Cachorro caramelo: qual é a origem do cão mais popular e querido do Brasil?
Entre os cachorros sem raça definida (SRD), os cachorros caramelos (como o da foto acima) são a maioria pelas ruas de diversas cidades brasileiras.
Os cachorros sem raça definida (da sigla SRDs) são maioria no Brasil e também em toda a América Latina. Segundo pesquisa do Instituto Quaest realizada em 2024, no Brasil cerca de 32% dos cães com tutor no país são SRD. E, entre os vários cães “vira-latas”, como são popularmente conhecidos os animais sem raça-definida no Brasil, o cachorro caramelo sem dúvidas é o mais popular.
O que dá o nome de “caramelo” para esses cachorros é a sua coloração marrom-claro, mas eles podem ser bem diferentes entre si, podendo ter pelo curto ou longo, e tamanhos variados, afinal são cães que estão dentro da classificação de “sem raça definida”.
Conheça melhor esse cachorro tão popular em diversas cidades latino-americanas, qual é a possível origem do cachorro caramelo e outras curiosidades sobre o cão vira-lata mais querido da região.
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Seja vivendo pelas ruas (como esse cachorrinho dormindo em uma calçada), ou adotados por famílias, os "vira-latas" caramelos costumam ser amáveis e se adaptam facilmente em diferentes ambientes.
Os cachorros sem raça, como o caramelo, são os mais populares no Brasil
Os cachorros sem raça definida (SRD) ganham esta nomenclatura quando as características de duas ou mais raças distintas são percebidas em um mesmo animal. Portanto, definir exatamente a origem dos cachorros caramelos é quase impossível, pois cada um pode ser uma mistura de diferentes raças de cães, sendo todos únicos em sua biologia, como explicado pelo veterinário Marcelo Quinzani em entrevista ao site do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo, Brasil.
Muitas vezes vivendo pelas ruas dos países da região, eles também são comumente adotados por diversas famílias que se encantam com o jeito esperto e carinhoso da maioria desses caramelos. De acordo com um estudo realizado em 2020 pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan) do Brasil, aproximadamente 33% dos cães adotados eram vira-latas.
Porém, ainda sim há milhares de cães abandonados. No Brasil, a população geral de cachorros é de mais de 54 milhões, sendo que mais de 6 milhões deles estão em estado de vulnerabilidade pelas ruas, conforme dados da pesquisa Animais em Condição de Vulnerabilidade de 2020, do Instituto Pet Brasil (IPB).
Basta sair às ruas, ir ao mercado ou a um parque e sempre haverá algum cachorro que cruzará no nosso caminho. Ao site do Conselho Regional de Veterinária da Paraíba, o veterinário José Cecílio comentou algumas características que faz com que muita gente prefira os cachorros sem raça definida:
“Os vira-latas têm características comuns que os tornam queridinhos das famílias: eles adoecem menos, devido à mistura de raças, pois acabam não herdando doenças hereditárias comuns das raças puras; são inteligentes e têm grande capacidade de aprendizado, além de se adaptar mais fácil ao ambiente onde vivem”, afirma o veterinário.
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Acima, um cachorro vira-lata caramelo de porte médio nas ruas de Marinilla, na Colômbia.
Qual é a origem do cachorro caramelo?
Mas por que, na maioria dos casos, a cor da pelagem desses animais acaba ficando com um tom mais amarronzado? O biólogo brasileiro Atila Iamarino buscou analisar a origem do cachorro caramelo identificando o porquê desta coloração ser tão comum em vários cães vira-latas.
Em um vídeo no seu canal oficial do Youtube, Iamarino explica a possível origem da cor deste animal sem “pedigree”, que tem relação direta com a domesticação dos cães ao longo do tempo e a genética da cor dos pelos.
“Provavelmente fomos nós que criamos a variedade de cores dos cachorros sem querer quando selecionamos lobos mais dóceis para a nossa companhia e, depois, aumentou essa variedade de cores, tamanhos e pelos conforme passamos a criar e conviver com cachorros pelo mundo todo”, explica Iamarino.
O biólogo acrescenta que quando o ser humano passou a selecionar animais mais tranquilos, não só o temperamento deles mudou, como a cor de seus pelos também. Começaram a aparecer, por exemplo, animais malhados, com padrões que a gente não vê nas espécies selvagens, por exemplo.
Essas transformações sugerem uma relação com a forma como o sistema nervoso se desenvolve e, por consequência, altera as células que dão as cores dos pelos dos canídeos, indica o biólogo.
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Na foto, vemos um grupo de cachorros vira-lata com diferentes cores de pelagem - que vai do preto ao marrom-claro (caramelo), como é mais comum em cães sem raça definida.
A coloração do vira-lata caramelo é, portanto, explicada através da biologia da espécie: “o pigmento preto na pelagem, chamado eumelanina, é o mais comum nos cachorros. Quando não é dominante, os tons avermelhados têm chances de aparecer na pelagem dos cães, como o marrom-claro do vira-lata caramelo, já que a cor dos pelos vêm dessa mistura da quantidade do pigmento preto (eumelanina) e do pigmento vermelho (faeomelanina)”, afirma Iamarino.
Os cachorros vira-latas não seguem os padrões que os cães de raça têm de cruzamento para manter o mesmo tamanho, comportamento e, claro, a cor. Ao contrário: são cães que cruzam livremente, combinando diferentes características biológicas.
“Os cachorros SRD da região têm origem nos cães europeus trazidos para cá ao longo dos períodos de colonização, mas que cruzam livremente. Eles costumam ter o tamanho médio, cabeça arredondada e um comportamento em bandos. E os genes dominantes predominam na sua cor, por isso a maioria dos vira-latas tem tons preto ou caramelo, dificilmente são brancos”.
