Os suplementos de colágeno realmente funcionam?

A produção de colágeno é vital para a saúde do cabelo, das unhas, dos ossos, das articulações e de outras partes do corpo. Mas esses suplementos populares podem não valer o dinheiro gasto.

Por Emily Sohn
Publicado 23 de mai. de 2023, 10:00 BRT
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Com a idade, nosso corpo produz menos colágeno. À medida que os níveis de colágeno diminuem, a pele fica flácida e enrugada. Vários fatores podem acelerar esse processo, inclusive o fumo, a exposição à luz UV e o consumo de álcool e de muito açúcar; todos reduzem a produção de colágeno e tornam a proteína mais fraca, causando mais rugas. Várias empresas estão comercializando suplementos de colágeno com alegações de benefícios à saúde, como melhorias na elasticidade e hidratação da pele. Entretanto, ainda faltam evidências.

Foto de Gianluca Colla Nat Geo Image Collection

De acordo com materiais publicitários e depoimentos de celebridades, o colágeno é uma solução completa para o envelhecimento da pele, cabelos, unhas, ossos, articulações e muito mais. E muitos consumidores acreditaram nisso. Em todo o mundo, as pessoas gastaram 2 bilhões de dólares em suplementos de colágeno em 2021, um total que, segundo as projeções, continuará crescendo. No caso do colágeno, no entanto, os especialistas dizem que o exagero está um passo à frente da ciência.

Embora alguns estudos sugiram que pode haver alguns benefícios potenciais, especialmente para a aparência da pele, nada está claro. Além disso, é possível fazer escolhas de dieta e estilo de vida que atinjam os mesmos objetivos. Por enquanto, diz a dermatologista Sonya Kenkare, não há evidências suficientes que a convençam a recomendar suplementos de colágeno a seus pacientes ou a ela mesma tomá-los.

Depois que ela teve um bebê, há alguns meses, seu cabeleireiro recomendou colágeno para evitar a queda dos cabelos. "Não o fiz porque não há muitas evidências", diz Kenkare, da Rush University, em Chicago, Estados Unidos. "Vi muitas pessoas tomarem o produto e sempre digo a elas que não temos dados que comprovem que ele está realmente fazendo alguma coisa."

O que é o colágeno? 

O colágeno é a proteína mais abundante nos mamíferos, constituindo 30% das proteínas do nosso corpo. É um elemento estrutural fundamental da pele, ligamentos, músculos, tendões, ossos, vasos sanguíneos, revestimento intestinal e outros tecidos conjuntivos, diz Julia Zumpano, nutricionista registrada no Centro de Nutrição Humana da Cleveland Clinic, em Ohio, EUA.

Com o formato de uma hélice tripla, com três cadeias de aminoácidos torcidas juntas e apertadas o suficiente para tornar a proteína forte e rígida, o colágeno foi categorizado em 28 tipos, com base na estrutura molecular e onde é encontrado no corpo. Noventa por cento do colágeno do corpo é do tipo 1, que é encontrado na pele, nos ossos, nos tendões e nos ligamentos, de acordo com a Cleveland Clinic. Os tipos 1 a 5 são mais comuns do que os demais.

De onde vem o colágeno e o que ele faz?

Nosso corpo produz colágeno, um trabalho feito principalmente por células especializadas chamadas fibroblastos. Para unir os aminoácidos em colágeno, essas células também precisam de nutrientes como vitamina C e zinco, diz Zumpano.

A principal função do colágeno é fornecer suporte, força e estrutura, dando elasticidade à pele e protegendo os órgãos. Ele também ajuda na coagulação do sangue e no crescimento de novas células da pele.

Quando o corpo não consegue produzir colágeno suficiente, esses processos são interrompidos. Em pessoas com o distúrbio genético da síndrome de Ehlers-Danlos, por exemplo, os sintomas podem incluir pele macia e elástica, hematomas excessivos e articulações instáveis. Condições autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide, também podem danificar o colágeno.

O que acontece com o colágeno à medida que envelhecemos?

Com a idade, nosso corpo produz menos colágeno, que também se decompõe mais rapidamente. À medida que os níveis de colágeno diminuem na derme (uma camada interna da pele), a pele afunda e fica enrugada. Vários fatores podem acelerar esse processo. Estudos mostram que, com o tempo, o fumo, o álcool, a luz ultravioleta e o alto consumo de açúcar reduzem a produção de colágeno e enfraquecem a proteína, levando a uma pele mais enrugada.

O que são os suplementos de colágeno?

O mercado está repleto de produtos de colágeno, mas não há padrões para o que eles contêm. Como suplemento dietético, o colágeno não é regulamentado nos Estados Unidos pela Food and Drug Administration (FDA), e as empresas não são obrigadas a demonstrar sua segurança, eficácia ou pureza.

Os produtos podem anunciar colágeno derivado de carne (bovina), peixe (marinho), frango ou outras fontes. Eles podem especificar a forma, como tipo 1 ou 3. Alguns rótulos usam as palavras "peptídeos de colágeno", que são cadeias curtas de aminoácidos que se combinam para formar as proteínas de colágeno mais longas. Os suplementos podem estar na forma de pílulas, pós, gomas ou bebidas.

É seguro ingerir entre 2,5 e 15 gramas de peptídeos de colágeno diariamente, diz Zumpano. Mas, em última análise, o corpo não consegue absorver o colágeno inteiro e, em vez disso, quebra a proteína em seus aminoácidos componentes, que são usados pelo corpo conforme necessário.

Quais são as evidências de que esses suplementos funcionam?

O colágeno é o principal ingrediente de muitas das injeções de preenchimento usadas em procedimentos cosméticos, o que pode aumentar o volume da pele temporariamente antes de ser decomposto pelo corpo, diz Kenkare. Porém, como suplemento oral, os dados que associam o colágeno a mudanças perceptíveis na pele não são impressionantes.

Alguns estudos sugerem que os suplementos de colágeno podem levar a melhorias modestas na integridade da pele, diz Zumpano. Mas todos vêm com ressalvas. Em uma revisão de 2021 de 19 estudos, que incluíram 1125 pessoas, a maioria mulheres, pesquisadores do Brasil encontraram evidências de redução de rugas e melhora da elasticidade e hidratação da pele em pessoas que tomaram suplementos de colágeno.

Todos os suplementos, entretanto, incluíam outros ingredientes que podem ter contribuído para esses resultados, de acordo com uma análise feita por dermatologistas da Harvard Medical School e do Massachusetts General Hospital. Os estudos controlados e randomizados que analisam os efeitos sobre a elasticidade, a hidratação, as rugas ou outras medidas da pele tendem a ser pequenos, acrescentaram. Estudos sobre cabelos e unhas são praticamente inexistentes. "São necessárias mais pesquisas", aponta Zumpano.

Além da pele, alguns estudos associaram os suplementos de colágeno a melhorias na mobilidade das articulações e dores nos joelhos e nas articulações de atletas e pessoas com osteoartrite. A pesquisa está em andamento para descobrir mais detalhes sobre os suplementos.

Segundo os especialistas, há outras maneiras de colher os possíveis benefícios do colágeno sem suplementos. Muitos alimentos contêm colágeno, inclusive carne, frango, peixe, ovos e caldo de osso. Zumpano também recomenda o consumo de vitamina C, cobre, zinco e os aminoácidos prolina e glicina para complementar a produção de colágeno. Os retinóides, ingredientes de muitos cremes antienvelhecimento para a pele, funcionam aumentando a produção de colágeno, acrescenta Kenkare.

Zumpano sugere o consumo de alimentos ricos em colágeno e de nutrientes para que o corpo produza seu próprio colágeno, pois "não podemos dizer que o suplemento é a cura para tudo".

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