Nem tudo é negativo: conheça bons usos para o deepfake
Embora o uso indevido das deepfake seja prejudicial, essa ferramenta desenvolvida por inteligência artificial pode ser usada em várias áreas – algumas vezes de forma positiva, inclusive.
Nos últimos anos, surgiram novas formas de uso de deepfake.
A cada dia, a humanidade acompanha as inovações trazidas pelos desenvolvedores de tecnologia na constante evolução de inteligência artificial (IA). As novas criações têm as mais variadas funções e vêm sendo usadas em diferentes áreas.
Uma dessas ferramentas criadas por IA é a chamada de deepfake – que é uma imagem ou um vídeo falso produzido por um tipo especial de "aprendizado de máquina" conhecido como "aprendizado profundo", como explica a Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos.
O deepfake funciona da seguinte forma: ele usa técnicas de inteligência artificial para realizar suas criações de imagem ou vídeo, de acordo com a explicação dada no site da ONU no artigo “Generative artificial intelligence: what it is, what it isn't and what it could mean for the United Nations” (“Inteligência artificial generativa: o que é, o que não é e o que pode significar para as Nações Unidas”, em tradução livre), publicado em 2023. O texto levanta, entre outras questões, o fato de as pessoas em todo o mundo viverem hoje em um presente que está sendo afetado pelo rápido progresso tecnológico.
(Leia também: O que é e para que serve o ChatGPT)
Essa ferramenta de deepfake pode ser usada para criar arquivos de vídeo, imagem ou áudio que, à primeira vista, podem parecer reais e verdadeiros. Portanto, conforme explica a Universidade da Virgínia, esses conteúdos podem ser perigosos se forem usados de forma negativa. É o caso da disseminação de informações errôneas (as famosas “fake news”), que causam desinformação, o que, por sua vez, pode levar a consequências maiores.
No entanto, o deepfake também pode ter usos positivos. Confira alguns deles a seguir:
Quais são os usos positivos do deepfake?
Além dos exemplos comentados acima de usos negativos dessa ferramenta, a Encyclopaedia Britannica menciona que também há novas (e promissoras) formas de aplicação surgiram nos últimos tempos.
A plataforma inglesa menciona, por exemplo, que as imagens podem ser criadas por deepfake para aumentar a conscientização sobre os problemas sociais existentes no mundo e divulgar informações sobre saúde em grande escala, pois podem ser adaptadas para qualquer idioma, o que daria mais alcance aos dados a serem divulgados.
Outra área que pode se beneficiar dessa tecnologia é a medicina. A Britannica afirma que algumas pesquisas poderiam ser realizadas sem a necessidade de pacientes reais. Ao mesmo tempo, o uso de imagens deepfake permitiria que os programas de IA fossem treinados para reconhecer um número maior de anomalias, o que levaria a uma maior precisão em longo prazo.
Já na educação, ela poderia ser um importante auxílio ao aprendizado, pois os professores teriam a possibilidade de usar um vídeo de um discurso histórico criado para tornar as aulas mais interessantes para os alunos, por exemplo. A fonte alerta, no entanto, que a implementação inadequada pode ser prejudicial ao conhecimento se forem usadas informações incorretas ou não-autorizadas.
Essa ferramenta também pode ter finalidades artísticas. Por exemplo, os museus poderiam realizar exibições de vídeos de vários artistas que já faleceram, de modo que as declarações que eles deram quando estavam vivos pudessem ser ouvidas como se estivessem falando hoje em dia, sugere a Britannica. Ainda assim, esse tipo de uso envolveria questões mais amplas a serem discutidas, como os direitos autorais e a possibilidade de plágio de obras já existentes.
Já o artigo da ONU indica que várias organizações globais ligadas à instituição utilizaram o deepfake como uma ferramenta de coleta e análise de dados para tomar e adotar decisões. Algumas das entidades que o utilizaram dessa forma são o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Também aqui este uso precisa de regulamentação futura para evitar o uso indevido de informações de terceiros que não foram autorizadas.
Vale lembrar que o deepfake é uma ferramenta que está em constante evolução e ao alcance de muitas pessoas que, em certos casos, podem fazer mau uso dela.
Conforme mencionado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), o deepfake, por exemplo, pode ser usado para usar uma identidade falsa ou para roubar dinheiro ou informações por meio do acesso a dados.
A agência acrescenta que, na maioria dos casos, o uso dessa tecnologia ainda é inadequado: 96% dos vídeos deepfake encontrados online contêm conteúdo indevido e não-consensual.