Saiba por que os cangurus só vivem na Austrália

Os marsupiais são característicos do país da Oceania devido às mudanças que ocorreram no planeta há milhares de anos.

Um canguru-vermelho no Parque Nacional Sturt em Nova Gales do Sul, na Austrália.

Foto de GETTY IMAGES INC
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 28 de set. de 2023, 12:00 BRT

Quando você pensa na Austrália, uma das primeiras coisas que vem à mente são os cangurus. Esses marsupiais são encontrados apenas na Oceania, uma peculiaridade explicada por mudanças ocorridas há milhares de anos na Linha de Wallace, uma fronteira imaginária que separa a Austrália, a Nova Guiné e partes da Indonésia do Sudeste Asiático continental.

Os biólogos há muito tempo descrevem uma distribuição assimétrica de espécies australianas e asiáticas ao longo dessa fronteira imaginária, diz um artigo da Australian National University (ANU) intitulado “Por que não há cangurus fora da Austrália?”.

De acordo com a universidade, é possível encontrar animais na Austrália que se originaram na Ásia (como goanas ou roedores), mas o inverso não ocorre. Em outras palavras, cangurus, coalas e outros marsupiais não vivem em outras regiões.

De acordo com a instituição, um estudo recente liderado por biólogos da Australian National University (ANU) e da ETH Zurich (Suíça) oferece uma nova explicação.

Mudança climática determinou habitat dos cangurus

No artigo, publicado em 2023 na revista Science, os pesquisadores afirmam que os deslocamentos das placas tectônicas e uma mudança drástica no clima da Terra há dezenas de milhões de anos são as razões para a distribuição desigual de criaturas australianas e asiáticas em ambos os lados da Linha de Wallace. 

Como explica Alex Skeels, pesquisador da ANU e principal autor do estudo, as mudanças nas antigas placas tectônicas (que datam de 45 milhões de anos atrás) levaram a uma "colisão continental" que alterou a composição geográfica da Terra.

Um canguru-vermelho saltando na natureza, Austrália.

Um canguru-vermelho saltando na natureza, Austrália.

Foto de GETTY IMAGES INC

Como resultado, em algum momento a Austrália se separou da Antártica e se deslocou para o norte até colidir com a Ásia. Como resultado da colisão, foram criadas as ilhas vulcânicas que compõem a Indonésia. Essas ilhas serviram como uma ponte que permitiu que animais e plantas originários da Ásia chegassem à Nova Guiné e ao norte da Austrália, e vice-versa, embora em menor escala. 

Entretanto, após a separação da Austrália da Antártica, ocorreu uma mudança no clima que causou uma tendência de resfriamento global e secagem dos continentes, levando a extinções em massa em todo o mundo. 

Cangurus evoluíram em um clima frio e seco

Apesar do resfriamento, o clima das ilhas indonésias permaneceu relativamente quente, úmido e tropical. Portanto, a fauna asiática já estava bem adaptada e confortável com essas condições, explica Skeels.  

Entretanto, esse não foi o caso das espécies australianas, que evoluíram em um clima mais frio e cada vez mais seco, e tiveram menos sucesso em se estabelecer nas ilhas tropicais. 

Os pesquisadores da ANU descobriram que as espécies originárias da Ásia podiam tolerar uma ampla variação nas condições climáticas e foram mais bem-sucedidas em se adaptar e se estabelecer na Austrália. Em contrapartida, alguns animais do sul do país, como os cangurus, não conseguiram se adaptar a outros cenários e, portanto, são comuns apenas no país da Oceania.

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