O pintor desse quadro feito a óleo, do século 19, provavelmente baseou sua representação de Sor ...

A escritora mais importante da era colonial – e uma pioneira do feminismo – viveu em um convento

Autora de poemas, sonetos e peças de teatro, esta freira foi uma das primeiras a pedir por igualdade de gênero, mesmo tendo passado quase toda a vida em conventos.

O pintor desse quadro feito a óleo, do século 19, provavelmente baseou sua representação de Sor Juana nos retratos freira pintados no período colonial. Na pintura, Sor Juana usa o hábito com escapulário e véu preto. Ela carrega um grande medalhão cristão e usa um rosário no ombro.

Arte de ANTONIO TENORIO INSTITUTO NACIONAL DE ANTROPOLOGÍA E HISTORIA, MÉXICO; MEDIATECA INAH
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 10 de nov. de 2023, 17:00 BRT

Juana Inês de Asbaje Ramírez de Santillana, mais conhecida como Sor Juana Inês de la Cruz, nasceu em 12 de novembro de 1648 e é considerada uma das escritoras mais emblemáticas do século 17, além de ser uma das pioneiras na luta pela igualdade de gênero.

Ele cresceu principalmente na fazenda de Nepantla, na Nova Espanha (atual México), na fazenda de seu avô materno, de acordo com um artigo publicado pelo governo mexicano.

Aos 3 anos de idade, Juana já sabia ler e escrever. Ela também aprendeu latim com facilidade e tinha conhecimento de nahuatl (um idioma indígena). Quando criança, ela foi viver na casa dos tios para continuar seus estudos. 

Já na adolescência, aos 16 anos, Juana se juntou à corte do vice-rei Antonio Sebastián de Toledo, marquês de Mancera, e da vice-rainha Leonor de Carreto, que se tornaram seus patronos, diz o Ministério da Cultura da Argentina. Essas figuras foram importantes em sua vida porque, no século 17, os acadêmicos dependiam de um patrono para se sustentar. Em outras palavras, eles não escreviam de forma independente, mas por encomenda, conta a organização.

Em 1667, ela entrou para a ordem das Carmelitas Descalças, na Igreja do Convento de Santa Teresa la Antigua, onde passou por seu primeiro estágio de educação formal. No entanto, mais tarde ela se transferiu para a ordem de São Jerônimo, de acordo com a Comissão Nacional de Direitos Humanos do México (CNDH). Na época, a universidade era reservada somente aos homens.

Sor Juana Inês de la Cruz fez carreira literária sendo freira

De acordo com o CNDH, os vínculos de Sor Juana com importantes figuras da corte e do clero permitiram que ela desenvolvesse seu trabalho literário. Ela mantinha um grande número de livros em seu quarto, algo que era difícil de se conseguir naquela época.

Além de escrever, a freira Juana Inês se destacou como administradora, atuando por nove anos como contadora do convento. Ela também realizou experimentos científicos, de acordo com o Instituto Nacional de Belas Artes e Literatura do México (Inbal).

Em 1680, Sor Juana escreveu o livro “Neptuno Alegórico”, dedicado aos marqueses de La Laguna, vice-reis recém-chegados ao México. Desse momento em diante, a fama da freira se expandiu, bem como sua maturidade literária, e ela recebeu apoio financeiro para seus projetos pessoais e conventuais. 

De acordo com a comissão mexicana, a obra de Sor Juana Inês de la Cruz é considerada uma das obras mais importantes do período colonial, e é frequentemente colocada no mesmo nível de poetas e dramaturgos espanhóis da época, como Lope de Vega e Miguel de Cervantes.

Sua obra literária inclui poemas filosóficos, amorosos e líricos; além de sonetos e autos sacramentais, como o “El divino Narciso” (1689); e peças de teatro, como “Los Empeños de una Casa” (1683). Alguns textos epistolares dela também sobreviveram.

Um dos momentos mais importantes de sua carreira como escritora foi a publicação em Madrid, na Espanha, em 1689, de “Inundación Castálida”, um compêndio de sua obra. 

"Seu trabalho é marcado pela crítica aos valores da sociedade da Nova Espanha, que considerava que as mulheres não deveriam ter o poder sobre seu próprio futuro e suas próprias ações", diz o CNDH.

Sor Juana Inês pedia por mais direito para as mulheres

Atualmente, a escritora é considerada uma precursora do movimento feminista, de acordo com a Coordenação de Igualdade de Gênero da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM). De acordo com a CNDH, ela até se esforçou para entrar na universidade e continuar sua formação acadêmica, algo impensável na época.

Como o CNDH destaca, desde 1980, todo dia 12 de novembro no México, marca o Dia Nacional do Livro, comemorado em homenagem a Sor Juana e ao legado de sua luta por seus direitos.

A freira Juana Inês de la Cruz morreu em 17 de abril de 1695 de tifo, possivelmente após ter sido infectada depois de cuidar de outras freiras com a mesma doença no convento onde vivia.

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