Fóssil colossal é a mais antiga árvore gigante de flores da América do Norte

A descoberta do fóssil da planta de 92 milhões de anos alterou a data estimada da presença dessas enormes árvores na região em 15 milhões de anos.

Por Michael Greshko
Publicado 5 de out. de 2018, 11:22 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
As cerejeiras florescem no jardim botânico de Nova Iorque, no Bronx.
As cerejeiras florescem no jardim botânico de Nova Iorque, no Bronx.
Photography by Diane Cook & Len Jenshel

Cerca de 92 milhões de anos atrás, no que hoje é o centro de Utah, nos Estados Unidos, uma terrível tempestade derrubou uma enorme árvore florida, que foi arrastada por um rio até um antigo delta. Os sedimentos enterraram parte do tronco da árvore, que então foi mineralizado - preservando um fóssil que agora está quebrando recordes.

Em estudo publicado na revista Science Advances, os pesquisadores apresentam as evidências mais antigas de grandes árvores floridas na América do Norte. O fóssil recordista é uma tora petrificada de quase 1,8 metro de largura e 11 metros de comprimento. Pesquisadores dizem que a árvore provavelmente tinha cerca de 70 metros de altura, tornando-a duas vezes mais alta que a árvore viva mais alta de Utah.

O tronco de árvore fossilizada provavelmente pertence ao Paraphyllanthoxylon, um gênero antigo conhecido de outros fósseis. Mas essa árvore viveu e morreu 15 milhões de anos antes dos fósseis norte-americanos mais antigos de grandes árvores floridas. (Conheça a árvore viva mais antiga da Europa e descubra por que ela está tendo um surto de crescimento.)

Uma amostra do tronco de Paraphyllanthoxylon petrificado. Em vida, a árvore provavelmente tinha entre 50 e 54 metros de altura, rivalizando com os álamos de tulipas e pinheiros brancos orientais mais altos da América do Norte.
Photography by M. D. D'Emic

Especialistas externos dizem que a existência da árvore faz sentido. Plantas florescentes, também chamadas de angiospermas, surgiram há cerca de 135 milhões de anos. Há cem milhões de anos, árvores menores dominavam algumas terras baixas e, há cerca de 75 milhões de anos, há evidências claras de maciças árvores floridas. Então, por volta de 90 milhões de anos atrás, as angiospermas devem ter começado a tentar alcançar os céus.

“Não é necessariamente surpreendente, porque sabemos que há uma rica flora de angiospermas na época”, diz Nan Crystal Arens, paleobotânico da Hobart e William Smith Colleges, que não participou do estudo. “Mas é a prova concreta, tátil, de que essas árvores grandes existiram”.

Encontrar fósseis deste período, chamado Turoniano, tem se mostrado um desafio, porque o nível do mar era alto na época, o que significa que a maioria dos sedimentos turonianos captura o que estava acontecendo na água, não na terra. Menos de cem fragmentos conhecidos de madeira angiosperma têm mais de 84 milhões de anos, e a maioria é de pequenas árvores com menos de 10 centímetros de diâmetro.

“Isso abrange um período de tempo que é pouco conhecido... por isso foi muito bom encontrar isso", acrescenta a paleobotânica Dori Lynne Contreras, Ph.D. estudante na Universidade da Califórnia, Berkeley.

Histórico de troncos

Encontrar o tronco colossal foi um golpe de sorte. Com financiamento da National Geographic Society, o paleontólogo da Universidade Adelphi, Michael D'Emic, visitou o centro de Utah em 2014 em busca de ossos de dinossauros de pescoço longo. Um dia, um funcionário do Departamento de Administração de Terras dos EUA chamado John Reay levou D'Emic para uma visita à área e mostrou-lhe algumas características geológicas interessantes que o órgão havia encontrado, incluindo o tronco petrificado.

A princípio, D'Emic não sabia o que fazer com aquilo. Por um lado, as toras petrificadas não são incomuns na costa oeste dos Estados Unidos, especialmente de coníferas. Mas, por outro lado, o tronco era impressionante.

“Você está lá fora no deserto e, se for uma pessoa comum, você verá apenas muita areia e arenito”, diz D'Emic. “Mas pude ver então que deve ter havido tempestades de monções malucas para trazer uma árvore [como essa] para um desses deltas na época. Eu vi o ambiente ganhar vida”.

D'Emic perguntou a Reay se ele poderia pegar amostras da tora, que ele enviou ao paleobotânico Nathan Jud, que agora é professor da William Jewell College. Jud pensou inicialmente que os fragmentos pertenciam a uma grande árvore conífera. Mas após examinar as amostras no microscópio, percebeu que o tronco de Utah não era apenas enorme - era um achado raro.

“Meu queixo caiu”, diz Jud, principal autor do estudo. “Eu soube imediatamente que era o mais antigo registro de angiospermas com mais de um metro de diâmetro em qualquer lugar do mundo”. Ele logo parabenizou D'Emic em uma mensagem de texto.

A equipe tem alguns estudos em mente para descobrir onde plantas diferentes viviam na paisagem turoniana perto do local de repouso do tronco. Enquanto isso, D'Emic espera que o novo estudo atraia mais atenção científica para o Ferron Sandstone Member, a formação rochosa de Utah que produziu os fósseis. A equipe não estudou apenas o tronco petrificado, mas em expedições posteriores à área, eles também encontraram fósseis de pólen, folhas e vertebrados - incluindo um dente de tubarão e alguns ossos de dinossauro.

“Antes do nosso estudo, haviam três estudos sobre o Ferron Sandstone Member, que é visto apenas como um local estéril”, diz D'Emic. “Não estou dizendo que seja a maior descoberta da história, ou algo assim, mas isso encoraja outras pessoas a prospectar fósseis”.

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