Retrato em óleo sobre tela de Mary Wollstonecraft (1759-1797), escritora precursora do feminismo, feito pelo artista ...

Dia Internacional da Mulher: 4 mulheres-chave para a conquista dos direitos femininos

Cada uma em sua época, elas fundaram as bases para a revolução social que os movimentos de mulheres promoveram em diversas partes do globo – e resultaram em conquistas como estudar ou votar.

Retrato em óleo sobre tela de Mary Wollstonecraft (1759-1797), escritora precursora do feminismo, feito pelo artista John Opie, em 1790, e disponibilizado pelo Tate Britain, de Londres.

Foto de John Opie ENCICLOPÉDIA DE HISTÓRIA MUNDIAL, PUBLIC DOMAIN
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 7 de mar. de 2024, 16:25 BRT

É muito provável que você nunca tenha ouvido falar desses nomes: Christine de PizanMary WollstonecraftOlympe de GougesSojourner Truth. Enterradas no passado da história Ocidental, essas mulheres tiveram papéis bastante importantes em seu tempo para ajudar outras – de todas as épocas – a conquistar direitos que hoje são vistos como básicos para qualquer ser humano. Tais como estudar, votar e não sofrer violência doméstica por parte de seus companheiros de vida, por exemplo.  

Ainda que as chamadas ondas feministas tenham avançado em diversas partes do Ocidente, nem sempre a trajetória daquelas que inicialmente trabalharam para quebrar estigmas e fazerem as mulheres serem mais ouvidas e valorizadas nas sociedades conseguiu chegar a um grande número de pessoas. Muitas ainda seguem apagadas dos principais livros de história. 

Por isso e por ocasião do 8 de março, Dia Internacional da Mulher  deste ano,  National Geographic preparou um rápido raio-X para pontuar as ações dessas personagens e mostrar como sua coragem influenciou futuramente no destino de milhares de outras mulheres. 

A investigação tem como fonte principal o livro “Breve História do Feminismo”, da antropóloga brasileira Carla Cristina Garcia, que também é mestre e doutora em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pós doutorada pelo Instituto José Maria Mora, do México. Para saber mais, acompanhe abaixo:

Uma ilustração do livro "Cidade das Damas", de Christine de Pizan, encontrada na Biblioteca Nacional da França.

Foto de The Yorck Project ENCICLOPÉDIA DE HISTÓRIA MUNDIAL, PUBLIC DOMAIN

Mulheres importantes na história dos direitos femininos

1. Christine de Pizan (1363-1431) 

Considerada como a primeira mulher escritora profissional da história – pois conseguiu sustentar sua família com o dinheiro de seu trabalho, sem depender de ajuda masculina após a morte do marido. Christine é a autora do livroCidade das Mulheres” entre outras mais de 30 obras. 

Nascida em Veneza, na Itália, viveu na França, e foi também poeta e filósofa. Em “Cidade das Mulheres”, criou um lugar ficcional em que elas eram verdadeiras cidadãs, com direitos conquistados, algo bem diferente do que vivia. Na ficção, Cristine contrapõe a ideia de que as mulheres necessitam viver sob a autoridade masculina e de que são indivíduos “mesquinhos, invejosos, desobedientes e perigosos”, como pregavam grandes pensadores da época, ressalta o livro “Breve História do Feminismo”. 

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    Capa de "Uma Reivindicação dos Direitos da Mulher", de Mary Wollstonecraft. O livro – publicado pela primeira vez em 1792 – pedia mais oportunidades educacionais para as mulheres.

    Foto de Durova ENCICLOPÉDIA DE HISTÓRIA MUNDIAL, PUBLIC DOMAIN

    2. Mary Wollstonecraft (1759-1797)

    A vida desta inglesa poderia, certamente, se transformar em um filme. Dona de uma forma de pensar muito à frente de seu tempo – ela foi a autora do primeiro livro a pedir por direitos iguais entre homens e mulheres. 

    Em “Uma Reivindicação dos Direitos da Mulher”, publicado em 1972 e considerado uma das bases do pensamento feminista, Wollstonecraft reivindicava que as mulheres deveriam ter o mesmo direito à educação que os homens. O fato de não poderem estudar condenava as mulheres a nunca serem independentes, já que não encontrariam oportunidades de se sustentar fora do casamento (ou da prostiuição), como explica sua obra.

    Escritora e tradutora, como conta a Encyclopedia Britannica (plataforma de conhecimento do Reino Unido), a trajetória pessoal de Mary terminou de maneira abrupta quando faleceu, aos 38 anos de idade, vítima de complicações vindas do parto de sua segunda filha, como contam dados sobre ela na Biblioteca Nacional da Espanha. Mary Wollstonecraft é a mãe de Mary Shelley, a autora de “Frankeinstein”, considerada uma das obras pioneiras de terror da história da literatura. 

    Retrato de Olympe de Gouges (1748-1793), dramaturga francesa, em uma pintura do polonês Alexander Kucharsky, do século 18. 

    Foto de Alexander Kucharsky ENCICLOPÉDIA DE HISTÓRIA MUNDIAL, Creative Commons Attribution-ShareAlike

    3. Olympe de Gouges (1748-1793)

    Tudo parecia que ia mudar socialmente durante as vertiginosas manifestações populares que levaram à Revolução Francesa, mas apesar da cabeça dos monarcas da época terem rolado adiante (em separado de seus corpos), as mulheres ficaram esquecidas quando a carta-magna da nova Constituição foi proposta pelos revolucionários. E é nesse ponto que entra Olympe de Gouges.

    Nascida em Paris, em 1748, com o nome de Marie Gouze, foi dela o manuscrito “Declaração dos Direitos das Mulheres e das Cidadãs”, de 1791, texto o qual dedicou à rainha Maria Antonieta. Sua intenção com a publicação era “denunciar” que as mulheres não tinham direitos iguais aos dos homens sob o novo regime republicano, já que continuavam à margem, sem poder votar ou possuir propriedades, por exemplo. 

    Em suas tentativas de falar na nova Assembléia francesa, Gouges enfatizava que, apesar de estarem também envolvidas na tomada social que derrubou a monarquia, as mulheres continuavam sendo vistas como “seres inferiores” e tinham menos direitos que os homens escravizados e libertos. O livro “Breve História do Feminismo” ressalta ainda que Olympe de Gouges foi defensora do divórcio e do “amor livre”, bem como rechaçava a entrada forçada de mulheres na vida religiosa nos mosteiros. 

    Retratos das ativistas Sojourner Truth (à esquerda) e Harriet Tubman, e do abolicionista Frederick Douglass revestem uma parede do Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana, em Washington, Estados Unidos. 

    Foto de Ruddy Roye

    4. Sojourner Truth (1797-1883)

    Talvez não exista discurso mais emocionante sobre o que é estar na pele de uma mulher do que aquele feito por Sojourner Truth em 1851. Ativista pela abolição da escravidãopelos direitos femininos, ela mesma foi uma mulher escravizada que, em liberdade, passou a se envolver com o movimento sufragista norte-americano. Tudo isso sem saber ler ou escrever, já que a alfabetização de pessoas escravizadas era proibida com pena de morte para quem a fizesse nos Estados Unidos, naquela época, como ressalta a publicação da antropóloga brasileira. 

    Ainda assim, Sojourner foi a primeira mulher negra a participar da Convenção Nacional dos Direitos das Mulheres, em 1850, e no ano seguinte foi a vez de fazer o discurso que a marcou historicamente. É também um dos primeiros a colocar os problemas de gênero e raça, juntos, enfatizando a exclusão das mulheres negras de qualquer direito ou atenção social. Na fala, repetia recorrentemente a pergunta “E eu não sou uma mulher?” para a plateia na Convenção de Akron, em Ohio. Sojourner Truth pedia por igualdade e deixava claro que, como mulher negra, não estava sendo considerada e respeitada nem mesmo pelos movimentos femininos até então.

    Truth é considerada, até a atualidade, referência do feminismo negro no mundo e pioneira na luta pelos direitos civis dos negros e das mulheres nos Estados Unidos, influenciando gerações depois dela.

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