O que aconteceu com os sobreviventes depois do acidente de avião nos Andes?
Camiseta do Old Christian Club (time de rúgbi dos passageiros do avião) que pertenceu a Gustavo Zerbino, um dos sobreviventes. Ele a usou durante os 72 dias na Cordilheira dos Andes.
Superação, amizade, união, organização… Todos esses elementos fazem parte da intensa luta pela sobrevivência que marcou a vida dos 16 sobreviventes (e de vários outros passageiros os quais, apesar dos esforços, infelizmente perderam a vida) na tragédia nos Andes, em 1972.
O dia 13 de outubro de 1972 marcou a história de 45 pessoas que viajavam de Montevidéu, no Uruguai, para Santiago, no Chile, com um grupo de jovens de uma equipe escolar de rugby, seus familiares e amigos para um jogo na capital chilena. Eles fretaram um avião da Força Aérea do Uruguai para a missão, porém nunca chegaram ao destino final.
Quem são os sobreviventes e o que aconteceu com eles após o acidente nos Andes?
Foram 16 os sobreviventes resgatados na Cordilheira dos Andes em dezembro de 1972. Atualmente apenas 14 deles estão vivos e seguem unidos, se encontrando de tempos em tempos.
Conheça quem são os 16 sobreviventes e o que aconteceu com cada um, segundo alguns deles contam em entrevistas e como mostram artigos da imprensa uruguaia que nunca parou de cobrir o assunto.
(Você pode se interessar por: Acidente dos Andes – um relato passo a passo da história real da tragédia nas montanhas das cordilheiras)
Fernando Seler "Nando" Parrado Dolgay
Um dos personagens essenciais dessa história, Nando Parrado se feriu no impacto da queda do avião – e perdeu sua mãe (Eugênia) nesse momento. Sua irmã Susy, Susana Parrado, sobreviveu ao impacto e os dois permaneceram juntos por dias aquecendo um ao outro tentando sobreviver, mas a jovem de apenas 20 anos não suportou os ferimentos, o frio e a fome e morreu dias depois. Já Nando, se recuperou pouco a pouco, melhorou fisicamente e foi um dos que mais lutou para que fossem resgatados, escalando as montanhas.
Nando Parrado
Dedicou alguns anos de sua vida ao automobilismo, chegando a disputar um campeonato europeu. Anos depois, deixando as corridas de lado, seguiu carreira como apresentador e produtor de televisão, logo tornando-se famoso por seus discursos motivacionais.
Roberto Canessa
Ele seguiu no esporte e se tornou jogador da Seleção Nacional de Rugby do Uruguai, mas também continuou seus estudos de Medicina e se formou, sendo hoje um respeitado cardiologista infantil. Ele também foi um dos que se arriscou na caminhada pelas montanhas em busca de resgate.
Roy Harley
Depois do resgate e de se recuperar, Roy acabou a faculdade de Engenharia Industrial e trabalhou na área por toda a vida. Se casou e teve duas filhas e um filho – que jogou no mesmo time de rugby.
José Luis Iniciarte
Mais conhecido como “Coche Iniciarte”, foi resgatado quase sem marcas e feridas – mas perdeu muito peso pois tinha muita dificuldade de se alimentar dos restos mortais de seus colegas. Após o resgate, se casou e se tornou um dos maiores produtores de leite do Uruguai. Depois de sofrer de várias enfermidades, faleceu 27 de julho de 2023.
Eduardo Strauch, Daniel Fernández Strauch e Adolfo Strauch
O três eram primos. Eduardo era estudante de Arquitetura na época e um dos mais experientes do grupo, ele e seus primos se tornaram pilares de liderança na “sociedade” organizada que criaram para sobreviver nos Andes – e assumiram a responsabilidade de escolher os corpos e cortá-los para alimentar o grupo.
Eduardo, após o resgate, se tornou um famoso arquiteto em Montevidéu. Em 2012, após 40 anos do acidente, ele publicou o livro “Desde el Silencio”.
Daniel Fernández Strauch se casou, teve três filhos e dirigiu uma empresa ligada à tecnologia. Em 2012 publicou o livro “Regreso desde la montaña”.
Adolfo Strauch, conhecido também como Fito Strauch, era um dos mais velhos do grupo na época do acidente (tinha 24 anos) e era estudante de Agronomia. Ele, além de ajudar os primos com a função da alimentação, também foi quem criou o mecanismo de derreter o gelo para formar água para o grupo. Se formou, casou e vive no campo em sua fazenda de gado.
Gustavo Zerbino
Tal como Canessa, também jogou na Seleção Nacional de Rugby do Uruguai e seguiu ligado ao esporte, se tornando presidente da confederação. Foi também diretor de uma empresa química e esteve à frente de órgãos do setor farmacêutico.
Carlos Páez Rodrigues
Se tornou técnico agrônomo, mas depois trocou de carreira para se dedicar à publicidade.
Na foto, uma réplica de um avião modelo Fairchild FH-227 da Força Aérea Uruguaia, número de registro 571, igual ao envolvido no acidente.
Antonio Vizintín
Também um dos iniciou a escalada final rumo ao resgate – tendo retornado ao “acampamento” no avião para deixar mais suprimentos aos dois colegas. Após ser resgatado, se dedicou ao mundo dos negócios, se tornou empresário na indústria química, além de palestrante.
Javier Methol
Um dos mais velhos entre os sobreviventes, na época do acidente (tinha 36 anos) ele já era casado com Liliana Menthol, que viajava com ele e faleceu em uma das avalanches que abateu os restos do avião. Eles já tinham quatro filhos. Anos depois, ele se casou novamente e teve mais quatro filhos. Faleceu no dia 4 de junho de 2015.
José Pedro Algorta
Concluiu seus estudos em Economia em Buenos Aires e viveu por anos na Argentina trabalhando como diretor de uma fábrica de bebidas e retornou ao Uruguai nos anos 2000, abrindo uma consultoria. Seu amigo Arturo Nogueira viajava com ele no voo 571 e sobreviveu por mais de um mês, mas faleceu não resistindo aos graves ferimentos.
Álvaro Mangino
Não jogava no time, mas tinha vários amigos no grupo pois era vizinho de alguns e viajava para dar um apoio à turma. Na época, tinha apenas 19 anos e era um dos mais jovens. Teve a perna quebrada com o impacto, sendo “colocada no lugar” pelo então estudante de medicina, Canessa. Mesmo com o problema, sobreviveu a todas as adversidades. Viveu muitos anos no Brasil e ao retornar ao Uruguai, abriu uma empresa de ar condicionado.
Roberto “Bobby” François
Tinha 20 anos de idade na época e era um dos jogadores do time de rugby. Ele após o resgate se casou e teve seis filhos. Vive de forma discreta em seu rancho, como produtor agropecuário.
Alfredo Delgado
Hoje é um advogado e se mantém bem discreto sobre sua experiência pessoal no acidente.
Ramón Sabella
Não era do time, era amigo de Bobby e Carlos Páez. Após o acidente, morou muitos anos em Assunção, no Paraguai. Anos depois, voltou a falar sobre o acidente e se tornou palestrante e empresário.