Qual é o cachorro mais inteligente do mundo? Ele já existia desde o Império Romano
A raça de cachorro considerada a mais inteligente do mundo é caracterizada por ter pêlo comprido, geralmente preto e branco, embora também existam exemplares com pêlo ruivo e branco ou tricolor.
Um ranking elaborado pelo psicólogo e pesquisador norte-americano Stanley Coren, na década de 1990, investigou cerca de 140 raças de cães para encontrar o cachorro mais inteligente do mundo. Ele levou em conta fatores como obediência e inteligência (como a capacidade de responder a ordens humanas) e com o resultado chegou à seguinte conclusão: a raça border collie foi considerada a mais esperta entre todas.
Coren é um expert no assunto e autor do livro “A Inteligência dos Cães – Um Guia dos Pensamentos, Emoções e Vida Interior de Nossos Companheiros Caninos”, publicado em 1994 e revisado em 2006. Nele, o pesquisador colocou os border collies no topo da lista, e também incluiu os poodles, os pastores alemães, os golden retrievers e os dobermans entre os cachorros mais espertos do mundo.
Neste artigo, a National Geographic reúne quatro características marcantes dos border collies que reforçam os motivos para ele ter sido escolhido como o mais esperto entre seus companheiros caninos.
(Vale a pena ler também: O combate entre as cobras-rei: por dentro do “clube da luta” das serpentes mais mortais da Ásia)
Um border collie faz o pastoreio de um rebanho de ovelhas e seus cordeiros.
1. Os border collies são muito hábeis e se destacam como pastores
Segundo descreve a Enciclopaedia Britannica (uma plataforma de conhecimentos gerais do Reino Unido), a raça border collie é considerada a de um cão pastor.
Os cães pastores têm uma “habilidade instintiva para controlar o movimento de outros animais”, de acordo com a definição do American Kennel Club (AKC), uma organização norte-americana sem fins lucrativos fundada em 1884 e reconhecida por oferecer informações sobre raças, saúde e treinamento canino.
“O instinto de pastoreio dessas raças é tão forte que já se sabe que esses animais podem fazer, inclusive, um pastoreio ‘suave’ de seus donos, especialmente as crianças da família”, observa a fonte.
Além disso, continua a Britannica, “eles são conhecidos por olhar fixamente para as ovelhas para intimidá-las e levá-las a fazer o que os cães querem”, diz o AKC. “Esse comportamento, conhecido como ‘olhar’, pode ter origem nos ancestrais lobos da raça, que olhavam fixamente para sua vítima para estabelecer seu domínio sobre ela antes de atacá-la”, completa a fonte.
2. Os border collies podem memorizar uma quantidade enorme de palavras
Além do pastoreio, estes cães gostam de atividades como recuperar objetos, nadar, puxar coisas, pular e correr, e se destacam em esportes caninos, agilidade, obediência, trabalho olfativo, rastreamento e salto na água.
São animais de uma energia extrema, garante o AKC, por isso requerem brincadeiras vigorosas e exercícios diários que vão “além de um simples passeio pelo quarteirão ou uma pequena brincadeira no jardim”. A fonte explica que correr é fundamental para o desenvolvimento desses cachorros.
Um artigo da National Geographic Espanha detalha que essa raça se destaca por sua boa memória. Estima-se que um desses cães seja capaz de reconhecer mais de mil palavras e aprender instruções em menos de cinco repetições.
"O border collie é uma raça atlética e de grande impulso que possui muita energia; requer exercício diário muito além de um simples passeio pelo quarteirão ou uma pequena brincadeira no jardim”, afirma o AKC
3. A origem dos border collies remonta ao Império Romano
Esta raça tem sido utilizada há cerca de três séculos na fronteira entre a Inglaterra e a Escócia e a sua origem é milenar, segundo a Britannica e o AKC.
Isso se deve ao fato de que, no ano 43 d.C., o imperador romano Cláudio levou adiante a ocupação da Grã-Bretanha pelos romanos, carregando com as tropas certa quantidade de gado como fonte de alimento e, por consequência, cães pastores de grande porte para vigiá-los.
Após a queda do Império Romano, os vikings invadiram a Grã-Bretanha e também trouxeram seus cães, pastores menores e mais rápidos.
Com o tempo, “o cruzamento entre os antigos cães romanos e os spitz vikings deu origem a pastores compactos e ágeis, bem equipados para trabalhar com gado nas terras rochosas e montanhosas da Escócia e do País de Gales”, detalha o AKC.
Na foto, Ellie – uma border collie resgatada – trabalha com o Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos no Distrito de Chicago. Sua missão é manter as instalações e os arredores de uma eclusa livres de gaivotas, pois seus excrementos podem danificar o equipamento.
4. Os border collies são famosos por bater recordes
A rainha Vitória do Reino Unido (1819-1901) é conhecida como a “monarca midiática” e por ser responsável pela popularização dos vestidos de noiva brancos e das árvores de Natal. Mas ela também é famosa por ser uma entusiasta dos border collies.
Recentemente, outros border collies alcançaram a fama. É o caso de Chaser, considerado o cão mais inteligente do mundo por saber os nomes de mais de mil objetos. Outro deles é Jumpy, que estabeleceu o recorde mundial do livro “Guinness” com a corrida mais rápida em 100 metros feita por um cão em um em skate.
Há também o cachorro Striker, que bateu o recorde de baixar mais rápido a janela manual de um carro – fato feito em menos de 12 segundos; e Sweet Pea, um border collie que quebrou o recorde de andar mais rápido em 100 metros equilibrando uma lata na cabeça, enumera a Britannica.
(Para se aprofundar no assunto: As curiosidades surpreendentes por trás do olfato dos cachorros)
Existem ainda inúmeros registros de border collies que bateram recordes em diversas disciplinas. No entanto, um estudo recente publicado na revista científica “Nature” em 2022, analisou o comportamento de 1002 cães pertencentes a 12 raças diferentes, além de um grupo de cachorros mestiços.
Esta investigação colocou o cão da raça pastor belga malinois em primeiro lugar na lista dos mais inteligentes. Os border collies, nesta análise, ficaram em segundo lugar, uma prova de que ainda há muito a ser pesquisado sobre o assunto.
