O que são e como são criados os fósseis de âmbar?

O âmbar, um material de tons quentes apreciado pelos joalheiros, leva mais de 40 mil anos para se formar. Veja estas fotos fascinantes de alguns dos melhores espécimes.

Por Michael Greshko
Publicado 12 de abr. de 2023, 15:28 BRT

Em 1872, cientistas examinaram uma flor fossilizada incrivelmente grande, preservada em âmbar de uma mina russa. Eles a identificaram como uma planta chamada Stewartia kowalewskii. As flores fossilizadas em âmbar são extremamente raras. Esta, de 28 milímetros de diâmetro, é três vezes maior do que a maioria das outras encontradas até agora.

Foto de Carola Radke Museum für Naturkunde Berlin

Durante milhares de anos, a resina de árvores fossilizadas, conhecida como âmbar, fascinou os joalheiros e inspirou a imaginação científica. Especialmente nos últimos 200 anos, paleontólogos em todo o mundo se voltaram para ela para entender o passado antigo, estudando os incríveis fósseis que ela preserva.

Você tem perguntas sobre o âmbar? Não se preocupe, a National Geographic tem todas as respostas.

O que é o âmbar e como os vários fósseis acabam dentro dele?

As plantas secretam muitos tipos de líquidos viscosos, tais como látex, gomas e ceras. Alguns tipos de plantas, geralmente lenhosas, produzem resinas: substâncias complexas, pegajosas, que não se dissolvem na água e endurecem quando expostas ao ar.

As resinas servem para cobrir as feridas das plantas, transformando-as em algo parecido com as plaquetas em nossa corrente sanguínea. Quando uma planta produtora de resina é ferida ou sofre uma quebra na superfície (como uma rachadura na casca de uma árvore), a resina escorre da área. Quando deixada ao ar livre e aquecida pela luz do sol, ela começa a endurecer. Este processo forma um revestimento protetor sobre a ferida da planta, ajudando a manter afastados fungos e outros patógenos.

Como a resina é pegajosa, algumas pequenas criaturas podem ficar presas nela quando ela escorre na casca das árvores, goteja no chão ou até mesmo escorre das raízes das árvores. Ocasionalmente, estas partes das árvores acabam na água, talvez porque a árvore estava crescendo na margem de um oceano ou lago, ou porque uma inundação a lançou em um rio. Desses glóbulos de resina transportados pela água, alguns acabam enterrados em sedimentos, como a areia de uma planície de inundação ou o sedimento no fundo de um lago.

Carrapato agarrado em uma pena de dinossauro preservada em âmbar birmanês de 99 milhões de anos.

Foto de E. Peñalver via Nature Communications

Quanto mais profunda a resina for enterrada durante muitos milênios, mais pressão e calor ela acabará experimentando. Durante um período prolongado, estas condições fazem com que os compostos da resina se polimerizem, ou reajam quimicamente uns com os outros para formar um emaranhado de ligações moleculares. Este processo dá origem ao material duro e vítreo que conhecemos como âmbar, e também pode preservar, com fidelidade extraordinária, as formas de quaisquer pequenas criaturas presas no âmbar.

Quanto tempo leva para que a resina se torne âmbar?

É difícil saber exatamente. A transformação da resina em âmbar é, em última análise, um produto das condições que a gota de resina experimentou. Em geral, o âmbar tem geralmente mais de 40 mil anos de idade. Se for mais jovem, é mais provável que seja classificada como copal, uma resina antiga em processo de polimerização que ainda mantém algumas das propriedades do material fresco, como uma superfície mais pegajosa.

Que tipos de fósseis foram encontrados no âmbar?

Como o âmbar pode envolver e proteger até mesmo invertebrados como moluscos, ele é ideal para preservar os habitantes menores e mais esqueléticos dos ecossistemas florestais. Ao longo de quase dois séculos, paleontólogos que estudaram o âmbar encontraram insetos, aracnídeos, caranguejos, plantas, fungos, nematóides, plantas, microorganismos e até mesmo um pedaço de um animal vertebrado maior.

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    Mas, como você pode imaginar, os fósseis que acabam em âmbar são os de criaturas que teriam maior probabilidade de serem enterradas na resina de uma árvore antiga.

    Onde são encontrados fósseis no âmbar?

    Existem mais de 160 depósitos ao redor do mundo onde copal ou âmbar foram encontrados, e o mais antigo na Terra (encontrado em uma camada de carvão em Illinois) tem cerca de 320 milhões de anos. Entretanto, estas manchas de âmbar têm em média apenas meio centímetro de largura e não contêm fósseis. 

    De todos os depósitos de âmbar na Terra, apenas algumas poucas dezenas têm uma grande variedade de fósseis. Quase todos estes depósitos fósseis têm 125 milhões de anos ou menos, com uma exceção conhecida: um local de 230 milhões de anos de âmbar nos Alpes italianos que preserva uma espécie de mosca e duas espécies de ácaros.

    Cretapsara athanata: o primeiro caranguejo em âmbar da era dos dinossauros

    Foto de Lida Xing

    Quais são alguns dos depósitos de âmbar mais bem estudados do mundo?

    1. Âmbar do Báltico

    Estima-se que o âmbar do Báltico tenha entre 34 e 38 milhões de anos, embora alguns depósitos tenham sido formados antes. Ele é erodido por sedimentos ao largo da costa do Mar Báltico, no norte da Europa, e os depósitos mais bem estudados vêm do que é hoje a região de Kaliningrado, na Rússia.

    Mais de 3500 espécies de artrópodes fósseis foram encontradas no âmbar báltico, incluindo mais de 650 espécies de aranhas. Em raras ocasiões, o ambar produz fósseis de vertebrados, como uma espetacular osga (espécie de lagartixa), chamada Yantarogekko balticus, datada de cerca de 54 milhões de anos atrás. Produziu também fósseis de plantas, como o maior fóssil conhecido de uma flor preservada em âmbar.

    2. Âmbar dominicano

    Acredita-se geralmente que o âmbar dominicano tenha entre 15 e 20 milhões de anos, embora sua idade exata seja debatida. Os cientistas já encontraram mais de mil espécies fósseis em seu âmbar, incluindo mais de 400 espécies de insetos e 150 espécies de aranhas. Ocasionalmente aparecem também fósseis de vertebrados, como anolis e até mesmo uma salamandra.

    3. Âmbar birmanês

    O âmbar birmanês tem cerca de 99 milhões de anos e vem de minas no estado de Kachin, no norte de Myanmar, que têm sido exploradas para o comércio de joias por cerca de 2 mil anos. 

    O interesse científico pelo âmbar birmanês cresceu nas últimas duas décadas, pois os paleontólogos descobriram um ecossistema extremamente diversificado: formigas carnívoras enterradas pela metade, a cauda parcial de um dinossauro de penas, a concha de uma criatura marinha conhecida como amonite e até mesmo um antigo filhote de pássaro.

    No entanto, os paleontólogos também estão debatendo calorosamente a ética do estudo do âmbar birmanês. As minas de âmbar de Kachin têm estado no centro de décadas de conflito entre os militares de Myanmar e grupos independentistas locais, e poucos estudos científicos recentes sobre o âmbar birmanês incluíram coautores de Myanmar.

    4. Âmbar canadense

    O âmbar canadense tem cerca de 79 milhões de anos e vem principalmente de um local chamado Grassy Lake, na província ocidental de Alberta. Mais de 130 espécies fósseis diferentes foram encontradas lá, muitas das quais são afídeos ou ácaros. Mas alguns pedaços de âmbar incluem galhos de coníferas, fungos, pólen e até penas de pássaros e de dinossauros.

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