Boto-cor-de-rosa: a lenda do animal que “se transforma em humano” e outras curiosidades

Além de ser parte do folclore da região norte do Brasil, e inspirar uma lenda popular, o boto-cor-de-rosa cumpre um importante papel no ecossistema.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 31 de jul. de 2023, 13:41 BRT, Atualizado 22 de ago. de 2024, 12:15 BRT
Espécie de boto-cor-de-rosa, que também é conhecido como o maior golfinho aquático de água doce do ...

Espécie de boto-cor-de-rosa, que também é conhecido como o maior golfinho aquático de água doce do mundo.

Foto de Paulino Menezes Ministério do Turismo do Brasil

De todos os animais da Amazônia, há um em especial que guarda uma famosa lenda folclórica e muitas curiosidades por trás de sua existência. Trata-se do boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis), conhecido como maior golfinho de água doce do mundo e que pode ser encontrado em Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, segundo a Animal Diversity Web (ADW), base de dados online sobre seres vivos do planeta. 

A seguir, leia algumas curiosidades sobre esse fascinante mamífero aquático.

A popular lenda de que o boto-cor-de-rosa se transforma em homem

O boto-cor-de-rosa faz parte do folclore brasileiro. Há a lenda de que, durante à noite, ele se transformaria em um belo e charmoso rapaz, saindo da água para conquistar as mulheres ribeirinhas na Amazônia.

Os botos vão aos bailes e dançam alegremente com elas, que logo se envolvem em meio a seus galanteios. Apaixonam-se e engravidam deste rapaz. O boto em sua versão humana anda sempre de chapéu, pois dizem que de sua cabeça exala um forte cheiro de peixe”, conta uma nota do Ministério da Pesca e Aquicultura, órgão do Brasil responsável pela atividade pesqueira e aquícola (relacionada à água) do país, explicando a famosa lenda local. 

Segundo essa lenda, o boto desaparece antes do amanhecer e volta à sua forma animal na água sem que ninguém o veja. Obviamente, a popular história não possui embasamento científico e deve ser compreendida como parte do folclore regional amazônico.

O boto-cor-de-rosa desempenha um importante papel no ecossistema

Além da sua importância cultural, o boto também cumpre uma função essencial para manter o equilíbrio do ecossistema.

Como predador, o animal ajuda no controle populacional de peixes e outros animais aquáticos e também é presa para espécies como onças e jacarés. 

O Ministério da Pesca e Aquicultura brasileiro relata ainda o comportamento chamado de “várzea-jardinagem”: ao locomover-se pelos rios, o boto ajuda na dispersão de sementes de plantas aquáticas, o que é importante para a polinização e reprodução das espécies vegetais. 

O boto-cor-de-rosa enfrenta ameaças humanas em seu hábitat

O animal é classificado como “ameaçadopela União Internacional Para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). A organização, que monitora a situação de diferentes espécies ao redor do mundo, registra que a população de botos na natureza está em declínio.

Uma das ameaças a esse mamífero é a captura por pessoas que usam a sua carne como isca para a pesca de piracatinga (Calophysus macropterus), peixe apelidado de “urubu d’água” por se alimentar dos restos de outros animais.

 Essa situação fez com que, desde janeiro de 2015, o Brasil proibísse a pesca e comercialização de piracatinga, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). 

“Brincalhão” e geralmente solitário: como é o comportamento do boto-cor-de-rosa na natureza

O boto é, no geral, um animal solitário, sendo raramente visto em grupos de mais de três indivíduos (geralmente mães com seus filhotes), informa a ADW

Em momentos como o da alimentação e do acasalamento, é comum ver diferentes indivíduos juntos. Na hora de perseguir presas, o boto chega a se associar até mesmo a animais de outras espécies, como a ariranha (Pteronura brasiliensis). 

Os botos são bastante brincalhões e curiosos na natureza. Não é incomum que eles se esfreguem nas canoas e agarrem os remos dos pescadores nos rios, e já foram observados jogando gravetos e brincando com troncos e animais menores (inclusive peixes e tartarugas)”, explica ainda a ADW

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