareçam fáceis de seguir e fotografar, Cliffe levou cerca de seis anos para tirar todas as fotografias do seu novo livro. Em uma expedição, Cliffe e a fotógrafa de vida selvagem, Suzi Eszterhas, passaram oito semanas deixando que uma mãe preguiça, apelidada de Apple, e seu filhote recém-nascido, Pie, se acostumassem a presença deles.

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    Preguiça entre folhas de árvore em santuário na Costa Rica.
    Foto de Suzi Eszterhas

    "Ela costumava ficar s centena de metros de altura, e então lentamente começou a descer um pouco mais frequentemente e nos deu esses pequenos vislumbres", diz Cliffe.

    A paciência também deu resultados em outra viagem para estudar e fotografar preguiças-anãs-de-três-dedos, uma espécie criticamente ameaçada que vive em uma ilha remota do Panamá.

    Os animais são menores do que um gato comum e são famosos por nadar entre manguezais, um comportamento que fez com que Cliffe e Eszterhas esperassem em um barco por cinco dias para ver.

    "Quando finalmente conseguimos no último dia, nós dissemos: 'Agora sim! Podemos ir para casa!'", diz Cliffe.

    Infelizmente, uma tempestade tropical se iniciou, e o casal teve que dormir no barco e racionar água por dois dias. A única boa notícia?

    "Nós pagamos alguns pescadores para que pegassem algumas lagostas para nós e as cozinhassem", diz Cliffe.

    "Nós fizemos as fotos, isso é tudo o que importa".

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