Os 4 dados essenciais sobre Jane Austen, a autora de “Orgulho e Preconceito”
Enquanto estava viva, Jane Austen publicou quatro livros, sendo o mais famosos deles "Orgulho e Preconceito". Menos conhecida, a obra “Mansfield Park” (na foto), de 1814, também retrata as dinâmicas de relacionamento entre as classes sociais mais altas da Inglaterra de sua época.
Uma das escritoras mais celebradas na literatura Ocidental, a britânica Jane Austen coleciona uma legião de fãs na atualidade, apesar de suas tramas se passarem na época da Inglaterra vitoriana. Nascida em 16 de dezembro de 1775, a autora é reconhecida por ser uma das fundadoras do romance moderno, usando como ponto de partida os acontecimentos da vida cotidiana. É o que explica a Encyclopedia Britannica, uma plataforma de conhecimentos gerais baseada no Reino Unido.
Durante a carreira, Jane Austen publicou somente quatro romances, sendo que seus dois primeiros livros alcançaram enorme sucesso, influenciando outras obras do gênero e futuramente sendo retratado no cinema. Trata-se de “Razão e Sensibilidade”, de 1811; “Orgulho e Preconceito”, de 1813; “Mansfield Park”, de 1814; e “Emma”, de 1815.
Posteriormente, outras duas obras de Austen foram publicadas após sua morte: “Persuasão” e “A abadia de Northanger”, ambas de 1817, mesmo ano em que a escritora faleceu, aos 41 anos de idade.
Diante dos 249 anos de nascimento de Jane Austen, National Geographic selecionou quatro dados essenciais para se saber sobre a vida e a obra da escritora.
Um retrato de Jane Austen feito por sua irmã, Cassandra.
Os quatro pontos essenciais sobre Jane Austen
Nascida na pequena cidade chamada Steventon, no sul da Inglaterra, a escritora nunca deixou a região, que foi cenário inspiratório de seus romances. A seguir, veja como sua trajetória influenciou suas obras.
1. Apesar de ser a autora de histórias de amor marcantes, Jane Austen nunca se casou oficialmente
A relação entre Mr. Darcy (um homem rico e de elevado estatuto social) e Elizabeth, a Lizzie (uma das cinco filhas da família Bennet) se tornou referência quando o assunto é romance na literatura. O casal de “Orgulho e Preconceito” inspirou inúmeros outros personagens do gênero posteriormente, mas em sua vida pessoal, a própria Jane Austen não chegou a viver o tipo de relacionamento retratado nas páginas do livro.
Segundo um artigo de National Geographic Estados Unidos intitulado “Jane Austen never wed, but she knew how to play the marriage game” (“Jane Austen nunca se casou, mas sabia como jogar o jogo do casamento”), a inglesa recebeu diversas propostas de matrimônio durante sua vida, mas jamais aceitou oficialmente nenhuma.
Esse dado é importante porque em boa parte do século 18, quando a autora viveu, era praticamente impossível para as mulheres conseguir se sustentar financeiramente ou ascender na sociedade sem se casar.
2. As obras de Jane Austen abordam a dificuldade para a independência feminina em sua época
Através do uso de ironia e alto poder de observação, Austen usava acontecimentos e dramas típicos das classes mais altas da sociedade inglesa, bem como de membros da nobreza, para mostrar os poucos direitos que as mulheres possuíam na época.
“As mulheres não tinham a maioria das proteções legais, incluindo a posse de propriedades e a tomada de decisões legais e financeiras em seus próprios nomes”, explica o artigo de NatGeo, o que fazia com que, virtualmente, elas não pudessem se tornar independentes e precisavam da presença de um pai, irmão ou outro parente do sexo masculino e, claro, um marido.
Outros temas políticos e sociais também estavam presentes em suas narrativas, tais como o direito a herança, a realeza, a dicotomia riqueza x pobreza, o adultério, a luta por direitos iguais, bem como o colonialismo e a escravidão, os quais por muitos séculos tinham a Inglaterra em seu centro, explica a reportagem de NatGeo.
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“Razão e Sensibilidade”, “Orgulho e Preconceito”, “Mansfield Park” e “Emma” foram os quatro livros lançados em vida por Jane Austen. Sua família ainda publicou duas outras obras no mesmo ano em que a escritora morreu, já após ela ter falecido.
3. A família de Jane Austen era numerosa e bastante unida
Os Austen pertenciam à nobreza, mas integravam a baixa aristocracia inglesa, o que significa que o pai, George Austen – um reitor de paróquias anglicanas – ganhava o suficiente para sustentar a família de oito filhos, porém, sem os luxos que uma classe social aristocrática poderia ter. É o que explica um documento da biblioteca da Universidade Complutense de Madrid (uma das mais antigas do mundo).
Dos oito filhos, apenas duas eram mulheres: Jane e a irmã mais velha Cassandra, que tal como a escritora também nunca se casou, conta a fonte. Já a Britannica explica que o reverendo George Austen era uma pessoa instruída, que acreditava na importância da leitura e do estudo, e incentivava os filhos a aprender. Já a mãe de Jane era “famosa por seus versos e histórias improvisadas”, diz a plataforma online, e conduzia o passatempo principal da família, que era a atuação.
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4. Como foram os primeiros escritos de Jane Austen
Foi nesse ambiente doméstico rico em afeto e leituras que Jane Austen começou a escrever. “Seus primeiros escritos conhecidos datam de aproximadamente 1787 e, entre essa data e 1793, ela escreveu uma grande quantidade de material que sobreviveu em três cadernos”, conta a Britannica. A escrita trazia peças, versos, romances curtos e uma prosa que mostrava as primeiras assinaturas da autora ao parodiar formas de literatura já existentes, como o romance e a comédia, continua a plataforma.
Ao contrário de muitas outras mulheres que aspiravam à literatura em sua época, Jane Austen viveu para ver seus livros se tornarem conhecidos. Após 1811, explica a Britannica, Austen acompanhou seu trabalho ser impresso, lido por muitos e considerado bem avaliado. Até mesmo o príncipe regente da época, George 4º, possuía cópias em suas residências reais, detalha a plataforma.