Incrível dinossauro blindado encontrado em monumento nacional ameaçado

A nova espécie viveu há mais de 75 milhões de anos, onde agora é o sul de Utah, nos Estados Unidos.

Por Michael Greshko
Publicado 26 de jul. de 2018, 12:04 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Randy Johnson, um paleontologista voluntário no Museu Histórico Nacional de Utah, cuidadosamente prepara um fóssil no ...
Randy Johnson, um paleontologista voluntário no Museu Histórico Nacional de Utah, cuidadosamente prepara um fóssil no museu em Salt Lake City.
Foto de Mark Johnston, The Natural History Museum Of Utah In Salt Lake City

Há mais de 75 milhões de anos, um dinossauro “blindado” herbívoro viveu e morreu no continente perdido de Laramidia. Agora, seus restos mortais foram encontrados no sul de Utah, nos EUA – em um dos monumentos nacionais que a Administração Trump pretende encolher.

Em um estudo publicado no PeerJ, paleontologistas batizaram uma nova espécie de anquilossaurídeo, Akainacephalus johnsoni (“Cabeça espinhosa de Johnson”), cujos fósseis foram encontrados no Grand Staircase-Escalante National Monument de Utah. Os restos mortais consistem em crânio e partes do esqueleto do animal, incluindo seu rabo. Sua característica mais distinta: placas ósseas em formato de pirâmide por toda a sua cabeça.

O dinossauro viveu e morreu em um continente que já não existe mais. Na época, um oceano interno tornou o oeste da América do Norte em um continente próprio, que os cientistas agora chamam de Laramidia. O continente subtropical era como o Mississippi: quente, úmido, exuberante e entrecruzado por rios.

Reconstrução (vista de perto) do novo dinossauro “blindado”, Akainacephalus johnsoni.
Foto de Illustration by Andrey Atuchin, courtesy the Denver Museum of Nature & Science

O Akainacephalus johnsoni, residente do sul de Laramidia, parece ser um parente mais próximo dos anquilossaurídeos encontrados na Ásia do que àqueles que viviam no norte de Laramidia. Sendo assim, anquilossaurídeos provavelmente se dispersavam da Ásia até Laramidia muitas vezes, espalhando-se pelo continente perdido para formar populações distintas ao norte e ao sul.

Pesquisadores também usaram a descoberta para reconhecer o árduo trabalho dos preparadores de fósseis, que meticulosamente os retiram das rochas e os armazenam. O nome da nova espécie é uma homenagem a Randy Johnson, o preparador de fósseis voluntário do Museu Histórico Nacional de Utah, que passou milhares de horas limpando o crânio e a mandíbula inferior do dinossauro.

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    “Só descobrimos que se tratava de um animal único quando os fósseis foram levados para o Museu e Randy Johnson preparou o crânio”, disse Jelle Wiersma, líder do estudo e candidato Ph.D. na James Cook University, por e-mail.

    Monumentos repletos de fósseis são diminuídos

    O achado chama a atenção para o rico histórico de fósseis nos monumentos nacionais de Utah, Grand Staircase-Escalante e Bears Ears, tendo em vista que a Administração Trump quer reduzir os dois monumentos em 46 e 85 por cento, respectivamente, em uma reversão de terras públicas sem precedentes.

    O  local onde o Akainacephalus foi achado ainda se encontra dentro dos limites diminuídos de Trump para o monumento. No entanto, as barreiras menores excluiríam depósitos próximos mais antigos, conhecidos por conter fósseis de répteis marinhos e dinossauros com chifres.

    A área mais ampla contendo o Akainacephalus, chamada de Kaiparowits Plateau, fica no meio de um cabo-de-guerra entre paleontólogos e interesses de mineração. A terra, com milhões de acres, contém leitos de fósseis ricos e cerca de 62 bilhões de toneladas de carvão. Cientistas temem que, se essas terras caírem sob uma administração menos restritiva, fósseis insubstituíveis podem ser destruídos antes mesmos de serem reconhecidos.

    “A adição do Akainacephalus johnsoni [ao Grand Staircase-Escalante] mostra a importância de protegermos estes recursos paleontológicos inestimáveis para os cientistas e para o público em geral”, diz Wiersma. “Cidadãos dos Estados Unidos e do resto do mundo teriam o direito de aprender e aproveitar o conhecimento e a importância dessas novas descobertas fósseis”.

    Com essa finalidade, a Sociedade de Paleontologia de Vertebrados processou a Administração Trump em dezembro de 2017, contra a redução dos monumentos. O caso do grupo se juntou com processos de grupos de proteção ambiental e tribos nativas americanas. Esta ação conjunta está em andamento.

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