Os 3 fatos surpreendentes sobre Mary Shelley, a criadora da obra "Frankenstein"
Retrato de Mary Shelley feito pelo pintor irlandês Richard Rothwell em 1840 (óleo sobre tela).
"Frankenstein", uma das obras fundamentais da literatura ficcional de horror, foi concebida, escrita e publicada por uma mulher. Mundialmente conhecida, a trágica e aterradora história da criatura forjada usando partes do corpo de pessoas mortas já foi adaptada diversas vezes para o cinema e traduzida em inúmeros idiomas. A trama – ao mesmo tempo aterradora e fascinante – saiu da mente da escritora inglesa Mary Wollstonecraft Shelley, que viveu na conturbada Londres do século 19.
Mary Shelley, como ficou mais conhecida, nasceu em 30 de agosto de 1797, na capital da Inglaterra, e ainda escreveu outras obras ao longo da vida. Nenhuma delas, no entanto, se comparou ao impacto e ao ineditismo de "Frankenstein", publicado pela primeira vez em 1818 sob a forma de um conto e com o nome de "Frankenstein ou o moderno Prometeu", como detalha um artigo da National Geographic Portugal intitulado "Frankenstein: 1816, o ano em que nasceu o monstro".
Dona de uma trajetória que envolve ter nascido de pais influentes e vanguardistas (em plena Londres conservadora à beira da Era Vitoriana); um amante e posterior marido de atitudes controversas; e momentos de superação pessoal que envolveram a perda de filhos, a depressão e muito ineditismo no cenário literário, Mary Shelley está entre as mulheres que seguem influenciando a cultura até hoje, como prova o recém
A seguir, conheça mais profundamente três fatos surpreendentes e marcantes da vida da autora de "Frankenstein".
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Página de título da primeira edição de "Frankenstein", de Mary Shelley.
1. Mary Shelley era filha de uma das primeiras feministas a lutar por direitos iguais
Mary Shelley nunca chegou a conviver com a mãe, Mary Wollstonecraft, uma das feministas pioneiras do século 18 e ferrenha ativista pelos direitos das mulheres, principalmente no que se referia à educação. É autora de um livro-base sobre o tema chamado "Uma Reivindicação dos Direitos da Mulher", de 1792, como detalha um artigo sobre o tema na Encyclopedia Britannica (plataforma de conhecimentos gerais do Reino Unido).
"Em 'Reivindicação', Wollstonecraft formulou fortes críticas aos discursos iluministas que encaravam as mulheres como 'naturalmente' inferiores em relação aos homens", explica um artigo sobre a autora do feminismo publicado pela Biblioteca Digital de Periódicos da Universidade Federal do Paraná.
Mary Wollstonecraft morreu 11 dias depois do parto de Mary Shelley, em 1797, aos 38 anos de idade. Ela foi sua segunda filha. Na época, ela mantinha um relacionamento "fora dos padrões" com o pensador e filósofo William Godwin, com quem se casou apenas depois de estar grávida, conta a Britannica sobre a escritora.
2. Mary Shelley teve uma adolescência conturbada
Ainda segundo a Britannica, Mary conheceu seu futuro marido, o também escritor e poeta Percy Bysshe Shelley, ainda na adolescência, quando voltou da Escócia – para onde havia sido enviada pelo pai para estudar – para Londres.
Aos 16 anos de idade ela engravidou de Percy e os dois deixaram a capital inglesa, conta a plataforma, pois o poeta de 21 anos já era casado, apesar de ter uma vida boêmia, diz a fonte.
Foi através do círculo de amigos dele que Mary conheceu uma pitoresca figura da época, o Lord Byron, um dos escritores mais influentes do romantismo. Segundo o artigo da National Geographic Portugal, Mary e Percy Shelley se juntaram a Byron, na Suíça, em uma mansão na qual ficaram por uma temporada. Teria sido nesse período que surgiram as ideias para escrever "Frankenstein".
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Placa azul colocada na parede do cemitério da igreja de São Pedro, em Londres, em homenagem a Mary Shelley e sua família.
3. A primeira edição de "Frankenstein" foi impressa sem o nome de Mary Shelley
Após lidar com o suicídio de sua meia-irmã e com as confusões envolvendo o relacionamento com Percy Shelley, que acabou ficando viúvo, Mary conseguiu finalmente publicar sua obra-prima.
"Em 1º de janeiro de 1818, uma pequena editora de Londres imprimiu 500 exemplares de 'Frankenstein ou o moderno Prometeu' no papel mais barato disponível. Mary Shelley, agora com 20 anos de idade, lançou essa primeira edição de forma anônima", detalha a Britannica.
O livro rapidamente se tornou um sucesso na época, mas somente quatro anos depois Mary Shelley conseguiu repetir a publicação, agora com seu nome estampado na capa. "Mais de 200 anos após a primeira impressão de 'Frankenstein', dezenas de milhares de cópias ainda são vendidas anualmente e o monstro de Frankenstein é uma figura icônica e influente na cultura pop em geral, um testemunho do talento e da criatividade de Mary Shelley", complementa a Encyclopedia Britannica.
Mary Shelley morreu em 1º de fevereiro de 1851, com apenas 53 anos, após já ter perdido o marido Percy Shelley, o amigo Lord Byron, e três de seus quatro filhos.