Neve na Cordilheira dos Andes no lado chileno. O avião uruguaio que se acidentou em 1972 ...

Onde exatamente aconteceu o acidente nos Andes do avião uruguaio?

Há mais de 50 anos uma incrível história de sobrevivência atrai olhares de todo mundo para a tragédia do avião uruguaio que se acidentou nos Andes.

Neve na Cordilheira dos Andes no lado chileno. O avião uruguaio que se acidentou em 1972 ficou preso na neve justamente na fronteira entre Chile e Argentina.

Foto de SEBASTIAN GRASSET MEZA
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 5 de jan. de 2024, 11:24 BRT

Uma tragédia que revelou a luta pela sobrevivência se tornou famosa não só na América do Sul, mas mundialmente e que já rendeu a criação de livros, um museu e vários filmes. No dia 13 de outubro de 1972, um avião da Força Aérea do Uruguai fretado por uma equipe escolar de rugby de Montevidéu se dirigia para Santiago, no Chile, quando sofreu um trágico acidente que entrou não só para a história da aviação, foi além. 

Saiba como foi o acidente, o que aconteceu com os passageiros desse fatídico voo e onde exatamente o avião se chocou com as montanhas das Cordilheiras dos Andes.

Como foi o trágico acidente aéreo nos Andes?

equipe escolar de rugby Old Christians Club de Montevidéu, no Uruguai, organizou uma viagem fretando um voo da Força Aérea Uruguaia para um jogo marcado em Santiago, no Chile. No dia 12 de outubro de 197240 passageiros (entre jogadores, treinadores, familiares e torcedores) e cinco tripulantes decolaram do aeroporto de Carrasco rumo à capital chilena, porém o voo 571 nunca chegou ao seu destino final, como conta um amigo de escola dos sobreviventesPablo Vierci, que escreveu o livro biográfico “La sociedad de la nieve”, publicado em 2008. 

A primeira página de um jornal da época da queda do avião é um dos destaques do Museo Andes 1972, instituição dedicada ao acidente localizada em Montevidéo, no Uruguai. 

Foto de Divulgação Museo Andes 1972

A aeronave fretada era um Fairchild FH-227D de duplo motor com apenas quatro anos de idade, pilotada pelo coronel Julio César Ferradas, um experiente piloto da Força Aérea do Uruguai, e pelo copiloto, tenente-coronel Dante Héctor Lagurara. Como explica um artigo da revista História National Geographic da Espanha, as condições climáticas no dia eram ruins, o que forçou os pilotos a mudar o plano de voo e eles tiveram que pousar no aeroporto de Mendoza, na Argentina. No dia seguinte, apesar da previsão do tempo não ter melhorado muito, os dois pilotos decidiram decolar mesmo assim rumo ao Chile. 

Os pilotos estavam voando por instrumentos, embora apenas enormes nuvens fossem visíveis naquele dia. Quando acharam que já haviam ultrapassado os imponentes picos dos Andes, começaram a descer. Só que quando eles recuperaram a visibilidade, perceberam que, na verdade, estavam voando baixo e a poucos metros dos enormes e íngremes picos cobertos de neve das montanhas andinas, conforme explica o artigo da revista National Geographic espanhola.

O avião, então, colidiu com uma montanha das Cordilheiras dos Andes, inicialmente cortando as duas asas e a parte da cauda da aeronave. 

(Você pode se interessar também: Acidente nos Andes: 5 fatos surpreendentes sobre essa história de sobrevivência)

Em que lugar exatamente o avião uruguaio se chocou nas Cordilheiras dos Andes?

cerca de 3.500 metros de altura estão localizadas as montanhas andinas em uma região conhecida como Valle de las Lágrimas, no departamento de Malargüe, que pertence à província de Mendoza, na Argentina. Este é o local exato onde tragicamente colidiu o voo 571 em outubro de 1972. O ponto fica a aproximadamente a 1,2 quilômetros da fronteira entre Argentina e Chile. Até hoje o local é de difícil acesso.

O que os sobreviventes tiveram que fazer para se manterem vivos?

Logo no momento do impacto12 passageiros morreram e, nos dias seguintes, outras 17 pessoas faleceram devido aos sérios ferimentos do acidente, ao frio intenso da região (de cerca de -30ºC) e à falta de comida, como contou Roy Harleyum dos sobreviventes da tragédia, à revista National Geographic espanhola. “Se o inferno existe, eu o experimentei na Cordilheira dos Andes”, falou o sobrevivente. 

situação extrema que os 16 sobreviventes tiveram que lidar nos dias seguintes, sem saber quando (e se) seriam resgatados, dá os tons angustiantes dessa história. O frio extremo, o medo, a dor dos ferimentos, a desorientação, os cadáveres que se acumulavam dentro e fora do avião tudo isso formava o cenário o qual quem estava vivo teve que conviver por mais de dois meses até o resgate.

O que manteve o grupo vivo foi a capacidade de organização deles, que precisaram aprender a coletar água na região e a fazer precários e insuficientes abrigos com o forro dos assentos, como conta o site do Museu Andes 1972, localizado em Montevidéu, criado em homenagem a esses sobreviventes. 

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    Eles criaram uma espécie de sociedade organizada com normas para se manterem vivos em meio aquela situação. Só que a decisão mais complexa que eles tiveram que tomar para sobreviver foi em relação à falta de alimentos, pois estavam num pico nevado sem nenhum animal ou vegetação ao redor. Segundo o artigo da National Geographic da Espanha, eles até chegaram a comer pasta de dente e improvisar um chá com o tabaco dos cigarros, mas a fome crescia muito a cada dia sem serem resgatados. 

    décimo dia após o acidente marcou o ponto de virada na vida desses 16 homens em uma situação tão delicada. Com apenas um objetivo em mente, o da sobrevivência, um deles sugeriu que a única opção viável que restava a eles era o canibalismo, como forma de obter a proteína de que precisavam da carne dos corpos de seus amigos e familiares mortos. E assim, mesmo com dilemas morais e religiosos, eles fizeram um pacto e foram se alimentando dos restos mortais das demais vítimas. O grupo sobreviveu por 72 dias, sendo todos resgatados somente em dezembro de 1972.

    Quem quiser saber mais sobre essa trágica história de sobrevivênciasuperação e amizade, além do livro Pablo Vierci e das produções audiovisuais, é possível visitar o Museu Andes 1972 na cidade de Montevidéu, no Uruguai. Ele foi criado em 2013 para homenagear as 45 pessoas que estiveram no voo 571, por iniciativa de seu fundador, criador e curador Jörg P. A. Thomsen. Lá, o público encontra detalhes do ocorrido, fotos, réplicas de peças e, ainda, objetos originais de algumas das vítimas.

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