Dia da Consciência Negra: 5 livros para entender a questão racial no Brasil
Elaboramos uma lista com obras essenciais para mergulhar no tema por ocasião da data – e que cruzam a questão racial com áreas como psicanálise, história e filosofia.
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Estátua de Zumbi dos Palmares, um dos líderes do maior quilombo brasileiro que morreu no dia 20 de novembro de 1695 - data que se instituiu o Dia da Consciência Negra.
Em um país no qual cerca de 56% da população se declara negra ou parda, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a questão racial é um tema que permeia todos os segmentos da sociedade.
O próprio Dia da Consciência Negra, data que se comemora anualmente no país todo dia 20 de novembro, tem como função – por meio de suas celebrações – instigar à reflexão sobre a questão racial e à valorização da cultura negra.
A efeméride também ajuda a pensar sobre representatividade e faz alusão à história do povo negro, já que este dia também é marcado pela morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, um dos líderes do maior quilombo brasileiro a resistir à escravidão de pessoas vindas de diversas partes da África por parte dos portugueses em território brasileiro.
Para mostrar como a questão racial no Brasil permeia diversas áreas de estudo – como sociologia, psicanálise, história e filosofia, por exemplo, National Geographic Brasil consultou a pedagoga e educadora Viviana Santiago, especialista em Diversidade e Inclusão, Educação Antirracista e Direitos Humanos, para recomendar 5 livros essenciais acerca da temática racial.
Trata-se também de uma excelente oportunidade para conhecer mais pensadores e estudiosos negros, já que todos os livros são de autores brasileiros.
Alguns dos maiores intelectuais e pensadores brasileiros já se dedicaram a debater o tema do racismo no país, entre eles Sueli Carneiro e Cida Campos.
Os 5 livros de autores brasileiros para entender a questão racial no país
1) “Sociologia do negro brasileiro”, de Clóvis Moura
Ainda que tenha sido publicado pela primeira vez em 1988, a obra não perde a sua atualidade ao questionar o papel da pessoa negra na sociedade brasileira e de como ele é visto. O escritor e historiador, Clóvis de Moura é um expert no assunto e tem diversos outros livros relacionados ao tema. Na opinião de Viviana Santiago: “Esse livro é um clássico. Traz um importante relato da contribuição da população negra para a constituição do Brasil”.
2) “Dispositivo de Racialidade: A Construção do Outro Como Não Ser Como Fundamento do Ser”, de Sueli Carneiro
Para a especialista em educação antirracial, Sueli Carneiro é “uma das mais importantes intelectuais da atualidade”. “Neste livro a filósofa e ativista apresenta a dinâmica do racismo e o necessário enfrentamento coletivo, também lança um dos mais importantes conceitos da atualidade: o epistemicídio”, diz Viviana.
3) “Tornar-se Negro”, de Neusa Santos
De acordo com Viviana Santiago, nesta obra a psiquiatra e psicanalista Neusa Santos constrói um “livro incontornável”. “É fundamental para quem deseja compreender os efeitos psíquicos do racismo entendendo-o como violência também psicológica”, explica. Publicado originalmente em 1983, é uma das primeiras obras a relacionar a questão racial com a psicanálise, duas áreas que ainda podem se aproximar muito mais – principalmente no Brasil.
4) “O Pacto da Branquitude”, de Cida Bento
“Neste livro, a psicóloga analisa o comportamento de profissionais brancos em processos de recrutamento e seleção, e constrói um livro fundamental para quem deseja compreender a maneira como o racismo é operado no mercado de trabalho, produzindo a exclusão da população negra”, explica Viviana Santiago. Vale ressaltar que Cida Bento é Doutora em psicologia e já foi eleita uma das 50 pessoas mais influentes do mundo na área da Diversidade.
5) “Por um feminismo afro-latino-americano”, de Lélia Gonzalez
A pensadora Lélia Gonzalez é uma das mais importantes do país e não poderia ficar de fora de qualquer lista de recomendações escritas sobre o tema, como reforça Viviana Santiago. “Ela é uma das mais importantes referências para a luta antirracista no Brasil. Filósofa e antropóloga, Lélia traçou a inescapável relação entre gênero e raça operada pelo racismo a brasileira”, diz a educadora. “Neste livro, que condensa quase duas décadas de registros, temos a oportunidade de conhecer a complexidade de seu pensamento”, finaliza Viviana.
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