O que é feminismo? Descubra a origem do termo e o que ele significa
Uma jovem lê sobre o feminismo negro em uma exposição.
Ainda existe certa confusão em torno da definição do termo feminismo, com informações ora imprecisas, ora complexas demais para explicar seu significado. De uma forma concisa, feminismo é a “crença na igualdade social, econômica e política dos sexos”, como define a Encyclopedia Britannica, plataforma online de ensino e conhecimento com sede no Reino Unido.
Já em seu livro “Breve História do Feminismo”, a antropóloga brasileira Carla Cristina Garcia, mestre e doutora em Ciências Sociais (Antropologia) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), aprofunda a resposta para o que é feminismo explicando que o movimento pode ser definido como “a tomada de consciência das mulheres, como coletivo humano, da opressão, dominação e exploração de que foram e são objeto”. Carla Cristina também é pós-doutorada pelo Instituto Mora, do México, e autora de outros livros sobre a temática.
Segundo ela em seu livro, partindo deste princípio pode-se dizer que “o discurso, a reflexão e a prática feminista carregam também uma ética e uma forma de estar no mundo”, e que isso leva a uma postura diferente por parte das mulheres diante dos fatos que ocorrem na sociedade.
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A capa de um panfleto das sufragistas inglesas: o movimento lutava pelo direto das mulheres ao voto e teve início no começo do século 20 em alguns países do Ocidente como Inglaterra e Estados Unidos.
Qual é a origem do feminismo?
A Britannica explica que a origem do feminismo está localizada principalmente no Ocidente, mas nas épocas antigas e medieval existem poucas evidências do que se chamam “protestos organizados” por mulheres. A plataforma cita, por exemplo, o caso isolado de uma reunião de mulheres romanas, registrada no século 3 a.C., no qual elas bloquearam todas as entradas do Fórum romano em decorrência de uma lei que tentava limitar o uso de “bens caros” por parte delas.
No livro “Breve História do Feminismo”, por sua vez, a antropóloga ressalta que a presença do termo feminismo, mais no sentido como se conhece hoje, foi vista pela primeira vez nos Estados Unidos, por volta de 1911. Segundo a publicação, ele veio ocupar o lugar de expressões tais como “movimento das mulheres” e “problemas de mulheres”, comuns de serem ditas no século 19.
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Uma mulher de uma organização feminista boliviana pinta com spray um ditado que diz: "O Príncipe Encantado não existe, apenas um homem violento".
Tanto a Britannica quanto o livro reforçam que até a época do Renascimento, a ideia presente no senso comum era a de que a desigualdade entre homens e mulheres no que se refere a papéis na sociedade e capacidade intelectual seria, de uma certa forma, algo “natural”. Era comum que a mulher fosse considerada um “ser inferior”, diz a fonte literária, por bispos, teólogos e filósofos, como São Tomás de Aquino, por exemplo.
A plataforma do Reino Unido corrobora essa informação reforçando que, estatisticamente, na maior parte da história ocidental as mulheres foram deixadas fora da vida pública, restritas ao âmbito doméstico, muitas vezes sem ter o direito de estudar ou trabalhar, herdar propriedades, ou mesmo escolher com quem se casariam.
As mudanças sociais propostas pelo feminismo a partir do começo do século 20 (sufrágio universal, direito ao trabalho fora de casa, espaços nas universidades, entre outros) têm ajudado a mudar esse cenário rumo a uma maior igualdade social entre homens e mulheres.