
Qual é a origem do Curupira? No Dia do Folclore, saiba mais sobre o mascote da COP30
A ilustração oficial da COP30, que acontece no Brasil, traz o curupira como mascote do evento.
Quando alguém fala um dito popular ou repete uma tradição típica regional, esta pessoa está vivenciando o folclore. No caso do Brasil, o cancioneiro brasileiro de mitos e lendas folclóricos é riquíssimo, tanto que existe o Dia do Folclore, comemorado anualmente em 22 de novembro.
O folclore é um conjunto de lendas, costumes, provérbios que se propaga via oral ou escrita, e integra a maneira como um povo se manifesta, como explica o dicionário “Oxford” ao conceituar a palavra. Além de personagens conhecidos nacionalmente, como o saci pererê, a Iara (mãe d’água) e a mula sem cabeça, por exemplo – também existe o folclore regional, dado que o país tem dimensões continentais e muitas influências distintas.
Ainda assim, a figura do curupira – um menino conhecido também como “protetor da Floresta”, caipora ou “pai do mato” – é uma das mais populares. Tanto que ele tem uma efeméride própria, celebrada em 17 de julho e, por decisão governamental, é um dos símbolos folclóricos presentes na educação fundamental escolar.
Em 1º de julho de 2025, o curupira foi anunciado pelo governo federal como sendo o mascote oficial da COP30 – a reunião anual da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) – que se realiza pela primeira vez no Brasil, na cidade de Belém, no Pará, entre 10 e 21 de novembro.
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Aqui, um registro de uma área ainda imaculada da floresta amazônica.
Qual é a origem do Curupira e quando foi mencionado pela primeira vez?
Nas lendas relacionadas ao curupira, conta-se que ele persegue caçadores e lenhadores que fazem mal à floresta. Mas este “temor” à figura vem da cultura indígena, como conta um artigo sobre o tema original do Instituto Butantan (centro de pesquisa científica São Paulo).
“Relatos históricos afirmam que o mito do curupira surgiu entre os indígenas brasileiros que tinham verdadeiro pavor de um ser da floresta que punia quem pretendia derrubar árvores ou eliminar animais selvagens”, continua a fonte.
“Tanto que seu nome vem da junção de ‘curu’ – uma contração do nome ‘curumim’, que significa menino – e ‘pira’, que significa corpo na língua indígena tupi”, detalha. “O padre jesuíta José de Anchieta, que viveu em São Paulo na época da fundação da cidade, foi o primeiro a relatar a história que ele conheceu pelos próprios indígenas ainda nos anos 1500".
Ainda segundo a fonte, até hoje existe o hábito, por parte dos indígenas, de “enviar presentes em forma de oferendas para acalmar” o curupira. “O costume pegou e até hoje é comum seringueiros, entre outros extrativistas, oferecerem comida, bebida ou objetos ao curupira quando adentram na floresta”, relata o artigo.
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Mais uma publicação que reforça a importância deste personagem do folclore brasileiro, inclusive para o público infanto-juvenil.
Afinal, qual é a cor do cabelo do curupira?
“A lenda caracteriza o curupira como um menino de tamanho pequeno, de cabelos vermelhos, dentes afiados e pés virados para trás. Seu objetivo é desorientar caçadores", informa o artigo do Instituto Butantan. Para isso, diz o folclore relacionado a ele, o curupira usa “assobios ensurdecedores" e deixa pegadas ao contrário, completa a fonte.
O artigo continua explicando que estas características podem mudar de acordo com a região do Brasil. Em alguns lugares, “ele pode ser maior, careca, peludo, ter olhos verdes e dentes azuis”, afirma.
Já o livro “Procura-se o curupira”, do autor infanto-juvenil Alexandre de Castro Gomes (Editora Cia das Letras), reúne outros fatos sobre o personagem. Entre eles, estaria o “superpoder” de ser capaz de ressuscitar os animais vítimas de caçadores.
Na lenda, o “menino de cabelos cor de fogo” também vive na parte mais densa das florestas, sendo “implacável e agressivo” com aqueles que entram na mata para “fazer o mal” a seus habitantes. Para isso, o curupira simula os gritos e sons de vozes humanas para atrair os invasores e deixá-los perdidos”, diz um artigo da Cia das Letras sobre o personagem.
Quem quiser saber mais sobre o curupira e outros ícones folclóricos nacionais pode consultar o “Dicionário do Folclore Brasileiro”, do historiador e folclorista Luís de Câmara Cascudo.
