Impressione-se com os detalhes microscópicos do mundo dos plânctons

Novo curta-metragem visa retratar as pequenas algas e animais que produzem grande parte do oxigênio que respiramos.

Por Jason Bittel
Publicado 23 de nov. de 2021, 07:00 BRT
Licmophora flabellata, um tipo de diatomácea colonial — ou alga unicelular — geralmente cresce em algas ...

Licmophora flabellata, um tipo de diatomácea colonial — ou alga unicelular — geralmente cresce em algas marinhas.

Foto de Jan van IJken

Ao coletar água em qualquer lugar da Terra é possível encontrar estranhas e fascinantes formas de vida denominadas plâncton. De bolhas coloridas a monstros em miniatura adornados com tentáculos e olhos gigantescos, cada gota de H2O, seja de água doce ou salgada, é repleta de vida microscópica que a maioria de nós nunca viu.

Nos últimos três anos, o cineasta e fotógrafo holandês Jan Van IJken teve como objetivo retratar a beleza desse mundo invisível. Van IJken viajou por toda a Holanda, coletando plâncton com sua rede em corpos d’água de diversos lugares e, em seguida, utilizando fotografia ou vídeo com o recurso time-lapse para capturar imagens dos pequenos tesouros em lâminas de microscópio.

“O plâncton é incrivelmente diverso e abundante”, observa Van IJken, que lançou o novo filme artístico chamado Planktonium em 17 de novembro. “Cada vez que lanço a minha rede, trabalho durante semanas com o que coleto.” 

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    Pulga-de-água do gênero Daphnia carregando embriões.

    Foto de Jan van IJken

    Todo o plâncton pode ser separado em duas categorias básicas — fitoplâncton, que são algas, e zooplâncton, animais minúsculos como os rotíferos, cujas bocas parecem rodas minúsculas.

    Tecnicamente, qualquer animal que flutua livremente — e, portanto, não pode controlar sua própria trajetória — é considerado plâncton, que no grego antigo se traduz como “andarilho”. Isso significa que o plâncton pode ser tão pequeno quanto um organismo unicelular do tamanho de um glóbulo branco ou tão grande quanto uma água-viva-juba-de-leão, que pode chegar a 36 metros de comprimento. 

    Há uma razão pela qual as pessoas precisam saber da importância do plâncton: eles são fundamentais para a saúde de nossos ecossistemas, segundo especialistas. 

    Por meio da fotossíntese, o plâncton produz tanto oxigênio quanto todas as plantas do planeta juntas. “Cerca de 50% do oxigênio que respiramos é produzido pelo fitoplâncton”, explica Marianne Wootton, analista sênior de plâncton da Associação Biológica Marinha do Reino Unido. “Então, cada vez que respiramos trata-se de uma respiração de plâncton.”

    Além disso, o fitoplâncton consome dióxido de carbono, atuando como um importante dissipador do principal gás de efeito estufa responsável pelas mudanças climáticas, explica Wootton.

    “Eles realmente são os heróis ocultos, não apenas no oceano, mas em todo o planeta”, salienta Wootton.

    Plâncton da base ao topo da cadeia alimentar

    O plâncton também é a base da cadeia alimentar dos oceanos, principalmente como presa de mamíferos marinhos como as baleias — algumas das quais, como a baleia-azul, podem ingerir 16 toneladas de plâncton por dia. Ao considerar qualquer animal marinho — lontras-marinhas, por exemplo — o plâncton com certeza está envolvido na cadeia alimentar.

    As lontras adoram comer mexilhões, que, por sua vez, se alimentam de plâncton, e os próprios mexilhões também são considerados plâncton durante o estágio inicial de seu ciclo de vida. “Portanto, sem plâncton não haveria lontras-marinhas. Simples assim”, afirma Wootton.

    Da mesma forma, os amantes de frutos do mar têm bons motivos para conhecer mais sobre o plâncton, diz Kelly Robinson, oceanógrafa biológica da Universidade da Louisiana em Lafayette.

    “Todo mundo adora comer atum e caranguejo”, comenta Robinson. “No início de suas vidas, esses animais pertencem a um grupo microscópico denominado plâncton.”

    “Precisamos entender como o ciclo de vida do plâncton funciona para que possamos continuar obtendo tudo que gostamos de apanhar e comer”, explica ela. Para isso, Robinson está estudando como as mudanças climáticas de longo e curto prazo, como eventos semelhantes ao El Niño, estão relacionadas ao florescimento de plâncton que, por sua vez, afeta as populações de águas-vivas.

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      As cianobactérias do gênero Gloeotrichia podem ser tóxicas para determinados organismos de água doce.

      Foto de Jan van IJken

      Propagando informações sobre o plâncton

      O plâncton faz Van IJken lembrar de criaturas parecidas com alienígenas, então, ele realizou suas filmagens como uma espécie de odisseia no espaço, com uma série de imagens sobrenaturais movendo-se contra um fundo preto.

      Van IJken também admite que abordou o curta-metragem puramente como artista, mas que, ao longo do projeto, se tornou um propagador de informações sobre o plâncton.

      “Quando saio com minhas redes, as pessoas me veem e sempre perguntam: o que você está fazendo?” ele conta. “E eu digo: ‘estou fazendo um filme sobre o plâncton’. Então, questionam: ‘plâncton? O que é plâncton?’”

      E é claro que Van IJken fica mais do que feliz em explicar.

      “Isso é extraordinário”

      Por mais fundamental que o plâncton seja para o planeta, mesmo os especialistas em plâncton geralmente não conseguem visualizá-lo com todos os detalhes apresentados no curta de Van IJken. Isso porque a maioria dos cientistas manipula e preserva suas amostras, o que requer matá-las.

      Em um trecho do filme, uma pulga-de-água pode ser vista dando à luz uma ninhada totalmente formada e translúcida. 

      “Uau”, exclamou Wootton durante a exibição do filme em uma entrevista por Zoom. “Nós temos amostras vivas desses animais, mas eu nunca vi um dar à luz. Isso é extraordinário.”

      Robinson observou que gostaria que o curta-metragem incluísse identificações de espécies ou mais contexto explicativo para o espectador. Mas salientou que foi “muito bem-feito”, acrescentando que pode exibi-lo em suas aulas.

      Wootton concorda que o filme também pode inspirar a próxima geração de cientistas do plâncton.

      “É importante envolver as pessoas”, diz ela. “O mundo do plâncton é lindo, hipnotizante, estranho, e ainda não compreendemos sua maior parte.”

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