Como surgiu o Dia da Consciência Negra no Brasil?

A efeméride celebrada anualmente em 20 de novembro se tornou feriado nacional e instiga à reflexão sobre a questão racial e à valorização da cultura negra.

Por Redação National Geographic Brasil*
Publicado 19 de nov. de 2024, 14:00 BRT
A foto registra festividades para o Dia da Consciência Negra no Parque Memorial do Quilombo dos ...

A foto registra festividades para o Dia da Consciência Negra no Parque Memorial do Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, na cidade de União dos Palmares, em Alagoas. 

Foto de Rovena Rosa Agência Brasil

Pela primeira vez desde que foi promulgado – em 10 de novembro de 2011 – Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra será celebrado em 2024 como um feriado nacional. Antes uma data restrita a alguns estados, desde 2023 a lei Nº 12.519 ganhou abrangência em todo o país a fim de promover o combate ao racismo e a promoção da igualdade racial. É como indica um artigo sobre o tema publicado pela Agência Brasil, entidade pública de notícias pertencente ao governo federal. 

Dia da Consciência Negra surgiu em decorrência de outras duas medidas governamentais para valorizar a parcela negra da população brasileira. A primeira delas foi a lei n.º 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que definiu os crimes de raça e cor no Brasil; e a segunda foi a lei n.º 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas. 

Em um país onde cerca de 45,3% da população se declara negra – ou seja, em torno de 20,6 milhões de pessoas – segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2022 – a efeméride da Consciência Negra reforça “um momento de reconhecimento de pertencimento étnico-racial no terreno da negritude e da afrodescendência”. É como explica a historiadora Wania Sant’Anna, conselheira do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdade Raciais (Cedra) para a Agência Brasil.

Vale ressaltar que esse último censo nacional de 2022 também mostrou que o perfil étnico-racial negro segue crescendo em todas as faixas etárias no país desde 2010, quando foi realizada a penúltima pesquisa do IBGE. Ainda segundo a entidade, região Nordeste possui o maior percentual de população preta (13,0%), seguido pelo Sudeste (10,6%), Centro-Oeste (9,1%), Norte (8,8%) e pelo Sul (5,0%). 

O Museu Afro Brasil é um exemplo da valorização da cultura negra no país. Localizado dentro ...
"O Museu Afro Brasil construiu, ao longo de 10 anos, uma trajetória de contribuições decisivas para ...
À esquerda: No alto:

O Museu Afro Brasil é um exemplo da valorização da cultura negra no país. Localizado dentro do Parque do Ibirapuera, na cidade de São Paulo, teve suas portas abertas em 2004, a partir da coleção particular do Diretor Curador Emanoel Araujo. 

Foto de Rodrigo Tetsuo Argenton (CC BY-SA 4.0)
À direita: Acima:

"O Museu Afro Brasil construiu, ao longo de 10 anos, uma trajetória de contribuições decisivas para a valorização do universo cultural brasileiro ao revelar a inventividade e ousadia de artistas brasileiros e internacionais, desde o século XVIII até a contemporaneidade", explica o site do museu sobre seu acervo.

Foto de Paul Goodwin (CC BY-SA 2.0)

Qual é a importância do Dia da Consciência Negra? 

Além de promover o debate sobre o racismo no país, ajudando a valorizar a cultura e as raízes da população negra, a efeméride também homenageia a memória de Zumbi dos Palmares, “um dos maiores líderes da resistência negra contra a escravidão no Brasil e símbolo da luta pela liberdade”, como detalha o artigo da Agência Brasil. 

valorização da cultura negra ajuda a abrir espaço na sociedade brasileira para suas manifestações nas mais variadas áreas. É o que acontece com a popularização de estilos musicais como o hip hop e o funk, por exemplo; ou com um maior conhecimento sobre as religiões afro-brasileiras, como explica um artigo do Museu Afro Brasil, uma instituição do Estado de São Paulo. 

O Brasil é um país de dimensões tão gigantescas que essas manifestações religiosas afro-brasileiras acabam recebendo nomes diferentes dependendo de onde são celebradas, sendo a umbanda e o candomblé bastante comuns em Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo. Mas existem também o tambor-de-mina maranhenseo xangô pernambucanoo candomblé baiano e o batuque gaúcho, continua o artigo do museu.  

Com um maior conhecimento sobre a ancestralidade negra é possível combater o preconceito e os conflitos raciais, bem como tornar notória a história de pessoas que foram escravizadas na Áfricatrazidas à força para trabalhar forçosamente no Brasil durante o período colonial. Este é o caso de Tereza de Benguela, um nome importante da cultura afro-brasileira e que é homenageada em um dia nacional dedicado a ela, celebrado em 25 de julho.  

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