A primeira mulher programadora da história previu a existência da inteligência artificial

As contribuições que Ada Lovelace fez para a matemática são tão significativas que ela tem um dia no ano para celebrar sua importância: a segunda terça-feira de outubro.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 10 de out. de 2023, 12:00 BRT
A cientista e matemática Ada Lovelace reconheceu, no século XIX, a importância dos computadores no futuro ...

A cientista e matemática Ada Lovelace reconheceu, no século XIX, a importância dos computadores no futuro como máquinas capazes de responder a problemas matemáticos através da programação.

Foto de Spencer Lowell

Augusta Ada Byron (1815-1852), mais conhecida como Ada Lovelace, foi uma matemática e escritora inglesa considerada a primeira programadora de computadores da história. 

Devido à importância histórica e científica da estudiosa, que previu até mesmo as bases da inteligência artificial, a segunda terça-feira de outubro se tornou o Dia de Ada Lovelace. A data criada em 2009 homenageia as contribuições das mulheres para ciência, tecnologia, engenharia e matemática.

Ada Lovelace era filha do renomado poeta Lord Byron com a aristocrata inglesa Annabella Milbanke, que também era matemática e ativista. O casal se separou legalmente dois meses após o nascimento da menina e, na época, o escritor deixou a Grã-Bretanha. Com isso, Ada nunca conheceu o pai, como contam as informações da Encyclopaedia Britannica, plataforma de ensino referência no Reino Unido. 

Como Ada Lovelace se interessou por computadores

Durante sua infância, Augusta Ada Byron foi uma criança muito curiosa e sua mãe se dedicou para que ela aprendesse matemática, pois não queria que a jovem seguisse a vida de poeta do pai. A informação está em um documento publicado pelo No More Matildas, movimento criado pela Associação de Mulheres Pesquisadoras e Tecnólogas (Amit), surgida em 2001, na Europa.

Ada foi educada de forma particular por tutores e também se mostrou autodidata. No entanto, um marco em seu aprendizado ocorreu em 1833, quando ela conheceu Charles Babbage, um matemático e cientista conhecido como o "pai do computador". Lovelace estava interessada em um conceito que ele tinha de um dispositivo mecânico para calcular valores de funções quadráticas, observa a agência Nasa em um artigo sobre mulheres matemáticas. 

A máquina de Babbage usava apenas adição e subtração, mas podia realizar cálculos complexos e imprimir os resultados em forma de tabela, o que foi suficiente para despertar o interesse da jovem britânica pela matemática, lembra um artigo publicado pelo National Institute of Standards and Technology (NIST), uma agência do Departamento de Comércio dos Estados Unidos.

Em 1835, ela conheceu e se casou com o barão britânico William King. Poucos meses após o nascimento de seu terceiro filho, em 1839, Lovelace decidiu retornar à ciência e começou a estudar sob a supervisão de Augustus De Morgan, um importante professor da Universidade de Londres. 

As anotações de Ada Lovelace que entraram para a história 

Durante esse período, Babbage viajou para Turim, na Itália, para dar palestras sobre sua nova invenção: a máquina analítica. Embora nunca tenha publicado nada sobre seu desenvolvimento, o engenheiro e matemático italiano Luigi Menabrea compilou e publicou em 1842 o Sketch of the Analytical Machine (“Esboço sobre a Máquina Analítica”, em tradução livre), com base nas anotações que havia feito durante as palestras do inventor. 

Quando Ada Lovelace viu o trabalho, originalmente publicado em francês, decidiu traduzi-lo para o inglês e apresentá-lo na Inglaterra, meta que alcançou em meados de 1843. 

De acordo com um artigo da revista National Geographic España intitulado “Ada Lovelace, a filha visionária de Lord Byron”, a matemática e inglesa acrescentou algumas anotações próprias ao texto de Menabrea, em que contribuiu com suas teorias sobre o funcionamento da máquina de Babbage. 

Essas impressões acabaram sendo mais famosas do que a própria tradução do artigo, pois continham conceitos que hoje poderiam ser considerados visionários.

O mais famoso deles diz respeito à operação do que hoje é conhecido como algoritmo de computador. A estudiosa tinha apenas 27 anos de idade quando desenvolveu seu primeiro algoritmo. 

Ada tomou como exemplo os números de Bernoulli, que consistem em uma série infinita de dígitos que desempenham um papel importante na descrição, por meio de um diagrama, das operações que a máquina de Babbage teria de realizar para calculá-los, como explica o artigo da revista National Geographic espanhola.

Babbage também estava interessado em algumas das ideias dela para outro dispositivo em que usaria cartões perfurados para ler instruções e dados para resolver problemas matemáticos. Ada Lovelace achava que essas máquinas, os computadores do futuro, poderiam ir além da simples computação ou processamento de números, conforme diz o artigo da Nasa.

Infelizmente, logo após a publicação, a saúde de Lovelace começou a piorar e ela foi diagnosticada com câncer em 1851. Ela morreu um ano depois, aos 36 anos.

Qual foi a contribuição de Ada Lovelace para a ciência?

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Lovelace foi a primeira a reconhecer que a máquina tinha aplicações que iam além da computação pura e que também podia manipular símbolos. Além disso, ela publicou textos sobre o primeiro algoritmo destinado a ser executado por uma máquina desse tipo. 

Como resultado, Lovelace costuma ser considerada a primeira a perceber o potencial de uma "máquina de computação" e a primeira programadora de computadores.

As anotações da matemática inglesa são consideradas a primeira e mais completa descrição dos computadores, de acordo com artigo do Nist, National Institute of Standards and Technology do Departamento de Comércio dos Estados Unidos. Por meio de suas habilidades críticas e criativas, Lovelace lançou as bases para escrever o primeiro programa de computador. 

Ada Lovelace previu a inteligência artificial

Em um de seus estudos de tradução, ela previu que, embora os computadores tivessem um potencial infinito, eles não poderiam ser realmente inteligentes. Ele argumentou que um programa só poderia ser projetado para fazer o que os seres humanos sabem fazer. 

“Em outras palavras, ele acreditava que a inteligência artificial não poderia criar nada original sem aprender com a contribuição humana”, diz Justyna Zwolak, a autora do artigo do Nist.

Além disso, a linguagem de programação conhecida como ‘Ada’, recebeu, justamente, o nome da matemática inglesa, sendo uma homenagem, como explica a Britannica.

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