Conheça La Catrina, o esqueleto que é símbolo do Dia dos Mortos, no México
Um casal vestido como La Catrina desfila em uma parada do Dia dos Mortos em Zitácuaro, Michoacán, no México.
O Dia dos Mortos é uma das festividades mais importantes do calendário do México, de onde é originário, e já se tornou conhecido mundialmente por suas características particulares de homenagear aqueles que faleceram. A celebração acontece sempre em 1º de novembro e transforma a paisagem cultural do país com elementos decorativos que dão as boas-vindas aos entes queridos que partiram e voltam para visitar quem ficou, como explica um artigo do governo mexicano em seu site.
A data se assemelha ao que seria o Dia de Finados, celebrado no Brasil anualmente em 2 de novembro. Mas no caso do Dia dos Mortos mexicano, existem elementos ritualísticos culturais bastante exclusivos, como o chamado pão dos mortos, as flores de cempasúchil, o uso de água, sal, papel picado e incenso, além da presença de retratos com fotos das pessoas falecidas. Uma parte importante do Dia dos Mortos é a figura de La Catrina, como é conhecida.
A seguir, descubra mais sobre essa imagem – que se tornou um dos símbolos mais fortes da festividade mexicana, e que aparece principalmente na maquiagem em preto e branco feita no rosto de quem participa da celebração.
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O cemitério de Oaxaca, no México, durante uma noite de celebração do Dia dos Mortos.
O que é e como surgiu a La Catrina, a figura do esqueleto associado ao Dia dos Mortos
O nome La Catrina se refere, originalmente, à figura de um esqueleto de uma mulher de ascendência indígena. Seu nome inicial era “La Calavera de Garbancera” e estava relacionado a uma origem indígena. Ainda segundo o mesmo documento do governo mexicano, "garbancera" era a palavra destinada a pessoas que ainda possuiam origem indígena, mas renegavam essa ancestralidade, e as quais vendiam, no passado, grão-de-bico (que se chama garbanzo, em espanhol) e não milho, cereal típico mexicano, como forma de parecerem "mais europeus".
A criação da imagem dessa fábula é atribuída a José Guadalupe Posada, um pintor e ilustrador da cidade mexicana de Aguascalientes, cujo trabalho se distinguiu por “destacar o caráter festivo dos mexicanos e protestar contra as condições do país”, referindo-se às diferenças sociais entre ricos e pobres, explica um artigo da National Geographic Espanha.
Guadalupe Posada retratou a caveira em uma gravura de 1912, a qual se tornou popular após a morte do artista. Em suas primeiras representações, La Catrina foi mostrada sem roupas, usando apenas um chapéu, o que foi interpretado como "uma crítica à pobreza em que viviam os mexicanos na época”, diz outro artigo do governo mexicano.
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Um grupo de amigas participa do Dia dos Mortos usando os trajes típicos associados ao feriado.
Como Diego Rivera se apropriou da figura da Catrina
Mas esse esqueleto associado à data só se tornou realmente popular a partir de 1947, quando o artista Diego Rivera, um proeminente pintor e muralista mexicano, renomeou a personagem como “La Catrina”.
Ele desenhou um traje completo para o esqueleto do Dia dos Mortos, o que enriqueceu sua representação cultural, e o colocou em seu mural "Sueño de una tarde dominical en la Alameda Central" ("Sonho com uma tarde de domingo na Alameda Central", em tradução livre), exposto no Museo Mural Diego Rivera.
Nessa obra, o artista se retrata cercado por personagens icônicos da história do México e mostra, em primeiro plano, “La Calavera Garbancera”, explica o texto da Nat Geo Espanha.
Além de reivindicar a figura do Dia dos Mortos para si, foi Rivera que escolheu a palavra Catrina para ela. O termo vem da “catrín”, palavra de origem mexicana já apropriada pelo idioma espanhol (segundo a Real Academia Espanhola) a qual descreve uma pessoa elegante ou bem vestida. A menção de Rivera remetia a homens e mulheres que se apresentavam desta forma, algo comum na aristocracia mexicana do final do século 19 e início do século 20.
Atualmente, a La Catrina, que nasceu como um meio de protesto e crítica social, se tornou um símbolo do Dia dos Mortos, presente em várias formas de expressão, como papel picado, fantasias e altares.