Suplementos vitamínicos realmente funcionam?

Aumentar a ingestão de zinco e vitaminas C e D durante o inverno não é uma solução mágica. Aqui está o que a ciência diz sobre as intervenções mais elogiadas.

Por Priyanka Runwal
Publicado 28 de nov. de 2022, 10:24 BRT

As frutas cítricas são uma fonte natural de vitamina C.

Foto de Pete Muller Nat Geo Image Collection

Para se proteger contra o aumento de infecções respiratórias no inverno, algumas pessoas “aumentam” seu sistema imunológico com suplementos e alimentos ricos em nutrientes. Para um subconjunto, além do distanciamento social, utilizar máscaras e tomar doses das vacinas contra gripe e Covid-19, que reduzem o risco de contrair uma infecção ou desenvolver sintomas graves; para outros, é sua única defesa.

Eles esperam usar minerais como zinco e vitaminas, incluindo C e D, para aumentar a resposta imune caso ocorra uma infecção. Embora seja improvável que tais esforços evitem uma infecção, eles podem apoiar o sistema imunológico de uma pessoa. Mas, para alguém que come bem, faz exercícios e dorme o suficiente, os suplementos podem não fazer muito, pondera o imunologista Scott Read, da Western Sydney University, na Austrália. “A menos que sejam deficientes”, complementa.

Se alguém deseja consumir vitaminas ou minerais extras para fortalecer suas defesas, “não há nada de prejudicial nisso”, diz Carol Haggans, nutricionista e consultora do Escritório de Suplementos Dietéticos do National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos, desde que as quantidades não excedam limites diários estabelecidos pelo Conselho de Alimentos e Nutrição das Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina. “A alta ingestão pode ser tóxica”, ela adverte. Também é importante notar que os suplementos podem interferir ou interagir com alguns medicamentos, por isso é melhor consultar seu médico antes de tomá-los.

Por enquanto, aqui está o que a ciência diz sobre algumas das intervenções mais comuns promovidas para evitar ou combater infecções.

1. Zinco

O zinco é vital para o sistema imunológico. É importante para a geração de células T, que reconhecem e destroem células infectadas por bactérias e vírus. Também desempenha um papel nas funções das células que revestem o trato respiratório – a primeira linha de defesa contra bactérias e vírus invasores.

Alguns estudos sugeriram que os suplementos de zinco tomados nas primeiras 24 horas dos sintomas do resfriado comum podem reduzir a duração da doença. Uma revisão recente descobriu que o uso de pastilhas ou sprays de zinco reduziu os sintomas do resfriado em uma média de dois dias. “Mas a diferença é muito pequena”, destaca o imunologista nutricional Philip Calder, da Universidade de Southampton, na Inglaterra. “Você não está ganhando muito.”

O zinco também foi promovido como um protetor contra a Covid-19 grave, mas especialistas do NIH dizem que as evidências são insuficientes para apoiar seu uso como tratamento.

Não impedirá uma infecção viral ou bacteriana, diz Jarrod Dudakov, imunologista do Fred Hutch Cancer Research Center. Se alguém quiser tomar suplementos de zinco por um curto período de tempo, é improvável que seja prejudicial, diz ele, mas não está claro se será benéfico. Isso ocorre porque as pessoas que geralmente têm uma boa dieta obtêm bastante zinco de carnes e frutos do mar, bem como quantidades menores de fontes como feijões, lentilhas, nozes, sementes e grãos integrais. No entanto, a suplementação de zinco pode ser benéfica para pessoas com deficiência de zinco, particularmente idosos e indivíduos com uma dieta pobre, recomenda Dudakov.

A dose diária de zinco é de 11 miligramas para homens e oito miligramas para mulheres não grávidas. O NIH recomenda não exceder essas doses. A pesquisa sugere que a ingestão excessiva de zinco, especialmente por períodos prolongados, pode levar a deficiências de cobre, que podem causar problemas neurológicos e relacionados ao sangue. A alta ingestão também pode causar náuseas, vômitos e dores de cabeça.

2. Vitamina C

Como o zinco, a vitamina C também desempenha um papel importante em manter nosso sistema imunológico saudável. Estimula a migração de glóbulos brancos conhecidos como neutrófilos, que ajudam o corpo a combater infecções. O nutriente também suporta outros glóbulos brancos chamados macrófagos, que matam e ingerem patógenos e eliminam as células mortas do hospedeiro, reduzindo assim a inflamação.

Embora vários estudos em animais tenham indicado que a vitamina C pode prevenir ou aliviar infecções bacterianas e virais, ela não reduz a incidência de resfriados comuns em populações humanas. No entanto, como o zinco, a vitamina C reduziu a duração dos sintomas.

No caso de infecções por Covid-19, o NIH diz que não há evidências suficientes para apoiar o uso de vitamina C no tratamento de pacientes. Mas alguns estudos indicam que tem o potencial de reduzir a inflamação em pacientes críticos com Covid-19.

No entanto, é improvável que a suplementação com vitamina C previna uma infecção viral ou bacteriana em humanos. Como outras vitaminas e minerais, ela apoia o sistema imunológico caso um indivíduo seja infectado, diz Calder. "Não há dúvida sobre isso." No entanto, ele sugere uma abordagem alimentar primeiro, na qual as pessoas comam uma dieta rica em alimentos nutritivos e usem suplementos apenas quando não conseguirem consumir esses alimentos ou são deficientes. 

Uma pessoa saudável média pode não ganhar muito com suplementos, explica Calder. Além disso, consumir muita vitamina C – excedendo a dose diária de 90 miligramas para homens e 75 miligramas para mulheres não grávidas – pode causar cálculos renais.

3. Vitamina D

Como a vitamina C, a vitamina D tem propriedades anti-inflamatórias. Baixos níveis de vitamina D têm sido associados a riscos aumentados de infecções respiratórias, como resfriado e gripe. Um estudo recente sugere que os suplementos de vitamina D podem reduzir a duração e a gravidade dos resfriados comuns. No contexto da Covid-19, no entanto, o papel da vitamina D permanece incerto.

Uma análise de outubro de 2021 descobriu que a vitamina D inadequada no corpo não tornava as pessoas mais suscetíveis à Covid-19 ou aumentava suas chances de morte pela infecção. Os autores mostraram que os suplementos não melhoraram os sintomas graves em pacientes com Covid-19.

Mas os suplementos de vitamina D ainda podem ter um lugar, diz Calder, especialmente porque é difícil obter vitamina D suficiente dos alimentos. O corpo produz vitamina D quando a pele é exposta à luz solar; mas a carne de peixe gordo ou óleo de fígado de peixe também são boas fontes.

“Nada disso vai ser uma bala mágica”, destaca. “Está deixando o sistema imunológico em melhor forma, caso seja desafiado.”

A dificuldade, no entanto, é que muitas pessoas podem não saber necessariamente se são deficientes em certas vitaminas e minerais e em que medida. Embora existam bons testes para vitamina D e B12, “a maioria dos nutrientes é mais difícil de medir”, diz Haggans. 

O objetivo deve ser comer uma variedade de alimentos nutritivos, mas “se alguém quiser tomar um suplemento multivitamínico ou multimineral para garantir, não há nada de errado nisso. Mas não vai necessariamente fazer bem algum.”

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